marcelajacob
Talvez eu não queira esquecê-lo. Porque tê-lo em pensamento é melhor que não tê-lo em lugar nenhum. E, caso eu tente me apaixonar por outro cara, tenho medo de conseguir. Porque ele tem se mantido tão distante, tem dado tanta abertura, tem me desejado tão longe, que chega a dar vontade de desistir. Mas eu não desisto. Porque eu gosto de amá-lo. Eu gosto dessa saudade idiota que eu sinto assim que desligo o telefone. Eu gosto daquele pensamento perdido no meio da chuva forte. Eu gosto de sonhar acordada com ele. E mesmo que eu não gostasse, não há como fugir.
No meio da novela surge aquela cena em que o cara pede perdão pra mocinha. E eu me lembro dele. Eu sempre me lembro dele em cenas do tipo. Mas aí me dá uma dor no peito porque eu sei que ele nunca me pedirá perdão. Porque eu sei que, pra ele, eu não faço a mínima ideia do que é sofrimento. Mal sabe ele que eu choro baixinho todas as noites. Mas ele acha que faço drama, charme, atuação. Ele sempre acha que estou exagerando. Ele não aceita o fato de eu amá-lo de um modo ridículo e sofrer com cada ligação mal finalizada. Ele não aceita o fato de eu ter o mundo nas mãos e apenas desejar que ele me considere seu mundo. Deve ser medo.
Ele deve ter medo de se entregar pra alguém como eu. Ele deve ter medo de pessoas que prezam a autossuficiência e a ironia. Mas eu já cansei de dizer que, por ele, eu me torno mais sociável e até mais amável. Já cansei de provar que para ele eu sou a mulher que nenhuma outra pessoa conhece. Eu sou única ao lado dele. Não me mostro para ninguém como me mostro para ele. Não tiro minha capa de arrogância para mais ninguém. Mas ele não quer mais me ver nua – sem capa, sem máscaras, sem mentiras. Ele se cansou de mim, assim como uma pré-adolescente se cansa de suas velhas bonecas.
Eu era quase dependente daquela voz rouca e daquele sorriso amarelado. Quase – digo – porque eu tentava fazer minha autossuficiência se sobressair. Eu tentava lutar contra todos os meus instintos que imploravam pelo seu corpo e pelo seu carinho 24 horas por dia. E ele me rendia. Ele me ganhava. Ele ganhava o jogo da independência. Não era legal – e ainda não é. Ele sempre conseguiu ser feliz sem mim. Nossas brigas nunca refletiam no seu final de semana agitado. Enquanto o meu sempre se resumia em John Mayer, pantufas antiderrapantes e sorvete napolitano.
Mas aí os dias úteis chegavam e era a minha falta que ele sentia. E, boba, eu tirava as pantufas, colocava um salto alto e corria para seus braços. Ele nunca deu valor. E ainda não dá. Por isso que tenho medo de me afastar demais e esquecê-lo. Não que seja fácil, afinal, já tentei dezenas de vezes. Todas em vão - que fique claro. Mas agora é diferente. Está doendo mais que das outras vezes. Ele não só se afastou, como também arranjou outra pequena dos cabelos ondulados e negros, parecidos com os meus. Ele arranjou outras bochechas para morder, outros lábios para beijar, outros pés para brincar, outra silhueta para deslizar as mãos e outra nuca para arrepiar. Ele se esqueceu de mim, me guardou numa caixinha e jogou a chave fora.
Ele me quer presa - eu sinto isso. Mas não me quer presa a ele. É como se eu não pudesse ser de outro alguém, mas também não pudesse ser dele. Só porque ele já se enjoou de mim, só porque ele já se cansou do meu ciúme bobo e das minhas insônias irritantes. Mas eu fugi da caixinha. Ou estou tentando fugir ainda, não sei. Estou conhecendo pessoas novas a fim de viver novos romances e lances e esquentas e qualquer merda que não envolva amor verdadeiro. Porque, querendo ou não, amor mesmo eu só sentirei por ele. Mesmo que trinta ou quarenta anos se passem.
No meio da novela surge aquela cena em que o cara pede perdão pra mocinha. E eu me lembro dele. Eu sempre me lembro dele em cenas do tipo. Mas aí me dá uma dor no peito porque eu sei que ele nunca me pedirá perdão. Porque eu sei que, pra ele, eu não faço a mínima ideia do que é sofrimento. Mal sabe ele que eu choro baixinho todas as noites. Mas ele acha que faço drama, charme, atuação. Ele sempre acha que estou exagerando. Ele não aceita o fato de eu amá-lo de um modo ridículo e sofrer com cada ligação mal finalizada. Ele não aceita o fato de eu ter o mundo nas mãos e apenas desejar que ele me considere seu mundo. Deve ser medo.
Ele deve ter medo de se entregar pra alguém como eu. Ele deve ter medo de pessoas que prezam a autossuficiência e a ironia. Mas eu já cansei de dizer que, por ele, eu me torno mais sociável e até mais amável. Já cansei de provar que para ele eu sou a mulher que nenhuma outra pessoa conhece. Eu sou única ao lado dele. Não me mostro para ninguém como me mostro para ele. Não tiro minha capa de arrogância para mais ninguém. Mas ele não quer mais me ver nua – sem capa, sem máscaras, sem mentiras. Ele se cansou de mim, assim como uma pré-adolescente se cansa de suas velhas bonecas.
Eu era quase dependente daquela voz rouca e daquele sorriso amarelado. Quase – digo – porque eu tentava fazer minha autossuficiência se sobressair. Eu tentava lutar contra todos os meus instintos que imploravam pelo seu corpo e pelo seu carinho 24 horas por dia. E ele me rendia. Ele me ganhava. Ele ganhava o jogo da independência. Não era legal – e ainda não é. Ele sempre conseguiu ser feliz sem mim. Nossas brigas nunca refletiam no seu final de semana agitado. Enquanto o meu sempre se resumia em John Mayer, pantufas antiderrapantes e sorvete napolitano.
Mas aí os dias úteis chegavam e era a minha falta que ele sentia. E, boba, eu tirava as pantufas, colocava um salto alto e corria para seus braços. Ele nunca deu valor. E ainda não dá. Por isso que tenho medo de me afastar demais e esquecê-lo. Não que seja fácil, afinal, já tentei dezenas de vezes. Todas em vão - que fique claro. Mas agora é diferente. Está doendo mais que das outras vezes. Ele não só se afastou, como também arranjou outra pequena dos cabelos ondulados e negros, parecidos com os meus. Ele arranjou outras bochechas para morder, outros lábios para beijar, outros pés para brincar, outra silhueta para deslizar as mãos e outra nuca para arrepiar. Ele se esqueceu de mim, me guardou numa caixinha e jogou a chave fora.
Ele me quer presa - eu sinto isso. Mas não me quer presa a ele. É como se eu não pudesse ser de outro alguém, mas também não pudesse ser dele. Só porque ele já se enjoou de mim, só porque ele já se cansou do meu ciúme bobo e das minhas insônias irritantes. Mas eu fugi da caixinha. Ou estou tentando fugir ainda, não sei. Estou conhecendo pessoas novas a fim de viver novos romances e lances e esquentas e qualquer merda que não envolva amor verdadeiro. Porque, querendo ou não, amor mesmo eu só sentirei por ele. Mesmo que trinta ou quarenta anos se passem.
Sobre John Mayer, pantufas antiderrapantes e sorvete napolitano
15 de mar. de 2015
Talvez eu não queira esquecê-lo. Porque tê-lo em pensamento é melhor que não tê-lo em lugar nenhum. E, caso eu tente me apaixonar por outro cara, tenho medo de conseguir. Porque ele tem se mantido tão distante, tem dado tanta abertura, tem me desejado tão longe, que chega a dar vontade de desistir. Mas eu não desisto. Porque eu gosto de amá-lo. Eu gosto dessa saudade idiota que eu sinto assim que desligo o telefone. Eu gosto daquele pensamento perdido no meio da chuva forte. Eu gosto de sonhar acordada com ele. E mesmo que eu não gostasse, não há como fugir.
No meio da novela surge aquela cena em que o cara pede perdão pra mocinha. E eu me lembro dele. Eu sempre me lembro dele em cenas do tipo. Mas aí me dá uma dor no peito porque eu sei que ele nunca me pedirá perdão. Porque eu sei que, pra ele, eu não faço a mínima ideia do que é sofrimento. Mal sabe ele que eu choro baixinho todas as noites. Mas ele acha que faço drama, charme, atuação. Ele sempre acha que estou exagerando. Ele não aceita o fato de eu amá-lo de um modo ridículo e sofrer com cada ligação mal finalizada. Ele não aceita o fato de eu ter o mundo nas mãos e apenas desejar que ele me considere seu mundo. Deve ser medo.
Ele deve ter medo de se entregar pra alguém como eu. Ele deve ter medo de pessoas que prezam a autossuficiência e a ironia. Mas eu já cansei de dizer que, por ele, eu me torno mais sociável e até mais amável. Já cansei de provar que para ele eu sou a mulher que nenhuma outra pessoa conhece. Eu sou única ao lado dele. Não me mostro para ninguém como me mostro para ele. Não tiro minha capa de arrogância para mais ninguém. Mas ele não quer mais me ver nua – sem capa, sem máscaras, sem mentiras. Ele se cansou de mim, assim como uma pré-adolescente se cansa de suas velhas bonecas.
Eu era quase dependente daquela voz rouca e daquele sorriso amarelado. Quase – digo – porque eu tentava fazer minha autossuficiência se sobressair. Eu tentava lutar contra todos os meus instintos que imploravam pelo seu corpo e pelo seu carinho 24 horas por dia. E ele me rendia. Ele me ganhava. Ele ganhava o jogo da independência. Não era legal – e ainda não é. Ele sempre conseguiu ser feliz sem mim. Nossas brigas nunca refletiam no seu final de semana agitado. Enquanto o meu sempre se resumia em John Mayer, pantufas antiderrapantes e sorvete napolitano.
Mas aí os dias úteis chegavam e era a minha falta que ele sentia. E, boba, eu tirava as pantufas, colocava um salto alto e corria para seus braços. Ele nunca deu valor. E ainda não dá. Por isso que tenho medo de me afastar demais e esquecê-lo. Não que seja fácil, afinal, já tentei dezenas de vezes. Todas em vão - que fique claro. Mas agora é diferente. Está doendo mais que das outras vezes. Ele não só se afastou, como também arranjou outra pequena dos cabelos ondulados e negros, parecidos com os meus. Ele arranjou outras bochechas para morder, outros lábios para beijar, outros pés para brincar, outra silhueta para deslizar as mãos e outra nuca para arrepiar. Ele se esqueceu de mim, me guardou numa caixinha e jogou a chave fora.
Ele me quer presa - eu sinto isso. Mas não me quer presa a ele. É como se eu não pudesse ser de outro alguém, mas também não pudesse ser dele. Só porque ele já se enjoou de mim, só porque ele já se cansou do meu ciúme bobo e das minhas insônias irritantes. Mas eu fugi da caixinha. Ou estou tentando fugir ainda, não sei. Estou conhecendo pessoas novas a fim de viver novos romances e lances e esquentas e qualquer merda que não envolva amor verdadeiro. Porque, querendo ou não, amor mesmo eu só sentirei por ele. Mesmo que trinta ou quarenta anos se passem.
No meio da novela surge aquela cena em que o cara pede perdão pra mocinha. E eu me lembro dele. Eu sempre me lembro dele em cenas do tipo. Mas aí me dá uma dor no peito porque eu sei que ele nunca me pedirá perdão. Porque eu sei que, pra ele, eu não faço a mínima ideia do que é sofrimento. Mal sabe ele que eu choro baixinho todas as noites. Mas ele acha que faço drama, charme, atuação. Ele sempre acha que estou exagerando. Ele não aceita o fato de eu amá-lo de um modo ridículo e sofrer com cada ligação mal finalizada. Ele não aceita o fato de eu ter o mundo nas mãos e apenas desejar que ele me considere seu mundo. Deve ser medo.
Ele deve ter medo de se entregar pra alguém como eu. Ele deve ter medo de pessoas que prezam a autossuficiência e a ironia. Mas eu já cansei de dizer que, por ele, eu me torno mais sociável e até mais amável. Já cansei de provar que para ele eu sou a mulher que nenhuma outra pessoa conhece. Eu sou única ao lado dele. Não me mostro para ninguém como me mostro para ele. Não tiro minha capa de arrogância para mais ninguém. Mas ele não quer mais me ver nua – sem capa, sem máscaras, sem mentiras. Ele se cansou de mim, assim como uma pré-adolescente se cansa de suas velhas bonecas.
Eu era quase dependente daquela voz rouca e daquele sorriso amarelado. Quase – digo – porque eu tentava fazer minha autossuficiência se sobressair. Eu tentava lutar contra todos os meus instintos que imploravam pelo seu corpo e pelo seu carinho 24 horas por dia. E ele me rendia. Ele me ganhava. Ele ganhava o jogo da independência. Não era legal – e ainda não é. Ele sempre conseguiu ser feliz sem mim. Nossas brigas nunca refletiam no seu final de semana agitado. Enquanto o meu sempre se resumia em John Mayer, pantufas antiderrapantes e sorvete napolitano.
Mas aí os dias úteis chegavam e era a minha falta que ele sentia. E, boba, eu tirava as pantufas, colocava um salto alto e corria para seus braços. Ele nunca deu valor. E ainda não dá. Por isso que tenho medo de me afastar demais e esquecê-lo. Não que seja fácil, afinal, já tentei dezenas de vezes. Todas em vão - que fique claro. Mas agora é diferente. Está doendo mais que das outras vezes. Ele não só se afastou, como também arranjou outra pequena dos cabelos ondulados e negros, parecidos com os meus. Ele arranjou outras bochechas para morder, outros lábios para beijar, outros pés para brincar, outra silhueta para deslizar as mãos e outra nuca para arrepiar. Ele se esqueceu de mim, me guardou numa caixinha e jogou a chave fora.
Ele me quer presa - eu sinto isso. Mas não me quer presa a ele. É como se eu não pudesse ser de outro alguém, mas também não pudesse ser dele. Só porque ele já se enjoou de mim, só porque ele já se cansou do meu ciúme bobo e das minhas insônias irritantes. Mas eu fugi da caixinha. Ou estou tentando fugir ainda, não sei. Estou conhecendo pessoas novas a fim de viver novos romances e lances e esquentas e qualquer merda que não envolva amor verdadeiro. Porque, querendo ou não, amor mesmo eu só sentirei por ele. Mesmo que trinta ou quarenta anos se passem.
Eu sempre aprendi que qualquer dor era passageira, que bastava um pouquinho de esforço para que tudo voltasse ao normal. Eu vi minha irmã sofrendo pelo seu vulgo amor aos quinze anos e minha mãe dizendo baixinho “calma, vai passar”. Depois eu vi minha irmã sofrendo por amor, novamente, aos vinte, e ela mesma afirmou: “Se já passou uma vez, não tem motivos pra não passar agora”. E com o decorrer do tempo, passou também. Não posso julgar a intensidade desses amores, mas o fato é que eles pararam de doer, eles deixaram de existir.
Conforme fui crescendo, acompanhei outros términos de terceiros e até fatalidades como a morte. E o único discurso decorado que todos tinham era: Tudo passa. Porém, em contramão, eu via em novelas e filmes que uma das pessoas fazia de tudo para que o relacionamento desse certo. E então, se tudo realmente passa, pra que insistir numa dor de amor? Pra que tentar fazer dar certo? - Eu sempre me perguntava isso, porque achava realmente que todas as dores de amor eram passageiras. Até que conheci você. Desde então, tudo mudou de figura. Eu não sei explicar muito bem o porquê da insistência, mas talvez, simplesmente, seja porque alguns amores nunca morrem.
Eu me lembro exatamente de como você chegou em minha vida. Era um sábado à noite, o frio era meu mais fiel aliado e eu não queria nada que não envolvesse ficar na cama, vendo os mesmos filmes de sempre, nas mesmas companhias de sempre e com a minha velha caneca de café. Mas alguma coisa me puxou até aquela festa. Alguma coisa fez com que eu pagasse pra ver o que aquele sábado tinha a me oferecer. Então eu fui. E ele me ofereceu você.
Encostado na parede com a bebida na mão, eu te vi sorrindo olhando em minha direção. No momento pareceu que eu estava imaginando coisas porque eu queria, desde aquele momento, mais que tudo no mundo, que você sorrisse pra mim e por mim. E foi exatamente isso que você fez. Você sorriu de um jeito leve que me fez sorrir também, acendeu um cigarro e colocou um dos pés na parede, tentando manter uma marra inexistente. E foi ali que eu me apaixonei. Desde aquele momento eu estava entregue a você, antes mesmo de você se aproximar, jogar a fumaça para o sentido da brisa e perguntar meu nome. Antes mesmo daquele beijo, duas semanas após a festa, eu já estava completamente entregue a você.
Não sei ao certo se foi o seu jeans justo às coxas, seu moletom com o dobro do seu tamanho, o seu cabelo perfeitamente desarrumado, o cheiro forte do seu perfume, a sua voz incrivelmente rouca ou o seu irritante hábito de fumar, mas algo fez com que eu quisesse cuidar de você. Para sempre. Algo despertou uma vontade antes nunca sentida. Algo incontrolável. Eu senti vontade de te levar pra casa e me apaixonar ainda mais por você, dia após dia. Eu senti vontade de te explicar o porquê do seu sorriso de canto me deixar tão sem ar, sem rumo. Eu senti vontade de te apresentar aos meus amigos e de dividir a minha história contigo. Eu senti vontade, desde aquele momento, de ter uma história contigo.
Passaram-se sete anos desde aquela festa e eu ainda sou apaixonada por você. Por mais que as pessoas já não percebam e que, realmente, a dor tenha diminuído, você ainda mora em mim. Não deixou seu lugar vago nenhum diazinho sequer nesses sete anos. Você inundou minha vida, me transbordou de felicidade durante quase quatro anos e, sem aviso prévio, partiu. Sem que eu pudesse preparar um café de despedida ou tramar bons argumentos para te fazer ficar. Após quase quatro anos sendo aquilo que nunca planejei, mas ocultamente sempre desejei, você tornou-se alguém irreconhecível. Fechou a porta com brutalidade alegando não aguentar mais. Alegando sufocar-se com tanto amor. E soltou, em meio ao choro – nervoso, porém não agoniado como o meu – apenas uma frase de efeito que ecoa em mim até hoje: “Eu te amo, mas não sou mais apaixonado por você.”
Eu já tinha ouvido coisas terríveis em toda a minha vida, mas nada nunca havia me machucado tanto. Foi a coisa mais dolorosa e mais poética que já ouvi. Porque tudo em você era poético. Até o seu mascar de chiclete me inspirava a escrever. O seu jeito despretensioso de andar, sua forma de ter sempre um cigarro ao alcance das mãos e até a cara de deboche que fazia ao ser avisado por mim de que o sapato estava desamarrado. Tudo em você me inspirava. Tudo em você me prendia, me amarrava. Você era mais poesia que homem em si, mesmo sempre reclamando das minhas poesias escritas em papel de pão para o seu café da manhã. Você era mais poético que todas as paisagens que já me inspirei na vida. Mais poético que os dias de chuva e que as músicas tristes. Você era mais poético que as poesias que eu escrevia.
Eu sinto falta de você. Eu sinto de nós e até do maldito cheiro de nicotina que eu tanto reclamava. Você bateu a porta naquela quarta-feira sem ao menos deixar com que seu cheiro se desprendesse da minha cama. Você desistiu de nós sem, sequer, me explicar se não tinha nada mesmo que eu pudesse fazer para te impedir de ir embora. Você arrumou suas coisas, pela primeira vez em quase quatro anos, sozinho. Você ficava tão perdido ao fazer a mala para visitar o seu avô no interior e sempre me pedia ajuda. Mas dessa vez você conseguiu fazer com que tudo coubesse sem a minha ajuda. Eu me lembro de como você me colocava sentada na mala, pedindo pra eu te ajudar a fechá-la. E depois me virava na cama e ali, em meio à luz do sol, transformava meu corpo no seu. Fazia com que nada mais importasse além da sua respiração ofegante em meu ouvido.
Talvez eu devesse ter demonstrado menos, ou então não devesse ter afagado seus cabelos negros até seu sono – porque ali, eu achava que você também precisava de mim o mesmo tanto que eu precisava de você. Talvez eu não devesse ter te contado que eu nunca tinha me envolvido daquele jeito com ninguém ou, vai ver, quase quatro anos ainda fosse pouco tempo pra eu ter te confessado que imaginava a nossa futura filha com seus olhos. Talvez eu tenha me precipitado, mas você já estava tão incluso na minha rotina. Porra, você já havia se tornado a minha rotina. A personificação perfeita dela. E eu achei que pudesse confiar em você para te contar tudo que sonhava ao lado do homem que mais amei na vida. Mas, por um deslize do destino, nós dois não nos amamos na mesma sintonia.
Como diria naquele filme que sempre assistíamos enquanto você secava minhas lágrimas por conta do final trágico que eu já havia até decorado: “Dizem que um dos dois sempre ama mais. Meu Deus, quem dera não fosse eu!” - e foi exatamente assim que aconteceu. Nós nos amamos em intensidades diferentes, de modos absurdamente distantes. Você amava meu cheiro de roupa limpa e o colo que eu despunha para que deitasse quando nada mais fazia sentido em sua vida. Eu amava quando você parecia não ser mais querido por nenhuma outra pessoa no mundo. Você me amava quando eu era a única luz no fim do seu túnel, quando o seu cigarro já não mais servia de refúgio. Eu te amava quando você abria a porta numa tentativa falha de não fazer barulho, amava quando você sorria sem jeito ao ser pego bebendo água na cozinha às 3h42 da manhã – como se a minha casa ainda não fosse a sua casa. Você me amava quando estávamos a sós, quando éramos apenas nós mesmos: sem capas ou preocupações. Já eu, te amava com o olhar tenso pela entrevista de emprego mal sucedida ou pela gargalhada de vitória ao conseguir expôr seus quadros para aquela famosa galeria da capital. Eu amava você tanto nos dias de sol, como nos de chuva. E, tolamente, eu ainda amo você.
Por isso, reafirmo que alguns amores, por mais que vários anos se passem, nunca morrem. Há mais de três anos que você partiu e a dor incômoda da perda sem motivo aparente ainda se faz presente. Na época todos disseram que passaria. Que era só um amor juvenil e que todo mundo esquece esse tipo de coisa. Mas acontece que não passou. A sua ausência ainda me atormenta. Chegar em casa e não encontrar seu tênis jogado em qualquer canto ainda abre um vazio em meu peito. Não sentir aquele cheiro de cigarro barato ainda me faz cair no choro. E olha que tentei. Por Deus, eu tentei de tudo. Da reconquista ao esquecimento. Eu inventei métodos e mirabolei planos, mas nada te trouxe pra dentro da minha casa ou te tirou de dentro do meu peito. Olha o tamanho da contradição: você nunca esteve tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Tão fora do meu alcance e tão dentro de mim.
Então, eu te imploro: passe por aqui, nem que seja só pra uma visita. Passe e se arranque do meu peito, faça o trabalho árduo que ainda não consegui realizar. Ou, cê que sabe, eu prefiro que passe e tente ficar só mais alguns dias. Tente se acomodar novamente no afago das minhas mãos trêmulas e ansiosas pelo seu retorno, tente se aconchegar no meu peito e não desgrudar mais. Porque, como já cansei de explicar: pode ser que meu amor por você nunca morra.
Porque alguns amores nunca morrem
8 de mar. de 2015
Eu sempre aprendi que qualquer dor era passageira, que bastava um pouquinho de esforço para que tudo voltasse ao normal. Eu vi minha irmã sofrendo pelo seu vulgo amor aos quinze anos e minha mãe dizendo baixinho “calma, vai passar”. Depois eu vi minha irmã sofrendo por amor, novamente, aos vinte, e ela mesma afirmou: “Se já passou uma vez, não tem motivos pra não passar agora”. E com o decorrer do tempo, passou também. Não posso julgar a intensidade desses amores, mas o fato é que eles pararam de doer, eles deixaram de existir.
Conforme fui crescendo, acompanhei outros términos de terceiros e até fatalidades como a morte. E o único discurso decorado que todos tinham era: Tudo passa. Porém, em contramão, eu via em novelas e filmes que uma das pessoas fazia de tudo para que o relacionamento desse certo. E então, se tudo realmente passa, pra que insistir numa dor de amor? Pra que tentar fazer dar certo? - Eu sempre me perguntava isso, porque achava realmente que todas as dores de amor eram passageiras. Até que conheci você. Desde então, tudo mudou de figura. Eu não sei explicar muito bem o porquê da insistência, mas talvez, simplesmente, seja porque alguns amores nunca morrem.
Eu me lembro exatamente de como você chegou em minha vida. Era um sábado à noite, o frio era meu mais fiel aliado e eu não queria nada que não envolvesse ficar na cama, vendo os mesmos filmes de sempre, nas mesmas companhias de sempre e com a minha velha caneca de café. Mas alguma coisa me puxou até aquela festa. Alguma coisa fez com que eu pagasse pra ver o que aquele sábado tinha a me oferecer. Então eu fui. E ele me ofereceu você.
Encostado na parede com a bebida na mão, eu te vi sorrindo olhando em minha direção. No momento pareceu que eu estava imaginando coisas porque eu queria, desde aquele momento, mais que tudo no mundo, que você sorrisse pra mim e por mim. E foi exatamente isso que você fez. Você sorriu de um jeito leve que me fez sorrir também, acendeu um cigarro e colocou um dos pés na parede, tentando manter uma marra inexistente. E foi ali que eu me apaixonei. Desde aquele momento eu estava entregue a você, antes mesmo de você se aproximar, jogar a fumaça para o sentido da brisa e perguntar meu nome. Antes mesmo daquele beijo, duas semanas após a festa, eu já estava completamente entregue a você.
Não sei ao certo se foi o seu jeans justo às coxas, seu moletom com o dobro do seu tamanho, o seu cabelo perfeitamente desarrumado, o cheiro forte do seu perfume, a sua voz incrivelmente rouca ou o seu irritante hábito de fumar, mas algo fez com que eu quisesse cuidar de você. Para sempre. Algo despertou uma vontade antes nunca sentida. Algo incontrolável. Eu senti vontade de te levar pra casa e me apaixonar ainda mais por você, dia após dia. Eu senti vontade de te explicar o porquê do seu sorriso de canto me deixar tão sem ar, sem rumo. Eu senti vontade de te apresentar aos meus amigos e de dividir a minha história contigo. Eu senti vontade, desde aquele momento, de ter uma história contigo.
Passaram-se sete anos desde aquela festa e eu ainda sou apaixonada por você. Por mais que as pessoas já não percebam e que, realmente, a dor tenha diminuído, você ainda mora em mim. Não deixou seu lugar vago nenhum diazinho sequer nesses sete anos. Você inundou minha vida, me transbordou de felicidade durante quase quatro anos e, sem aviso prévio, partiu. Sem que eu pudesse preparar um café de despedida ou tramar bons argumentos para te fazer ficar. Após quase quatro anos sendo aquilo que nunca planejei, mas ocultamente sempre desejei, você tornou-se alguém irreconhecível. Fechou a porta com brutalidade alegando não aguentar mais. Alegando sufocar-se com tanto amor. E soltou, em meio ao choro – nervoso, porém não agoniado como o meu – apenas uma frase de efeito que ecoa em mim até hoje: “Eu te amo, mas não sou mais apaixonado por você.”
Eu já tinha ouvido coisas terríveis em toda a minha vida, mas nada nunca havia me machucado tanto. Foi a coisa mais dolorosa e mais poética que já ouvi. Porque tudo em você era poético. Até o seu mascar de chiclete me inspirava a escrever. O seu jeito despretensioso de andar, sua forma de ter sempre um cigarro ao alcance das mãos e até a cara de deboche que fazia ao ser avisado por mim de que o sapato estava desamarrado. Tudo em você me inspirava. Tudo em você me prendia, me amarrava. Você era mais poesia que homem em si, mesmo sempre reclamando das minhas poesias escritas em papel de pão para o seu café da manhã. Você era mais poético que todas as paisagens que já me inspirei na vida. Mais poético que os dias de chuva e que as músicas tristes. Você era mais poético que as poesias que eu escrevia.
Eu sinto falta de você. Eu sinto de nós e até do maldito cheiro de nicotina que eu tanto reclamava. Você bateu a porta naquela quarta-feira sem ao menos deixar com que seu cheiro se desprendesse da minha cama. Você desistiu de nós sem, sequer, me explicar se não tinha nada mesmo que eu pudesse fazer para te impedir de ir embora. Você arrumou suas coisas, pela primeira vez em quase quatro anos, sozinho. Você ficava tão perdido ao fazer a mala para visitar o seu avô no interior e sempre me pedia ajuda. Mas dessa vez você conseguiu fazer com que tudo coubesse sem a minha ajuda. Eu me lembro de como você me colocava sentada na mala, pedindo pra eu te ajudar a fechá-la. E depois me virava na cama e ali, em meio à luz do sol, transformava meu corpo no seu. Fazia com que nada mais importasse além da sua respiração ofegante em meu ouvido.
Talvez eu devesse ter demonstrado menos, ou então não devesse ter afagado seus cabelos negros até seu sono – porque ali, eu achava que você também precisava de mim o mesmo tanto que eu precisava de você. Talvez eu não devesse ter te contado que eu nunca tinha me envolvido daquele jeito com ninguém ou, vai ver, quase quatro anos ainda fosse pouco tempo pra eu ter te confessado que imaginava a nossa futura filha com seus olhos. Talvez eu tenha me precipitado, mas você já estava tão incluso na minha rotina. Porra, você já havia se tornado a minha rotina. A personificação perfeita dela. E eu achei que pudesse confiar em você para te contar tudo que sonhava ao lado do homem que mais amei na vida. Mas, por um deslize do destino, nós dois não nos amamos na mesma sintonia.
Como diria naquele filme que sempre assistíamos enquanto você secava minhas lágrimas por conta do final trágico que eu já havia até decorado: “Dizem que um dos dois sempre ama mais. Meu Deus, quem dera não fosse eu!” - e foi exatamente assim que aconteceu. Nós nos amamos em intensidades diferentes, de modos absurdamente distantes. Você amava meu cheiro de roupa limpa e o colo que eu despunha para que deitasse quando nada mais fazia sentido em sua vida. Eu amava quando você parecia não ser mais querido por nenhuma outra pessoa no mundo. Você me amava quando eu era a única luz no fim do seu túnel, quando o seu cigarro já não mais servia de refúgio. Eu te amava quando você abria a porta numa tentativa falha de não fazer barulho, amava quando você sorria sem jeito ao ser pego bebendo água na cozinha às 3h42 da manhã – como se a minha casa ainda não fosse a sua casa. Você me amava quando estávamos a sós, quando éramos apenas nós mesmos: sem capas ou preocupações. Já eu, te amava com o olhar tenso pela entrevista de emprego mal sucedida ou pela gargalhada de vitória ao conseguir expôr seus quadros para aquela famosa galeria da capital. Eu amava você tanto nos dias de sol, como nos de chuva. E, tolamente, eu ainda amo você.
Por isso, reafirmo que alguns amores, por mais que vários anos se passem, nunca morrem. Há mais de três anos que você partiu e a dor incômoda da perda sem motivo aparente ainda se faz presente. Na época todos disseram que passaria. Que era só um amor juvenil e que todo mundo esquece esse tipo de coisa. Mas acontece que não passou. A sua ausência ainda me atormenta. Chegar em casa e não encontrar seu tênis jogado em qualquer canto ainda abre um vazio em meu peito. Não sentir aquele cheiro de cigarro barato ainda me faz cair no choro. E olha que tentei. Por Deus, eu tentei de tudo. Da reconquista ao esquecimento. Eu inventei métodos e mirabolei planos, mas nada te trouxe pra dentro da minha casa ou te tirou de dentro do meu peito. Olha o tamanho da contradição: você nunca esteve tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Tão fora do meu alcance e tão dentro de mim.
Então, eu te imploro: passe por aqui, nem que seja só pra uma visita. Passe e se arranque do meu peito, faça o trabalho árduo que ainda não consegui realizar. Ou, cê que sabe, eu prefiro que passe e tente ficar só mais alguns dias. Tente se acomodar novamente no afago das minhas mãos trêmulas e ansiosas pelo seu retorno, tente se aconchegar no meu peito e não desgrudar mais. Porque, como já cansei de explicar: pode ser que meu amor por você nunca morra.
Amores acabam. Não sei dizer se são os grandes, os médios ou os medíocres amores, mas eles acabam. Não todos – e muito menos a maioria, assim espero. Mas, de repente, aquela pessoa que era o seu mundo torna-se apenas uma pessoa em seu mundo – isso se você der sorte. Na maioria dos casos, a pessoa que era o seu mundo deixa de habitar qualquer coisa que te rodeie, que te cerque. A pessoa que você costumava valorizar mais que a própria vida torna-se uma mera conhecida, e olhe lá.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
Quando tudo acaba
1 de mar. de 2015
Amores acabam. Não sei dizer se são os grandes, os médios ou os medíocres amores, mas eles acabam. Não todos – e muito menos a maioria, assim espero. Mas, de repente, aquela pessoa que era o seu mundo torna-se apenas uma pessoa em seu mundo – isso se você der sorte. Na maioria dos casos, a pessoa que era o seu mundo deixa de habitar qualquer coisa que te rodeie, que te cerque. A pessoa que você costumava valorizar mais que a própria vida torna-se uma mera conhecida, e olhe lá.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
Acordei. Finalmente acordei daquela minha fantasia de dois anos atrás. Parei de pensar que o mundo todo gira em torno do meu umbigo e que ela seria incapaz de me abandonar. Sei que já é tarde para me desculpar, ela está feliz e fazendo você feliz - mesmo que eu não me importe com a sua felicidade. Porém eu estou aqui, em meio à lágrimas, querendo ter de volta aquela vida simples que eu tinha com ela. Não se altere, eu não tentarei roubá-la de você. E mesmo se eu tentasse, ela nunca sairia dos seus braços, infelizmente.
Eu a machuquei muito e, mesmo querendo negar, fico feliz por ela ter encontrado um cara como você. Se eu pudesse, juro que mudaria muita coisa. Eu fui um verdadeiro idiota com ela, admito. Eu não soube dar valor, pois achei que, mesmo sofrendo, ela continuaria sendo minha. Eu estou muito arrependido, mas sei que isso já não importa a nenhum de vocês dois. Eu já não importo a ela. E, mesmo não parecendo, estou aqui para pedir que você a faça feliz de um modo que eu nunca consegui fazer. Com meu jeito todo errado e egocêntrico, eu sempre me importei mais comigo que com ela. Então, por favor, não cometa o mesmo erro. Ela é a mulher mais maravilhosa que eu já conheci, então não a perca. Não a deixe escapar de suas mãos, pois você pode acabar como eu.
Esses dias liguei e deu caixa postal. Liguei novamente e ela me atendeu nervosa. Ela disse que você é o homem da vida dela e pediu para que eu a deixasse em paz. Cara, você é um homem de sorte! Dê valor a isso, eu te imploro. Não quero que você me veja como ameaça, pois mesmo amando-a muito, prefiro ela feliz contigo do que infeliz comigo. Não sou cego, vejo que ela nunca sorriu para mim do modo que sorri para você. Porém, não se engane. Foi amor, sim, o que ela sentiu por mim. Pode ter acabado, mas existiu.
Dizem por aí que quando o amor é verdadeiro, não acaba. Pois, digo aqui nesta carta, que é mentira. O amor é frágil. Imagine um vaso de vidro, porém muito resistente, lindo e raro. Agora imagine que todos os dias você o jogue na parede e ria, se vanglorie por ele não ter quebrado. Imagine que todos os dias um novo arranhão surja nesse vaso, até que ele trinque. Porém, você não parará de jogá-lo de na parede e, um certo dia, ele irá se partir em centenas de cacos. E tais cacos nunca mais voltarão a ser um vaso lindo, resistente e raro. Foi assim com o amor que ela me ofereceu. Eu maltratei, pisei e até troquei por outro. Ela foi resistente, o amor dela foi resistente, e não queriam me abandonar. Ela fez de tudo para que eu a notasse. Fez de tudo para que eu desistisse de outras mulheres e fosse somente dela. Ela se submeteu a ser minha enquanto eu era de outra. E, sempre em meio ao choro, ela dizia que sentia vergonha por me amar tanto ao ponto de deixar de ter amor próprio. Mas ela - e o amor que era meu - se cansaram de mim. E o pior é que me vejo obrigado a entender o lado dela. Eu fui um completo estúpido, mimado e imbecil. Ela tentou por dezenas de tentativas vãs me mostrar que me amava e eu a esnobei. Por favor, não cometa nem um terço dos erros que ousei cometer, eu te peço.
Ela é especial, num sentido ótimo. Ela é a mulher que todo cara sonha em ter, mesmo que poucos saibam. Ela nunca te deixará para baixo, ela sempre tentará botar um sorriso em seu rosto. Ela dará aquela linda gargalhada quando sua piada for boa, e sorrirá ironicamente quando sua piada for péssima. Ela te beijará e conseguirá te acalmar quando nada mais parecer funcionar em sua vida. Ela será sua maior companheira, sua mais fiel aliada, sua amiga de todas as horas. Não faça como eu, não perca tempo querendo ter várias mulheres enquanto a que mais te fará feliz encontra-se jogada no sofá chorando por você. Se ela chorar, abrace-a e beije-a em meio às lágrimas. Se ela disser que tudo está acabado, segure o braço dela. Não a deixe ir embora jamais. Não abra a porta e convide-a a se retirar, pois ela pode não voltar nunca mais. Eu a conheço, talvez não melhor que você, mas a conheço muito bem. Quando ela sente ciúmes, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica nervosa, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica triste, seus olhos, para variar, ficam úmidos. Por Deus, nunca ache que isso é drama barato ou uma simples besteira. Pois isso é sentimento. E sentimento, é o que ela tem de sobra, por isso que transborda pelos olhos. Nunca faça com que ela pense ser só mais uma para você, nunca se esqueça do aniversário dela e nunca a ouça quando ela tentar parecer durona e dizer que flores não são românticas. Ela ama flores, porém sempre tenta negar. Assim como ela também ama ursos de pelúcia, cartas e chocolate. Ela é viciada em chocolate, animais e Tati Bernardi. Ela também ama escrever, você já deve ter notado. Uma dica: nunca elogie demais seus textos. Ela gosta de críticas, gosta de saber onde errou e o que deve melhorar, mesmo que, na maioria das vezes, seus textos são perfeitos e não há melhoria a ser feita. Nunca se engane, ela não é tão frágil quanto aparenta. Ela aguenta batalhas mentais sorrindo que nem eu, e nem você, aguentaríamos aos berros. Ela é forte, porém também é sensível. Pode mimá-la, ela adora que façam isso. Ela adora se sentir princesa daquele que ela considera seu príncipe. Cara, eu tenho inveja de você. Pois, agora, você é quem é o príncipe da minha princesa.
E eu não quero causar brigas, juro. Só te escrevi essa carta para que você tome conta dela por mim. Nunca desista do relacionamento de vocês, é sério. Você jamais encontrará alguém tão especial quanto ela. Sabe, ela tem um jeito que encanta qualquer um que se aproxime. Sua primeira impressão sobre ela pode não ter sido boa. Uma menina de óculos, com gosto musical considerado antigo e roupas não tão atraentes. Mas ela pode se transformar na mulher mais linda do mundo quando tira a sombra preta dos olhos e fica de rosto limpo, pijamas e pantufas, toda indefesa. Eu a amo, e você terá que conviver com essa ideia. Eu sei que é foda saber que outro cara ama sua mulher, mas eu não tenho culpa. A culpa é toda dela por ter sido tão especial.
Hoje choro por ter deixado com que ela escapasse de meus dedos, saísse correndo da minha casa dizendo que nunca voltaria. Eu achei que fosse apenas mais uma de suas crises. Eu achei que no dia seguinte ela voltaria dizendo que não consegue viver sem mim. Mas a minha menina - que agora é sua - cresceu. Ela se deu valor e fez com que, assim, eu também desse valor a ela. Pena que quando passei a valorizá-la e demonstrar todo meu amor, já era tarde demais. Sejam felizes, de coração.
— Um abraço daquele que já esteve no seu lugar e hoje te inveja.
Ela merece todo o amor que eu não soube oferecer
15 de fev. de 2015
Acordei. Finalmente acordei daquela minha fantasia de dois anos atrás. Parei de pensar que o mundo todo gira em torno do meu umbigo e que ela seria incapaz de me abandonar. Sei que já é tarde para me desculpar, ela está feliz e fazendo você feliz - mesmo que eu não me importe com a sua felicidade. Porém eu estou aqui, em meio à lágrimas, querendo ter de volta aquela vida simples que eu tinha com ela. Não se altere, eu não tentarei roubá-la de você. E mesmo se eu tentasse, ela nunca sairia dos seus braços, infelizmente.
Eu a machuquei muito e, mesmo querendo negar, fico feliz por ela ter encontrado um cara como você. Se eu pudesse, juro que mudaria muita coisa. Eu fui um verdadeiro idiota com ela, admito. Eu não soube dar valor, pois achei que, mesmo sofrendo, ela continuaria sendo minha. Eu estou muito arrependido, mas sei que isso já não importa a nenhum de vocês dois. Eu já não importo a ela. E, mesmo não parecendo, estou aqui para pedir que você a faça feliz de um modo que eu nunca consegui fazer. Com meu jeito todo errado e egocêntrico, eu sempre me importei mais comigo que com ela. Então, por favor, não cometa o mesmo erro. Ela é a mulher mais maravilhosa que eu já conheci, então não a perca. Não a deixe escapar de suas mãos, pois você pode acabar como eu.
Esses dias liguei e deu caixa postal. Liguei novamente e ela me atendeu nervosa. Ela disse que você é o homem da vida dela e pediu para que eu a deixasse em paz. Cara, você é um homem de sorte! Dê valor a isso, eu te imploro. Não quero que você me veja como ameaça, pois mesmo amando-a muito, prefiro ela feliz contigo do que infeliz comigo. Não sou cego, vejo que ela nunca sorriu para mim do modo que sorri para você. Porém, não se engane. Foi amor, sim, o que ela sentiu por mim. Pode ter acabado, mas existiu.
Dizem por aí que quando o amor é verdadeiro, não acaba. Pois, digo aqui nesta carta, que é mentira. O amor é frágil. Imagine um vaso de vidro, porém muito resistente, lindo e raro. Agora imagine que todos os dias você o jogue na parede e ria, se vanglorie por ele não ter quebrado. Imagine que todos os dias um novo arranhão surja nesse vaso, até que ele trinque. Porém, você não parará de jogá-lo de na parede e, um certo dia, ele irá se partir em centenas de cacos. E tais cacos nunca mais voltarão a ser um vaso lindo, resistente e raro. Foi assim com o amor que ela me ofereceu. Eu maltratei, pisei e até troquei por outro. Ela foi resistente, o amor dela foi resistente, e não queriam me abandonar. Ela fez de tudo para que eu a notasse. Fez de tudo para que eu desistisse de outras mulheres e fosse somente dela. Ela se submeteu a ser minha enquanto eu era de outra. E, sempre em meio ao choro, ela dizia que sentia vergonha por me amar tanto ao ponto de deixar de ter amor próprio. Mas ela - e o amor que era meu - se cansaram de mim. E o pior é que me vejo obrigado a entender o lado dela. Eu fui um completo estúpido, mimado e imbecil. Ela tentou por dezenas de tentativas vãs me mostrar que me amava e eu a esnobei. Por favor, não cometa nem um terço dos erros que ousei cometer, eu te peço.
Ela é especial, num sentido ótimo. Ela é a mulher que todo cara sonha em ter, mesmo que poucos saibam. Ela nunca te deixará para baixo, ela sempre tentará botar um sorriso em seu rosto. Ela dará aquela linda gargalhada quando sua piada for boa, e sorrirá ironicamente quando sua piada for péssima. Ela te beijará e conseguirá te acalmar quando nada mais parecer funcionar em sua vida. Ela será sua maior companheira, sua mais fiel aliada, sua amiga de todas as horas. Não faça como eu, não perca tempo querendo ter várias mulheres enquanto a que mais te fará feliz encontra-se jogada no sofá chorando por você. Se ela chorar, abrace-a e beije-a em meio às lágrimas. Se ela disser que tudo está acabado, segure o braço dela. Não a deixe ir embora jamais. Não abra a porta e convide-a a se retirar, pois ela pode não voltar nunca mais. Eu a conheço, talvez não melhor que você, mas a conheço muito bem. Quando ela sente ciúmes, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica nervosa, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica triste, seus olhos, para variar, ficam úmidos. Por Deus, nunca ache que isso é drama barato ou uma simples besteira. Pois isso é sentimento. E sentimento, é o que ela tem de sobra, por isso que transborda pelos olhos. Nunca faça com que ela pense ser só mais uma para você, nunca se esqueça do aniversário dela e nunca a ouça quando ela tentar parecer durona e dizer que flores não são românticas. Ela ama flores, porém sempre tenta negar. Assim como ela também ama ursos de pelúcia, cartas e chocolate. Ela é viciada em chocolate, animais e Tati Bernardi. Ela também ama escrever, você já deve ter notado. Uma dica: nunca elogie demais seus textos. Ela gosta de críticas, gosta de saber onde errou e o que deve melhorar, mesmo que, na maioria das vezes, seus textos são perfeitos e não há melhoria a ser feita. Nunca se engane, ela não é tão frágil quanto aparenta. Ela aguenta batalhas mentais sorrindo que nem eu, e nem você, aguentaríamos aos berros. Ela é forte, porém também é sensível. Pode mimá-la, ela adora que façam isso. Ela adora se sentir princesa daquele que ela considera seu príncipe. Cara, eu tenho inveja de você. Pois, agora, você é quem é o príncipe da minha princesa.
E eu não quero causar brigas, juro. Só te escrevi essa carta para que você tome conta dela por mim. Nunca desista do relacionamento de vocês, é sério. Você jamais encontrará alguém tão especial quanto ela. Sabe, ela tem um jeito que encanta qualquer um que se aproxime. Sua primeira impressão sobre ela pode não ter sido boa. Uma menina de óculos, com gosto musical considerado antigo e roupas não tão atraentes. Mas ela pode se transformar na mulher mais linda do mundo quando tira a sombra preta dos olhos e fica de rosto limpo, pijamas e pantufas, toda indefesa. Eu a amo, e você terá que conviver com essa ideia. Eu sei que é foda saber que outro cara ama sua mulher, mas eu não tenho culpa. A culpa é toda dela por ter sido tão especial.
Hoje choro por ter deixado com que ela escapasse de meus dedos, saísse correndo da minha casa dizendo que nunca voltaria. Eu achei que fosse apenas mais uma de suas crises. Eu achei que no dia seguinte ela voltaria dizendo que não consegue viver sem mim. Mas a minha menina - que agora é sua - cresceu. Ela se deu valor e fez com que, assim, eu também desse valor a ela. Pena que quando passei a valorizá-la e demonstrar todo meu amor, já era tarde demais. Sejam felizes, de coração.
— Um abraço daquele que já esteve no seu lugar e hoje te inveja.
Sentada na escadaria daquela velha igreja que costumávamos ficar, eu, entre mascadas de chiclete e sucções de nicotina, me peguei, novamente, pensando em você. O que não seria novidade alguma, caso eu estivesse naquele período de desespero, de submissão como nos primeiros dias após o abandono sem aviso prévio. Acontece que eu jurei, pra Deus e o mundo, que já havia passado e que suas lembranças nem me atormentavam mais. Eu jurei que não doía mais, nem um tiquinho sequer. E doeu. Doeu de um modo anormal, pior que qualquer facada no peito que alguém já ousou levar.
O tempo escurecia enquanto as árvores balançavam. Os hippies da feirinha que se localiza logo em frente à igreja já recolhiam seus artesanatos, prevendo a chuva que chegaria a qualquer momento. Eu permaneci intacta, sem nem me locomover para baixo da marquise. As gotas pesadas daquela chuva gelada começaram a cair sem piedade dos seres humanos desabrigados. Sem piedade de mim que já não tinha mais seu coração para fazer de morada.
Os minutos passavam vagarosamente – ao contrário das pessoas. Tanto as que saíam da igreja, quanto aquelas que corriam para encontrar o abrigo mais próximo. Em meio à pressa das pessoas, eu passei despercebida. O meu choro descontrolado não pareceu ser uma anormalidade naquele dia extremamente úmido. Os soluços em meio aos sons amedrontadores dos trovões eram imperceptíveis. E eu, do fundo do meu coração, não sabia se aquilo era bom o ruim.
Deixei-me invadir pela chuva que já era, na verdade, uma tempestade. A camiseta que eu vestia – que já foi sua, por sinal – estava completamente encharcada. Pesava sobre meu corpo frágil, mas nada que se comparasse ao peso da minha cabeça que implorava por pender. Meu subconsciente implorava pelo seu ombro para que ela repousasse tranquilamente. E você não estava lá. E você não esteve lá. Digo “lá” como quem diz “ao meu lado”, pois você nunca esteve, sinceramente, comigo.
Permaneci trêmula, numa tentativa falha de que a tempestade levasse junto dela a minha dor. Deixei com que a água que caía do céu me limpasse por fora, enquanto eu implorava para que meu interior também ficasse limpo – livre de você. Mas aquela dor absurda parecia não passar. A tempestade aumentava e as ruas já estavam alagadas, e nada de eu me livrar de você. Eu chorei tanto por você que achei que você fosse transbordar pelos meus olhos e, assim sendo, eu estaria livre, limpa. E nada. Eu chorei e você não se foi, não saiu de mim. Eu chorei e você nem voltou, não retornou pra mim. Entende o tamanho da contradição?
Eu implorei por incontáveis minutos que você surgisse em meio àquela chuva para me salvar ou, pelo menos, se preocupar com o possível resfriado que eu estava prestes a pegar. Porém, a verdade é que você não estava mais nem aí. Não estava mais nem ali. E, talvez, nunca mais estivesse.
Eu permaneci naquela chuva até que o tempo se acalmou. Conforme os minutos se passaram, eu também me acalmei. As pernas já não estavam mais trêmulas e as mãos já não apertavam mais o restante do corpo em tom de desespero. O tempo bonito voltou. Os hippies voltaram. As pressa diminuiu. O arco-íris até surgiu. A única coisa inalterada foi o vazio que você deixou em mim.
Então, amor, aguardo ansiosamente pelo meu arco-íris interior.
Sem morada
8 de fev. de 2015
Sentada na escadaria daquela velha igreja que costumávamos ficar, eu, entre mascadas de chiclete e sucções de nicotina, me peguei, novamente, pensando em você. O que não seria novidade alguma, caso eu estivesse naquele período de desespero, de submissão como nos primeiros dias após o abandono sem aviso prévio. Acontece que eu jurei, pra Deus e o mundo, que já havia passado e que suas lembranças nem me atormentavam mais. Eu jurei que não doía mais, nem um tiquinho sequer. E doeu. Doeu de um modo anormal, pior que qualquer facada no peito que alguém já ousou levar.
O tempo escurecia enquanto as árvores balançavam. Os hippies da feirinha que se localiza logo em frente à igreja já recolhiam seus artesanatos, prevendo a chuva que chegaria a qualquer momento. Eu permaneci intacta, sem nem me locomover para baixo da marquise. As gotas pesadas daquela chuva gelada começaram a cair sem piedade dos seres humanos desabrigados. Sem piedade de mim que já não tinha mais seu coração para fazer de morada.
Os minutos passavam vagarosamente – ao contrário das pessoas. Tanto as que saíam da igreja, quanto aquelas que corriam para encontrar o abrigo mais próximo. Em meio à pressa das pessoas, eu passei despercebida. O meu choro descontrolado não pareceu ser uma anormalidade naquele dia extremamente úmido. Os soluços em meio aos sons amedrontadores dos trovões eram imperceptíveis. E eu, do fundo do meu coração, não sabia se aquilo era bom o ruim.
Deixei-me invadir pela chuva que já era, na verdade, uma tempestade. A camiseta que eu vestia – que já foi sua, por sinal – estava completamente encharcada. Pesava sobre meu corpo frágil, mas nada que se comparasse ao peso da minha cabeça que implorava por pender. Meu subconsciente implorava pelo seu ombro para que ela repousasse tranquilamente. E você não estava lá. E você não esteve lá. Digo “lá” como quem diz “ao meu lado”, pois você nunca esteve, sinceramente, comigo.
Permaneci trêmula, numa tentativa falha de que a tempestade levasse junto dela a minha dor. Deixei com que a água que caía do céu me limpasse por fora, enquanto eu implorava para que meu interior também ficasse limpo – livre de você. Mas aquela dor absurda parecia não passar. A tempestade aumentava e as ruas já estavam alagadas, e nada de eu me livrar de você. Eu chorei tanto por você que achei que você fosse transbordar pelos meus olhos e, assim sendo, eu estaria livre, limpa. E nada. Eu chorei e você não se foi, não saiu de mim. Eu chorei e você nem voltou, não retornou pra mim. Entende o tamanho da contradição?
Eu implorei por incontáveis minutos que você surgisse em meio àquela chuva para me salvar ou, pelo menos, se preocupar com o possível resfriado que eu estava prestes a pegar. Porém, a verdade é que você não estava mais nem aí. Não estava mais nem ali. E, talvez, nunca mais estivesse.
Eu permaneci naquela chuva até que o tempo se acalmou. Conforme os minutos se passaram, eu também me acalmei. As pernas já não estavam mais trêmulas e as mãos já não apertavam mais o restante do corpo em tom de desespero. O tempo bonito voltou. Os hippies voltaram. As pressa diminuiu. O arco-íris até surgiu. A única coisa inalterada foi o vazio que você deixou em mim.
Então, amor, aguardo ansiosamente pelo meu arco-íris interior.
É inegável que eu te amo. Já tentei convencer-me de que era apenas uma fase, um entusiasmo passageiro devido ao seu bom humor e ao modo doce como pronuncia meu nome. Já tentei gostar de outras bocas e me sentir feliz em outras camas, mas, no final das contas, era a sua falta que eu sentia. Já tentei também parar de ligar o meu cantor favorito ao seu nome, parar de me importar com seus problemas e deixar com que você crescesse sozinho, porém a necessidade de cuidar de você e te proteger sempre acabou falando mais alto.
Sabe, eu já tentei até dizer que eu estava imaginando coisas, tentei me convencer de que era apenas uma amizade misturada com desejo ou que, talvez, era só o fato de ser impossível que me fazia querer mais. Porque eu sempre fui assim, como você mesmo dizia, toda mimada e focada no que não posso ter. Porém contigo foi diferente. Deixou de ser birra ou, quem sabe, nem chegou a ser. Tornou-se necessidade. Eu queria mais que tudo estar em sua cama todas as vezes que reclamava de carência. Eu queria, mais que todas as coisas que já quis no mundo, te mostrar que comigo você seria feliz e que eu não seria só mais uma em sua vida. Eu até tentei te mostrar que daríamos super certo, que nossos gostos eram parecidos e que eu era a personificação do seu remédio. Porque eu era a cura para o seu mal. Mas, juro, eu tentei também me afastar.
Porque sei que sou uma catástrofe sozinha. Tentei não me apegar pra não ferrar com tudo - como sempre faço. Eu tentei te deixar longe das minhas confusões porque eu sou, mesmo, uma bomba. E eu explodo quase sempre -mesmo que esta definição nem exista. Eu explodo, sim - com o perdão da regra do verbo defectivo. Eu explodo em várias ocasiões inapropriadas. E meus estilhaços acertam sempre nos mais inocentes. Só que eu queria me afastar não só para o seu bem, mas para o meu também. Você nunca foi o tipo de garoto ideal, daqueles que não ferem. Muito pelo contrário. Você gostava de ferir. E eu, vulneravelmente burra, gostava de ser ferida por você. Tentei não me preocupar com seu cigarro, com a sua bebida e com o seu vazio interior. Tentei não gritar que o que falta na sua vida sou eu. Quase chorei ao morder a boca para não dizer que eu queria preencher todo o seu vazio. Que eu queria que você se inundasse de mim, se transbordasse de mim. E desisti. Por fim eu desisti de tentar me enganar, desisti de sorrir enquanto você me falava da garota que gosta e desisti também de tentar nos imaginar apenas como bons amigos. O fato é que eu amo você. E não há nada no momento que possa ser feito.
O pior é que eu sei que fui a pessoa que mais te invadiu, que mais te desvendou. Das poucas pessoas que puderam te conhecer a fundo, eu fui a que chegou num lugar antes nunca habitado. Fui a única a saber de todos os seus medos, suas histórias, suas brincadeiras e seus sonhos. Eu sou a única que te ama pelo que você é. Ela, ou qualquer outra, te ama pela superfície, pela sua capa. Ela te ama pelo seu bom humor e pelos dias de sol. Te ama pelo sorriso de canto e pelo sua performance impecável na guitarra. Ela te ama pelo show bem sucedido, pela camiseta bem passada e pelo seu bom gosto musical. Te ama pelo cheiro de perfume importado que você exala, pela rapidez como responde as mensagens dela e pelo modo carinhoso como a trata. Ela te ama aos sábados – o dia em que todo mundo é feliz, te ama sorridente e estruturado. Ao contrário de mim. Eu te amo pela sua cara de poucos amigos e pelos dias de chuva ou até mesmo de tempestade. Te amo pela lágrima que escorre quando qualquer coisa te amedronta, pelas vezes que você desafina na guitarra ou quando nada dá certo naquele show tão esperado. Eu te amo pela roupa nova rasgada no último rolê de long e pelas vezes que cismou de ouvir música ruim. Eu te amo pelo cheiro natural da sua pele, do seu suor. Te amo até mesmo quando se esquece de responder minhas mensagens ou quando, por um descuido qualquer, acaba sendo ríspido ou grosseiro comigo. Eu te amo na segunda-feira – o dia mais azedo da semana, te amo tristonho ou desestabilizado. Eu te amo, obviamente, em todos os seus momentos de alegria, mas também naqueles em que ninguém mais consegue ver beleza em seus olhos, em que ninguém mais aguenta ouvir sua voz. Eu te amo na sua solidão, amo até seu lado obscuro. Eu te amo por inteiro ou do avesso. E eu já te amei em situações que ninguém ousaria amar outro alguém.
Contudo, eu acredito em destino. Acredito também em mágicas, estrelas cadentes e cartas de tarô. E quer saber? Não temos nada disso ao nosso favor. Nós, simplesmente, não nascemos para ser algo duradouro. E não adianta lutarmos contra isso - até mesmo porque você não lutaria. Estou farta. De você, de nós e dela. Desse triângulo que nos une e me esmaga, me enfraquece e me enlouquece. Como eu sempre disse, desde o início, eu só queria que fosse feliz. Se não comigo, com outra. Mas fosse! E você parece estar feliz, de coração. Como consequência, eu estou também. Juro por Deus que estou feliz. Só vê se não me procura toda vez que der errado, por favor. Vê se não me procura sempre que ela te trocar pela balada ou te causar um ciúme infantil. Vê se não me procura quando perceber que está perdendo a pessoa que mais te amou, que mais te invadiu e, mesmo assim, gostou do que viu. Vê se não me procura quando ela debochar dos seus gostos, não compreender sua ligação à família ou te abandonar na sexta-feira. Por favor, não me olha com essa cara de "me espera só mais um pouquinho" porque eu já não aguento mais. Eu te esperei por quatro anos. E durante todo esse tempo você tentou achar alguém melhor. Durante todo esse tempo você me deixou em segundo plano para procurar uma distração mais agradável. E você voltava. E você voltou. Mas, pelo amor de Deus, pela primeira vez na sua vida, vê se não volta.
Vê se não volta
1 de fev. de 2015
É inegável que eu te amo. Já tentei convencer-me de que era apenas uma fase, um entusiasmo passageiro devido ao seu bom humor e ao modo doce como pronuncia meu nome. Já tentei gostar de outras bocas e me sentir feliz em outras camas, mas, no final das contas, era a sua falta que eu sentia. Já tentei também parar de ligar o meu cantor favorito ao seu nome, parar de me importar com seus problemas e deixar com que você crescesse sozinho, porém a necessidade de cuidar de você e te proteger sempre acabou falando mais alto.
Sabe, eu já tentei até dizer que eu estava imaginando coisas, tentei me convencer de que era apenas uma amizade misturada com desejo ou que, talvez, era só o fato de ser impossível que me fazia querer mais. Porque eu sempre fui assim, como você mesmo dizia, toda mimada e focada no que não posso ter. Porém contigo foi diferente. Deixou de ser birra ou, quem sabe, nem chegou a ser. Tornou-se necessidade. Eu queria mais que tudo estar em sua cama todas as vezes que reclamava de carência. Eu queria, mais que todas as coisas que já quis no mundo, te mostrar que comigo você seria feliz e que eu não seria só mais uma em sua vida. Eu até tentei te mostrar que daríamos super certo, que nossos gostos eram parecidos e que eu era a personificação do seu remédio. Porque eu era a cura para o seu mal. Mas, juro, eu tentei também me afastar.
Porque sei que sou uma catástrofe sozinha. Tentei não me apegar pra não ferrar com tudo - como sempre faço. Eu tentei te deixar longe das minhas confusões porque eu sou, mesmo, uma bomba. E eu explodo quase sempre -mesmo que esta definição nem exista. Eu explodo, sim - com o perdão da regra do verbo defectivo. Eu explodo em várias ocasiões inapropriadas. E meus estilhaços acertam sempre nos mais inocentes. Só que eu queria me afastar não só para o seu bem, mas para o meu também. Você nunca foi o tipo de garoto ideal, daqueles que não ferem. Muito pelo contrário. Você gostava de ferir. E eu, vulneravelmente burra, gostava de ser ferida por você. Tentei não me preocupar com seu cigarro, com a sua bebida e com o seu vazio interior. Tentei não gritar que o que falta na sua vida sou eu. Quase chorei ao morder a boca para não dizer que eu queria preencher todo o seu vazio. Que eu queria que você se inundasse de mim, se transbordasse de mim. E desisti. Por fim eu desisti de tentar me enganar, desisti de sorrir enquanto você me falava da garota que gosta e desisti também de tentar nos imaginar apenas como bons amigos. O fato é que eu amo você. E não há nada no momento que possa ser feito.
O pior é que eu sei que fui a pessoa que mais te invadiu, que mais te desvendou. Das poucas pessoas que puderam te conhecer a fundo, eu fui a que chegou num lugar antes nunca habitado. Fui a única a saber de todos os seus medos, suas histórias, suas brincadeiras e seus sonhos. Eu sou a única que te ama pelo que você é. Ela, ou qualquer outra, te ama pela superfície, pela sua capa. Ela te ama pelo seu bom humor e pelos dias de sol. Te ama pelo sorriso de canto e pelo sua performance impecável na guitarra. Ela te ama pelo show bem sucedido, pela camiseta bem passada e pelo seu bom gosto musical. Te ama pelo cheiro de perfume importado que você exala, pela rapidez como responde as mensagens dela e pelo modo carinhoso como a trata. Ela te ama aos sábados – o dia em que todo mundo é feliz, te ama sorridente e estruturado. Ao contrário de mim. Eu te amo pela sua cara de poucos amigos e pelos dias de chuva ou até mesmo de tempestade. Te amo pela lágrima que escorre quando qualquer coisa te amedronta, pelas vezes que você desafina na guitarra ou quando nada dá certo naquele show tão esperado. Eu te amo pela roupa nova rasgada no último rolê de long e pelas vezes que cismou de ouvir música ruim. Eu te amo pelo cheiro natural da sua pele, do seu suor. Te amo até mesmo quando se esquece de responder minhas mensagens ou quando, por um descuido qualquer, acaba sendo ríspido ou grosseiro comigo. Eu te amo na segunda-feira – o dia mais azedo da semana, te amo tristonho ou desestabilizado. Eu te amo, obviamente, em todos os seus momentos de alegria, mas também naqueles em que ninguém mais consegue ver beleza em seus olhos, em que ninguém mais aguenta ouvir sua voz. Eu te amo na sua solidão, amo até seu lado obscuro. Eu te amo por inteiro ou do avesso. E eu já te amei em situações que ninguém ousaria amar outro alguém.
Contudo, eu acredito em destino. Acredito também em mágicas, estrelas cadentes e cartas de tarô. E quer saber? Não temos nada disso ao nosso favor. Nós, simplesmente, não nascemos para ser algo duradouro. E não adianta lutarmos contra isso - até mesmo porque você não lutaria. Estou farta. De você, de nós e dela. Desse triângulo que nos une e me esmaga, me enfraquece e me enlouquece. Como eu sempre disse, desde o início, eu só queria que fosse feliz. Se não comigo, com outra. Mas fosse! E você parece estar feliz, de coração. Como consequência, eu estou também. Juro por Deus que estou feliz. Só vê se não me procura toda vez que der errado, por favor. Vê se não me procura sempre que ela te trocar pela balada ou te causar um ciúme infantil. Vê se não me procura quando perceber que está perdendo a pessoa que mais te amou, que mais te invadiu e, mesmo assim, gostou do que viu. Vê se não me procura quando ela debochar dos seus gostos, não compreender sua ligação à família ou te abandonar na sexta-feira. Por favor, não me olha com essa cara de "me espera só mais um pouquinho" porque eu já não aguento mais. Eu te esperei por quatro anos. E durante todo esse tempo você tentou achar alguém melhor. Durante todo esse tempo você me deixou em segundo plano para procurar uma distração mais agradável. E você voltava. E você voltou. Mas, pelo amor de Deus, pela primeira vez na sua vida, vê se não volta.
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