término
Amores acabam. Não sei dizer se são os grandes, os médios ou os medíocres amores, mas eles acabam. Não todos – e muito menos a maioria, assim espero. Mas, de repente, aquela pessoa que era o seu mundo torna-se apenas uma pessoa em seu mundo – isso se você der sorte. Na maioria dos casos, a pessoa que era o seu mundo deixa de habitar qualquer coisa que te rodeie, que te cerque. A pessoa que você costumava valorizar mais que a própria vida torna-se uma mera conhecida, e olhe lá.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
Quando tudo acaba
1 de mar. de 2015
Amores acabam. Não sei dizer se são os grandes, os médios ou os medíocres amores, mas eles acabam. Não todos – e muito menos a maioria, assim espero. Mas, de repente, aquela pessoa que era o seu mundo torna-se apenas uma pessoa em seu mundo – isso se você der sorte. Na maioria dos casos, a pessoa que era o seu mundo deixa de habitar qualquer coisa que te rodeie, que te cerque. A pessoa que você costumava valorizar mais que a própria vida torna-se uma mera conhecida, e olhe lá.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
Acordei. Finalmente acordei daquela minha fantasia de dois anos atrás. Parei de pensar que o mundo todo gira em torno do meu umbigo e que ela seria incapaz de me abandonar. Sei que já é tarde para me desculpar, ela está feliz e fazendo você feliz - mesmo que eu não me importe com a sua felicidade. Porém eu estou aqui, em meio à lágrimas, querendo ter de volta aquela vida simples que eu tinha com ela. Não se altere, eu não tentarei roubá-la de você. E mesmo se eu tentasse, ela nunca sairia dos seus braços, infelizmente.
Eu a machuquei muito e, mesmo querendo negar, fico feliz por ela ter encontrado um cara como você. Se eu pudesse, juro que mudaria muita coisa. Eu fui um verdadeiro idiota com ela, admito. Eu não soube dar valor, pois achei que, mesmo sofrendo, ela continuaria sendo minha. Eu estou muito arrependido, mas sei que isso já não importa a nenhum de vocês dois. Eu já não importo a ela. E, mesmo não parecendo, estou aqui para pedir que você a faça feliz de um modo que eu nunca consegui fazer. Com meu jeito todo errado e egocêntrico, eu sempre me importei mais comigo que com ela. Então, por favor, não cometa o mesmo erro. Ela é a mulher mais maravilhosa que eu já conheci, então não a perca. Não a deixe escapar de suas mãos, pois você pode acabar como eu.
Esses dias liguei e deu caixa postal. Liguei novamente e ela me atendeu nervosa. Ela disse que você é o homem da vida dela e pediu para que eu a deixasse em paz. Cara, você é um homem de sorte! Dê valor a isso, eu te imploro. Não quero que você me veja como ameaça, pois mesmo amando-a muito, prefiro ela feliz contigo do que infeliz comigo. Não sou cego, vejo que ela nunca sorriu para mim do modo que sorri para você. Porém, não se engane. Foi amor, sim, o que ela sentiu por mim. Pode ter acabado, mas existiu.
Dizem por aí que quando o amor é verdadeiro, não acaba. Pois, digo aqui nesta carta, que é mentira. O amor é frágil. Imagine um vaso de vidro, porém muito resistente, lindo e raro. Agora imagine que todos os dias você o jogue na parede e ria, se vanglorie por ele não ter quebrado. Imagine que todos os dias um novo arranhão surja nesse vaso, até que ele trinque. Porém, você não parará de jogá-lo de na parede e, um certo dia, ele irá se partir em centenas de cacos. E tais cacos nunca mais voltarão a ser um vaso lindo, resistente e raro. Foi assim com o amor que ela me ofereceu. Eu maltratei, pisei e até troquei por outro. Ela foi resistente, o amor dela foi resistente, e não queriam me abandonar. Ela fez de tudo para que eu a notasse. Fez de tudo para que eu desistisse de outras mulheres e fosse somente dela. Ela se submeteu a ser minha enquanto eu era de outra. E, sempre em meio ao choro, ela dizia que sentia vergonha por me amar tanto ao ponto de deixar de ter amor próprio. Mas ela - e o amor que era meu - se cansaram de mim. E o pior é que me vejo obrigado a entender o lado dela. Eu fui um completo estúpido, mimado e imbecil. Ela tentou por dezenas de tentativas vãs me mostrar que me amava e eu a esnobei. Por favor, não cometa nem um terço dos erros que ousei cometer, eu te peço.
Ela é especial, num sentido ótimo. Ela é a mulher que todo cara sonha em ter, mesmo que poucos saibam. Ela nunca te deixará para baixo, ela sempre tentará botar um sorriso em seu rosto. Ela dará aquela linda gargalhada quando sua piada for boa, e sorrirá ironicamente quando sua piada for péssima. Ela te beijará e conseguirá te acalmar quando nada mais parecer funcionar em sua vida. Ela será sua maior companheira, sua mais fiel aliada, sua amiga de todas as horas. Não faça como eu, não perca tempo querendo ter várias mulheres enquanto a que mais te fará feliz encontra-se jogada no sofá chorando por você. Se ela chorar, abrace-a e beije-a em meio às lágrimas. Se ela disser que tudo está acabado, segure o braço dela. Não a deixe ir embora jamais. Não abra a porta e convide-a a se retirar, pois ela pode não voltar nunca mais. Eu a conheço, talvez não melhor que você, mas a conheço muito bem. Quando ela sente ciúmes, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica nervosa, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica triste, seus olhos, para variar, ficam úmidos. Por Deus, nunca ache que isso é drama barato ou uma simples besteira. Pois isso é sentimento. E sentimento, é o que ela tem de sobra, por isso que transborda pelos olhos. Nunca faça com que ela pense ser só mais uma para você, nunca se esqueça do aniversário dela e nunca a ouça quando ela tentar parecer durona e dizer que flores não são românticas. Ela ama flores, porém sempre tenta negar. Assim como ela também ama ursos de pelúcia, cartas e chocolate. Ela é viciada em chocolate, animais e Tati Bernardi. Ela também ama escrever, você já deve ter notado. Uma dica: nunca elogie demais seus textos. Ela gosta de críticas, gosta de saber onde errou e o que deve melhorar, mesmo que, na maioria das vezes, seus textos são perfeitos e não há melhoria a ser feita. Nunca se engane, ela não é tão frágil quanto aparenta. Ela aguenta batalhas mentais sorrindo que nem eu, e nem você, aguentaríamos aos berros. Ela é forte, porém também é sensível. Pode mimá-la, ela adora que façam isso. Ela adora se sentir princesa daquele que ela considera seu príncipe. Cara, eu tenho inveja de você. Pois, agora, você é quem é o príncipe da minha princesa.
E eu não quero causar brigas, juro. Só te escrevi essa carta para que você tome conta dela por mim. Nunca desista do relacionamento de vocês, é sério. Você jamais encontrará alguém tão especial quanto ela. Sabe, ela tem um jeito que encanta qualquer um que se aproxime. Sua primeira impressão sobre ela pode não ter sido boa. Uma menina de óculos, com gosto musical considerado antigo e roupas não tão atraentes. Mas ela pode se transformar na mulher mais linda do mundo quando tira a sombra preta dos olhos e fica de rosto limpo, pijamas e pantufas, toda indefesa. Eu a amo, e você terá que conviver com essa ideia. Eu sei que é foda saber que outro cara ama sua mulher, mas eu não tenho culpa. A culpa é toda dela por ter sido tão especial.
Hoje choro por ter deixado com que ela escapasse de meus dedos, saísse correndo da minha casa dizendo que nunca voltaria. Eu achei que fosse apenas mais uma de suas crises. Eu achei que no dia seguinte ela voltaria dizendo que não consegue viver sem mim. Mas a minha menina - que agora é sua - cresceu. Ela se deu valor e fez com que, assim, eu também desse valor a ela. Pena que quando passei a valorizá-la e demonstrar todo meu amor, já era tarde demais. Sejam felizes, de coração.
— Um abraço daquele que já esteve no seu lugar e hoje te inveja.
Ela merece todo o amor que eu não soube oferecer
15 de fev. de 2015
Acordei. Finalmente acordei daquela minha fantasia de dois anos atrás. Parei de pensar que o mundo todo gira em torno do meu umbigo e que ela seria incapaz de me abandonar. Sei que já é tarde para me desculpar, ela está feliz e fazendo você feliz - mesmo que eu não me importe com a sua felicidade. Porém eu estou aqui, em meio à lágrimas, querendo ter de volta aquela vida simples que eu tinha com ela. Não se altere, eu não tentarei roubá-la de você. E mesmo se eu tentasse, ela nunca sairia dos seus braços, infelizmente.
Eu a machuquei muito e, mesmo querendo negar, fico feliz por ela ter encontrado um cara como você. Se eu pudesse, juro que mudaria muita coisa. Eu fui um verdadeiro idiota com ela, admito. Eu não soube dar valor, pois achei que, mesmo sofrendo, ela continuaria sendo minha. Eu estou muito arrependido, mas sei que isso já não importa a nenhum de vocês dois. Eu já não importo a ela. E, mesmo não parecendo, estou aqui para pedir que você a faça feliz de um modo que eu nunca consegui fazer. Com meu jeito todo errado e egocêntrico, eu sempre me importei mais comigo que com ela. Então, por favor, não cometa o mesmo erro. Ela é a mulher mais maravilhosa que eu já conheci, então não a perca. Não a deixe escapar de suas mãos, pois você pode acabar como eu.
Esses dias liguei e deu caixa postal. Liguei novamente e ela me atendeu nervosa. Ela disse que você é o homem da vida dela e pediu para que eu a deixasse em paz. Cara, você é um homem de sorte! Dê valor a isso, eu te imploro. Não quero que você me veja como ameaça, pois mesmo amando-a muito, prefiro ela feliz contigo do que infeliz comigo. Não sou cego, vejo que ela nunca sorriu para mim do modo que sorri para você. Porém, não se engane. Foi amor, sim, o que ela sentiu por mim. Pode ter acabado, mas existiu.
Dizem por aí que quando o amor é verdadeiro, não acaba. Pois, digo aqui nesta carta, que é mentira. O amor é frágil. Imagine um vaso de vidro, porém muito resistente, lindo e raro. Agora imagine que todos os dias você o jogue na parede e ria, se vanglorie por ele não ter quebrado. Imagine que todos os dias um novo arranhão surja nesse vaso, até que ele trinque. Porém, você não parará de jogá-lo de na parede e, um certo dia, ele irá se partir em centenas de cacos. E tais cacos nunca mais voltarão a ser um vaso lindo, resistente e raro. Foi assim com o amor que ela me ofereceu. Eu maltratei, pisei e até troquei por outro. Ela foi resistente, o amor dela foi resistente, e não queriam me abandonar. Ela fez de tudo para que eu a notasse. Fez de tudo para que eu desistisse de outras mulheres e fosse somente dela. Ela se submeteu a ser minha enquanto eu era de outra. E, sempre em meio ao choro, ela dizia que sentia vergonha por me amar tanto ao ponto de deixar de ter amor próprio. Mas ela - e o amor que era meu - se cansaram de mim. E o pior é que me vejo obrigado a entender o lado dela. Eu fui um completo estúpido, mimado e imbecil. Ela tentou por dezenas de tentativas vãs me mostrar que me amava e eu a esnobei. Por favor, não cometa nem um terço dos erros que ousei cometer, eu te peço.
Ela é especial, num sentido ótimo. Ela é a mulher que todo cara sonha em ter, mesmo que poucos saibam. Ela nunca te deixará para baixo, ela sempre tentará botar um sorriso em seu rosto. Ela dará aquela linda gargalhada quando sua piada for boa, e sorrirá ironicamente quando sua piada for péssima. Ela te beijará e conseguirá te acalmar quando nada mais parecer funcionar em sua vida. Ela será sua maior companheira, sua mais fiel aliada, sua amiga de todas as horas. Não faça como eu, não perca tempo querendo ter várias mulheres enquanto a que mais te fará feliz encontra-se jogada no sofá chorando por você. Se ela chorar, abrace-a e beije-a em meio às lágrimas. Se ela disser que tudo está acabado, segure o braço dela. Não a deixe ir embora jamais. Não abra a porta e convide-a a se retirar, pois ela pode não voltar nunca mais. Eu a conheço, talvez não melhor que você, mas a conheço muito bem. Quando ela sente ciúmes, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica nervosa, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica triste, seus olhos, para variar, ficam úmidos. Por Deus, nunca ache que isso é drama barato ou uma simples besteira. Pois isso é sentimento. E sentimento, é o que ela tem de sobra, por isso que transborda pelos olhos. Nunca faça com que ela pense ser só mais uma para você, nunca se esqueça do aniversário dela e nunca a ouça quando ela tentar parecer durona e dizer que flores não são românticas. Ela ama flores, porém sempre tenta negar. Assim como ela também ama ursos de pelúcia, cartas e chocolate. Ela é viciada em chocolate, animais e Tati Bernardi. Ela também ama escrever, você já deve ter notado. Uma dica: nunca elogie demais seus textos. Ela gosta de críticas, gosta de saber onde errou e o que deve melhorar, mesmo que, na maioria das vezes, seus textos são perfeitos e não há melhoria a ser feita. Nunca se engane, ela não é tão frágil quanto aparenta. Ela aguenta batalhas mentais sorrindo que nem eu, e nem você, aguentaríamos aos berros. Ela é forte, porém também é sensível. Pode mimá-la, ela adora que façam isso. Ela adora se sentir princesa daquele que ela considera seu príncipe. Cara, eu tenho inveja de você. Pois, agora, você é quem é o príncipe da minha princesa.
E eu não quero causar brigas, juro. Só te escrevi essa carta para que você tome conta dela por mim. Nunca desista do relacionamento de vocês, é sério. Você jamais encontrará alguém tão especial quanto ela. Sabe, ela tem um jeito que encanta qualquer um que se aproxime. Sua primeira impressão sobre ela pode não ter sido boa. Uma menina de óculos, com gosto musical considerado antigo e roupas não tão atraentes. Mas ela pode se transformar na mulher mais linda do mundo quando tira a sombra preta dos olhos e fica de rosto limpo, pijamas e pantufas, toda indefesa. Eu a amo, e você terá que conviver com essa ideia. Eu sei que é foda saber que outro cara ama sua mulher, mas eu não tenho culpa. A culpa é toda dela por ter sido tão especial.
Hoje choro por ter deixado com que ela escapasse de meus dedos, saísse correndo da minha casa dizendo que nunca voltaria. Eu achei que fosse apenas mais uma de suas crises. Eu achei que no dia seguinte ela voltaria dizendo que não consegue viver sem mim. Mas a minha menina - que agora é sua - cresceu. Ela se deu valor e fez com que, assim, eu também desse valor a ela. Pena que quando passei a valorizá-la e demonstrar todo meu amor, já era tarde demais. Sejam felizes, de coração.
— Um abraço daquele que já esteve no seu lugar e hoje te inveja.
Talvez hoje você tenha acordado sentindo falta dele. Ou falta daquela falta que você costumava fazer a ele. Eu sei que dói saber que ele já não se importa mais contigo, que não é mais seu nome que ele cita nas conversas, que não é mais seu beijo que ele anseia, que não é mais por você que ele sorri, e que não é mais seu o coração dele. Mas talvez nunca tenha sido, e também dói pensar assim.
Eu sei que você está confusa porque não sabe se ele chegou a gostar mesmo da sua companhia, da sua risada, da sua voz, de você. E você já não sabe se dói mais pensar que ele simplesmente deixou de te amar, ou se ele nunca chegou a te amar. Porque ser trocada dói. Caralho, como dói! Ser esquecida, abandonada, deixada numa prateleira empoeirada como um livro velho, dói pra valer. Mas você sorri. Você sorri porque é forte. Ou porque é insegura.
Você sorri por medo de que te perguntem o que está acontecendo, caso chore. Medo de que as pessoas não tenham tempo para ouvir seu quase melodrama mexicano que, por agora, parece ser o fim do seu mundo. Porém, não é. Vai perturbar, você vai pensar em vingança, vai querer encher a cara e conhecer novas bocas. Você vai fazer tudo isso e no final vai cair na cama, chorando em cima do travesseiro e daquela velha foto de vocês dois. Porque é ele quem te deixa boba, apaixonada, vidrada, iludida. É ele quem sempre esteve do seu lado, segurando sua mão, ouvindo seus dramas familiares, elogiando sua pinta perto da cutícula, enrolando a ponta do seu cabelo e mordendo sua panturrilha.
Agora ele já não está mais contigo e sua vida parece não ter mais sentido. Você já não sabe como é que vai dormir todas as noites sem aquele “boa noite, linda” rouco. Já não sabe como é que vai assistir filme sem aquela mão macia entrelaçada na sua, sem aqueles dedos alisando seu cabelo, sem aquela boca que só você sabia a tonalidade exata. Você já não sabe como é que vai sorrir sem ser por consequência daquele sorriso lateral que só ele sabia dar. Já não sabe como é que vai conseguir amar outra pessoa depois de tanta decepção. Porque você está com medo e acha que todos os caras vão ser filhos da puta como ele foi. Você acha que todos terão facilidade em te enganar, te trocar, te usar. E, como consequência da dor, você sente uma necessidade absurda de parecer fria e de não confiar em ninguém. Aí as pessoas acabam botando a culpa em você e dizem que ele te largou porque você não dava amor. Mas mal sabem elas que isso era o que você mais dava, até se cansar.
Ele te largou porque cansou de não poder retribuir tanto amor, isso sim. Porque você corria atrás, fazia planos, buscava meios, encontrava soluções, se descabelava, implorava e ele nada. Ele sempre nada. Sem demonstrar nada. Sem dizer nada. Sem, talvez, sentir nada. Ele sempre nada e você sempre tudo. Cheia de intensidade, você fazia de tudo, buscava por tudo, perdoava tudo, esquecia tudo, abria mão de tudo. Uma não-reciprocidade que dói a qualquer terceiro que ouça sua história. Uma não-reciprocidade que doeu em cada órgão do seu corpo e te fez mais forte. Ou mais forçada - como preferir.
Um quase melodrama mexicano
18 de jan. de 2015
Talvez hoje você tenha acordado sentindo falta dele. Ou falta daquela falta que você costumava fazer a ele. Eu sei que dói saber que ele já não se importa mais contigo, que não é mais seu nome que ele cita nas conversas, que não é mais seu beijo que ele anseia, que não é mais por você que ele sorri, e que não é mais seu o coração dele. Mas talvez nunca tenha sido, e também dói pensar assim.
Eu sei que você está confusa porque não sabe se ele chegou a gostar mesmo da sua companhia, da sua risada, da sua voz, de você. E você já não sabe se dói mais pensar que ele simplesmente deixou de te amar, ou se ele nunca chegou a te amar. Porque ser trocada dói. Caralho, como dói! Ser esquecida, abandonada, deixada numa prateleira empoeirada como um livro velho, dói pra valer. Mas você sorri. Você sorri porque é forte. Ou porque é insegura.
Você sorri por medo de que te perguntem o que está acontecendo, caso chore. Medo de que as pessoas não tenham tempo para ouvir seu quase melodrama mexicano que, por agora, parece ser o fim do seu mundo. Porém, não é. Vai perturbar, você vai pensar em vingança, vai querer encher a cara e conhecer novas bocas. Você vai fazer tudo isso e no final vai cair na cama, chorando em cima do travesseiro e daquela velha foto de vocês dois. Porque é ele quem te deixa boba, apaixonada, vidrada, iludida. É ele quem sempre esteve do seu lado, segurando sua mão, ouvindo seus dramas familiares, elogiando sua pinta perto da cutícula, enrolando a ponta do seu cabelo e mordendo sua panturrilha.
Agora ele já não está mais contigo e sua vida parece não ter mais sentido. Você já não sabe como é que vai dormir todas as noites sem aquele “boa noite, linda” rouco. Já não sabe como é que vai assistir filme sem aquela mão macia entrelaçada na sua, sem aqueles dedos alisando seu cabelo, sem aquela boca que só você sabia a tonalidade exata. Você já não sabe como é que vai sorrir sem ser por consequência daquele sorriso lateral que só ele sabia dar. Já não sabe como é que vai conseguir amar outra pessoa depois de tanta decepção. Porque você está com medo e acha que todos os caras vão ser filhos da puta como ele foi. Você acha que todos terão facilidade em te enganar, te trocar, te usar. E, como consequência da dor, você sente uma necessidade absurda de parecer fria e de não confiar em ninguém. Aí as pessoas acabam botando a culpa em você e dizem que ele te largou porque você não dava amor. Mas mal sabem elas que isso era o que você mais dava, até se cansar.
Ele te largou porque cansou de não poder retribuir tanto amor, isso sim. Porque você corria atrás, fazia planos, buscava meios, encontrava soluções, se descabelava, implorava e ele nada. Ele sempre nada. Sem demonstrar nada. Sem dizer nada. Sem, talvez, sentir nada. Ele sempre nada e você sempre tudo. Cheia de intensidade, você fazia de tudo, buscava por tudo, perdoava tudo, esquecia tudo, abria mão de tudo. Uma não-reciprocidade que dói a qualquer terceiro que ouça sua história. Uma não-reciprocidade que doeu em cada órgão do seu corpo e te fez mais forte. Ou mais forçada - como preferir.
Talvez eu tenha sido muita ingênua mesmo ao acreditar em
você quando todos me diziam para não o fazer. Ou talvez eu tenha sido só mais
uma influenciada pelos seus encantos. Independentemente de qual seja a razão,
agora é tarde demais para ficar procurando desculpas e justificativas.
Creio que no fundo eu sabia que isso provavelmente aconteceria,
mas optei por botar fé em que você seria diferente comigo, que eu era capaz de
te mudar. É isso que dá ler inúmeros livros e histórias clichês com finais
felizes, onde a mocinha sempre tornava o cara mal em alguém do bem. Obviamente
não deu certo. Eu devo ser uma pessoa muito inútil e incapaz ou os escritores
apenas gostam de nos decepcionar com o choque que levamos ao largar o mundo dos
textos e encararmos a realidade. Eu nunca poderia te mudar. Se uma pessoa algum
dia mudou de verdade, foi porque ela quis. Seus motivos até poderiam ter base
num sentimento, mas ninguém a fez ser outra pessoa. Agora eu até percebo o quão
ridículo isso soa.
É inegável que você me fazia bem só por estar comigo. Não me
importava se me agradava, ignorava ou até brigava comigo. O som da voz rouca e lenta
que saia de sua boca amenizava qualquer palavra dura e tornava mais doce cada
mimo. Só de ter seu olhar caindo sobre mim, não importando qual fosse sua
expressão, eu me sentia segura. Ah, quanta ironia! Era com você que eu corria
perigo, sempre foi, e você me fez crer o contrário. Mas como é que eu podia
desconfiar e te evitar se o mal, o seu mal, me fazia bem?
Todas as vezes em que eu penso que não passei de mais uma da
sua lista “já peguei”, eu me sinto suja. Era só isso que você queria, o tempo
todo. Eu me entreguei completamente à você, cedi perante as suas vontades por
mais que contrariassem as minhas e você não moveu um dedo por mim. Tudo isso
pra você me trocar no final.
Merecido. Desde toda a discussão e o tapa que levei de minha
melhor amiga, por chamá-la de invejosa após me alertar sobre você. Até quebrar
a cara ao ver você e a “única em quem eu posso confiar”, aquela que eu chamava
de amiga e que foi a única que me apoiou em estar com você, aos beijos na
praia, no meu local especial da praia. Ia ser tão difícil ter um pouco de
consideração e inteligência para não ir ao meu local preferido ao me trair? Ou
você só queria que eu pegasse vocês no flagra para que eu quebrasse a cara? Foi
tudo muito bem merecido mesmo, para ver se eu paro de ser trouxa.
Agora eu não tenho mais um namorado, uma melhor amiga e nem
uma única pessoa em quem eu possa confiar. Você conseguiu tirar de mim até a
minha honra e meu respeito próprio. Não sei dizer se estou brava ou
decepcionada... Acho que não sinto nada além da falta nesse momento e nem vá
sentir em muito tempo. Felizmente ou não, saiba que agora você leva consigo os
meus sentimentos. Todos aqueles que eu gastei contigo sem ter retorno. Tudo começara
num clichê e assim acabará pois, ao partir, você levou meu coração. Mas, apesar
de tudo, eu ainda sinto sua falta. Ainda espero que você volte, se arrependa e
mude minha ideologia de ninguém ser capaz de mudar um outro alguém. Ainda quero
sua voz lenta e rouca me amando ou odiando enquanto seus olhos me fitam, com a
expressão que desejares. Ainda te quero aqui, preenchendo novamente o vazio que
deixaste.

Clichês
14 de jan. de 2015
Talvez eu tenha sido muita ingênua mesmo ao acreditar em
você quando todos me diziam para não o fazer. Ou talvez eu tenha sido só mais
uma influenciada pelos seus encantos. Independentemente de qual seja a razão,
agora é tarde demais para ficar procurando desculpas e justificativas.
Creio que no fundo eu sabia que isso provavelmente aconteceria,
mas optei por botar fé em que você seria diferente comigo, que eu era capaz de
te mudar. É isso que dá ler inúmeros livros e histórias clichês com finais
felizes, onde a mocinha sempre tornava o cara mal em alguém do bem. Obviamente
não deu certo. Eu devo ser uma pessoa muito inútil e incapaz ou os escritores
apenas gostam de nos decepcionar com o choque que levamos ao largar o mundo dos
textos e encararmos a realidade. Eu nunca poderia te mudar. Se uma pessoa algum
dia mudou de verdade, foi porque ela quis. Seus motivos até poderiam ter base
num sentimento, mas ninguém a fez ser outra pessoa. Agora eu até percebo o quão
ridículo isso soa.
É inegável que você me fazia bem só por estar comigo. Não me
importava se me agradava, ignorava ou até brigava comigo. O som da voz rouca e lenta
que saia de sua boca amenizava qualquer palavra dura e tornava mais doce cada
mimo. Só de ter seu olhar caindo sobre mim, não importando qual fosse sua
expressão, eu me sentia segura. Ah, quanta ironia! Era com você que eu corria
perigo, sempre foi, e você me fez crer o contrário. Mas como é que eu podia
desconfiar e te evitar se o mal, o seu mal, me fazia bem?
Todas as vezes em que eu penso que não passei de mais uma da
sua lista “já peguei”, eu me sinto suja. Era só isso que você queria, o tempo
todo. Eu me entreguei completamente à você, cedi perante as suas vontades por
mais que contrariassem as minhas e você não moveu um dedo por mim. Tudo isso
pra você me trocar no final.
Merecido. Desde toda a discussão e o tapa que levei de minha
melhor amiga, por chamá-la de invejosa após me alertar sobre você. Até quebrar
a cara ao ver você e a “única em quem eu posso confiar”, aquela que eu chamava
de amiga e que foi a única que me apoiou em estar com você, aos beijos na
praia, no meu local especial da praia. Ia ser tão difícil ter um pouco de
consideração e inteligência para não ir ao meu local preferido ao me trair? Ou
você só queria que eu pegasse vocês no flagra para que eu quebrasse a cara? Foi
tudo muito bem merecido mesmo, para ver se eu paro de ser trouxa.
Agora eu não tenho mais um namorado, uma melhor amiga e nem
uma única pessoa em quem eu possa confiar. Você conseguiu tirar de mim até a
minha honra e meu respeito próprio. Não sei dizer se estou brava ou
decepcionada... Acho que não sinto nada além da falta nesse momento e nem vá
sentir em muito tempo. Felizmente ou não, saiba que agora você leva consigo os
meus sentimentos. Todos aqueles que eu gastei contigo sem ter retorno. Tudo começara
num clichê e assim acabará pois, ao partir, você levou meu coração. Mas, apesar
de tudo, eu ainda sinto sua falta. Ainda espero que você volte, se arrependa e
mude minha ideologia de ninguém ser capaz de mudar um outro alguém. Ainda quero
sua voz lenta e rouca me amando ou odiando enquanto seus olhos me fitam, com a
expressão que desejares. Ainda te quero aqui, preenchendo novamente o vazio que
deixaste.

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