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Amores acabam. Não sei dizer se são os grandes, os médios ou os medíocres amores, mas eles acabam. Não todos – e muito menos a maioria, assim espero. Mas, de repente, aquela pessoa que era o seu mundo torna-se apenas uma pessoa em seu mundo – isso se você der sorte. Na maioria dos casos, a pessoa que era o seu mundo deixa de habitar qualquer coisa que te rodeie, que te cerque. A pessoa que você costumava valorizar mais que a própria vida torna-se uma mera conhecida, e olhe lá.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
Quando tudo acaba
1 de mar. de 2015
Amores acabam. Não sei dizer se são os grandes, os médios ou os medíocres amores, mas eles acabam. Não todos – e muito menos a maioria, assim espero. Mas, de repente, aquela pessoa que era o seu mundo torna-se apenas uma pessoa em seu mundo – isso se você der sorte. Na maioria dos casos, a pessoa que era o seu mundo deixa de habitar qualquer coisa que te rodeie, que te cerque. A pessoa que você costumava valorizar mais que a própria vida torna-se uma mera conhecida, e olhe lá.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos.
Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele. Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.
Acordei. Finalmente acordei daquela minha fantasia de dois anos atrás. Parei de pensar que o mundo todo gira em torno do meu umbigo e que ela seria incapaz de me abandonar. Sei que já é tarde para me desculpar, ela está feliz e fazendo você feliz - mesmo que eu não me importe com a sua felicidade. Porém eu estou aqui, em meio à lágrimas, querendo ter de volta aquela vida simples que eu tinha com ela. Não se altere, eu não tentarei roubá-la de você. E mesmo se eu tentasse, ela nunca sairia dos seus braços, infelizmente.
Eu a machuquei muito e, mesmo querendo negar, fico feliz por ela ter encontrado um cara como você. Se eu pudesse, juro que mudaria muita coisa. Eu fui um verdadeiro idiota com ela, admito. Eu não soube dar valor, pois achei que, mesmo sofrendo, ela continuaria sendo minha. Eu estou muito arrependido, mas sei que isso já não importa a nenhum de vocês dois. Eu já não importo a ela. E, mesmo não parecendo, estou aqui para pedir que você a faça feliz de um modo que eu nunca consegui fazer. Com meu jeito todo errado e egocêntrico, eu sempre me importei mais comigo que com ela. Então, por favor, não cometa o mesmo erro. Ela é a mulher mais maravilhosa que eu já conheci, então não a perca. Não a deixe escapar de suas mãos, pois você pode acabar como eu.
Esses dias liguei e deu caixa postal. Liguei novamente e ela me atendeu nervosa. Ela disse que você é o homem da vida dela e pediu para que eu a deixasse em paz. Cara, você é um homem de sorte! Dê valor a isso, eu te imploro. Não quero que você me veja como ameaça, pois mesmo amando-a muito, prefiro ela feliz contigo do que infeliz comigo. Não sou cego, vejo que ela nunca sorriu para mim do modo que sorri para você. Porém, não se engane. Foi amor, sim, o que ela sentiu por mim. Pode ter acabado, mas existiu.
Dizem por aí que quando o amor é verdadeiro, não acaba. Pois, digo aqui nesta carta, que é mentira. O amor é frágil. Imagine um vaso de vidro, porém muito resistente, lindo e raro. Agora imagine que todos os dias você o jogue na parede e ria, se vanglorie por ele não ter quebrado. Imagine que todos os dias um novo arranhão surja nesse vaso, até que ele trinque. Porém, você não parará de jogá-lo de na parede e, um certo dia, ele irá se partir em centenas de cacos. E tais cacos nunca mais voltarão a ser um vaso lindo, resistente e raro. Foi assim com o amor que ela me ofereceu. Eu maltratei, pisei e até troquei por outro. Ela foi resistente, o amor dela foi resistente, e não queriam me abandonar. Ela fez de tudo para que eu a notasse. Fez de tudo para que eu desistisse de outras mulheres e fosse somente dela. Ela se submeteu a ser minha enquanto eu era de outra. E, sempre em meio ao choro, ela dizia que sentia vergonha por me amar tanto ao ponto de deixar de ter amor próprio. Mas ela - e o amor que era meu - se cansaram de mim. E o pior é que me vejo obrigado a entender o lado dela. Eu fui um completo estúpido, mimado e imbecil. Ela tentou por dezenas de tentativas vãs me mostrar que me amava e eu a esnobei. Por favor, não cometa nem um terço dos erros que ousei cometer, eu te peço.
Ela é especial, num sentido ótimo. Ela é a mulher que todo cara sonha em ter, mesmo que poucos saibam. Ela nunca te deixará para baixo, ela sempre tentará botar um sorriso em seu rosto. Ela dará aquela linda gargalhada quando sua piada for boa, e sorrirá ironicamente quando sua piada for péssima. Ela te beijará e conseguirá te acalmar quando nada mais parecer funcionar em sua vida. Ela será sua maior companheira, sua mais fiel aliada, sua amiga de todas as horas. Não faça como eu, não perca tempo querendo ter várias mulheres enquanto a que mais te fará feliz encontra-se jogada no sofá chorando por você. Se ela chorar, abrace-a e beije-a em meio às lágrimas. Se ela disser que tudo está acabado, segure o braço dela. Não a deixe ir embora jamais. Não abra a porta e convide-a a se retirar, pois ela pode não voltar nunca mais. Eu a conheço, talvez não melhor que você, mas a conheço muito bem. Quando ela sente ciúmes, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica nervosa, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica triste, seus olhos, para variar, ficam úmidos. Por Deus, nunca ache que isso é drama barato ou uma simples besteira. Pois isso é sentimento. E sentimento, é o que ela tem de sobra, por isso que transborda pelos olhos. Nunca faça com que ela pense ser só mais uma para você, nunca se esqueça do aniversário dela e nunca a ouça quando ela tentar parecer durona e dizer que flores não são românticas. Ela ama flores, porém sempre tenta negar. Assim como ela também ama ursos de pelúcia, cartas e chocolate. Ela é viciada em chocolate, animais e Tati Bernardi. Ela também ama escrever, você já deve ter notado. Uma dica: nunca elogie demais seus textos. Ela gosta de críticas, gosta de saber onde errou e o que deve melhorar, mesmo que, na maioria das vezes, seus textos são perfeitos e não há melhoria a ser feita. Nunca se engane, ela não é tão frágil quanto aparenta. Ela aguenta batalhas mentais sorrindo que nem eu, e nem você, aguentaríamos aos berros. Ela é forte, porém também é sensível. Pode mimá-la, ela adora que façam isso. Ela adora se sentir princesa daquele que ela considera seu príncipe. Cara, eu tenho inveja de você. Pois, agora, você é quem é o príncipe da minha princesa.
E eu não quero causar brigas, juro. Só te escrevi essa carta para que você tome conta dela por mim. Nunca desista do relacionamento de vocês, é sério. Você jamais encontrará alguém tão especial quanto ela. Sabe, ela tem um jeito que encanta qualquer um que se aproxime. Sua primeira impressão sobre ela pode não ter sido boa. Uma menina de óculos, com gosto musical considerado antigo e roupas não tão atraentes. Mas ela pode se transformar na mulher mais linda do mundo quando tira a sombra preta dos olhos e fica de rosto limpo, pijamas e pantufas, toda indefesa. Eu a amo, e você terá que conviver com essa ideia. Eu sei que é foda saber que outro cara ama sua mulher, mas eu não tenho culpa. A culpa é toda dela por ter sido tão especial.
Hoje choro por ter deixado com que ela escapasse de meus dedos, saísse correndo da minha casa dizendo que nunca voltaria. Eu achei que fosse apenas mais uma de suas crises. Eu achei que no dia seguinte ela voltaria dizendo que não consegue viver sem mim. Mas a minha menina - que agora é sua - cresceu. Ela se deu valor e fez com que, assim, eu também desse valor a ela. Pena que quando passei a valorizá-la e demonstrar todo meu amor, já era tarde demais. Sejam felizes, de coração.
— Um abraço daquele que já esteve no seu lugar e hoje te inveja.
Ela merece todo o amor que eu não soube oferecer
15 de fev. de 2015
Acordei. Finalmente acordei daquela minha fantasia de dois anos atrás. Parei de pensar que o mundo todo gira em torno do meu umbigo e que ela seria incapaz de me abandonar. Sei que já é tarde para me desculpar, ela está feliz e fazendo você feliz - mesmo que eu não me importe com a sua felicidade. Porém eu estou aqui, em meio à lágrimas, querendo ter de volta aquela vida simples que eu tinha com ela. Não se altere, eu não tentarei roubá-la de você. E mesmo se eu tentasse, ela nunca sairia dos seus braços, infelizmente.
Eu a machuquei muito e, mesmo querendo negar, fico feliz por ela ter encontrado um cara como você. Se eu pudesse, juro que mudaria muita coisa. Eu fui um verdadeiro idiota com ela, admito. Eu não soube dar valor, pois achei que, mesmo sofrendo, ela continuaria sendo minha. Eu estou muito arrependido, mas sei que isso já não importa a nenhum de vocês dois. Eu já não importo a ela. E, mesmo não parecendo, estou aqui para pedir que você a faça feliz de um modo que eu nunca consegui fazer. Com meu jeito todo errado e egocêntrico, eu sempre me importei mais comigo que com ela. Então, por favor, não cometa o mesmo erro. Ela é a mulher mais maravilhosa que eu já conheci, então não a perca. Não a deixe escapar de suas mãos, pois você pode acabar como eu.
Esses dias liguei e deu caixa postal. Liguei novamente e ela me atendeu nervosa. Ela disse que você é o homem da vida dela e pediu para que eu a deixasse em paz. Cara, você é um homem de sorte! Dê valor a isso, eu te imploro. Não quero que você me veja como ameaça, pois mesmo amando-a muito, prefiro ela feliz contigo do que infeliz comigo. Não sou cego, vejo que ela nunca sorriu para mim do modo que sorri para você. Porém, não se engane. Foi amor, sim, o que ela sentiu por mim. Pode ter acabado, mas existiu.
Dizem por aí que quando o amor é verdadeiro, não acaba. Pois, digo aqui nesta carta, que é mentira. O amor é frágil. Imagine um vaso de vidro, porém muito resistente, lindo e raro. Agora imagine que todos os dias você o jogue na parede e ria, se vanglorie por ele não ter quebrado. Imagine que todos os dias um novo arranhão surja nesse vaso, até que ele trinque. Porém, você não parará de jogá-lo de na parede e, um certo dia, ele irá se partir em centenas de cacos. E tais cacos nunca mais voltarão a ser um vaso lindo, resistente e raro. Foi assim com o amor que ela me ofereceu. Eu maltratei, pisei e até troquei por outro. Ela foi resistente, o amor dela foi resistente, e não queriam me abandonar. Ela fez de tudo para que eu a notasse. Fez de tudo para que eu desistisse de outras mulheres e fosse somente dela. Ela se submeteu a ser minha enquanto eu era de outra. E, sempre em meio ao choro, ela dizia que sentia vergonha por me amar tanto ao ponto de deixar de ter amor próprio. Mas ela - e o amor que era meu - se cansaram de mim. E o pior é que me vejo obrigado a entender o lado dela. Eu fui um completo estúpido, mimado e imbecil. Ela tentou por dezenas de tentativas vãs me mostrar que me amava e eu a esnobei. Por favor, não cometa nem um terço dos erros que ousei cometer, eu te peço.
Ela é especial, num sentido ótimo. Ela é a mulher que todo cara sonha em ter, mesmo que poucos saibam. Ela nunca te deixará para baixo, ela sempre tentará botar um sorriso em seu rosto. Ela dará aquela linda gargalhada quando sua piada for boa, e sorrirá ironicamente quando sua piada for péssima. Ela te beijará e conseguirá te acalmar quando nada mais parecer funcionar em sua vida. Ela será sua maior companheira, sua mais fiel aliada, sua amiga de todas as horas. Não faça como eu, não perca tempo querendo ter várias mulheres enquanto a que mais te fará feliz encontra-se jogada no sofá chorando por você. Se ela chorar, abrace-a e beije-a em meio às lágrimas. Se ela disser que tudo está acabado, segure o braço dela. Não a deixe ir embora jamais. Não abra a porta e convide-a a se retirar, pois ela pode não voltar nunca mais. Eu a conheço, talvez não melhor que você, mas a conheço muito bem. Quando ela sente ciúmes, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica nervosa, seus olhos ficam úmidos. Quando ela fica triste, seus olhos, para variar, ficam úmidos. Por Deus, nunca ache que isso é drama barato ou uma simples besteira. Pois isso é sentimento. E sentimento, é o que ela tem de sobra, por isso que transborda pelos olhos. Nunca faça com que ela pense ser só mais uma para você, nunca se esqueça do aniversário dela e nunca a ouça quando ela tentar parecer durona e dizer que flores não são românticas. Ela ama flores, porém sempre tenta negar. Assim como ela também ama ursos de pelúcia, cartas e chocolate. Ela é viciada em chocolate, animais e Tati Bernardi. Ela também ama escrever, você já deve ter notado. Uma dica: nunca elogie demais seus textos. Ela gosta de críticas, gosta de saber onde errou e o que deve melhorar, mesmo que, na maioria das vezes, seus textos são perfeitos e não há melhoria a ser feita. Nunca se engane, ela não é tão frágil quanto aparenta. Ela aguenta batalhas mentais sorrindo que nem eu, e nem você, aguentaríamos aos berros. Ela é forte, porém também é sensível. Pode mimá-la, ela adora que façam isso. Ela adora se sentir princesa daquele que ela considera seu príncipe. Cara, eu tenho inveja de você. Pois, agora, você é quem é o príncipe da minha princesa.
E eu não quero causar brigas, juro. Só te escrevi essa carta para que você tome conta dela por mim. Nunca desista do relacionamento de vocês, é sério. Você jamais encontrará alguém tão especial quanto ela. Sabe, ela tem um jeito que encanta qualquer um que se aproxime. Sua primeira impressão sobre ela pode não ter sido boa. Uma menina de óculos, com gosto musical considerado antigo e roupas não tão atraentes. Mas ela pode se transformar na mulher mais linda do mundo quando tira a sombra preta dos olhos e fica de rosto limpo, pijamas e pantufas, toda indefesa. Eu a amo, e você terá que conviver com essa ideia. Eu sei que é foda saber que outro cara ama sua mulher, mas eu não tenho culpa. A culpa é toda dela por ter sido tão especial.
Hoje choro por ter deixado com que ela escapasse de meus dedos, saísse correndo da minha casa dizendo que nunca voltaria. Eu achei que fosse apenas mais uma de suas crises. Eu achei que no dia seguinte ela voltaria dizendo que não consegue viver sem mim. Mas a minha menina - que agora é sua - cresceu. Ela se deu valor e fez com que, assim, eu também desse valor a ela. Pena que quando passei a valorizá-la e demonstrar todo meu amor, já era tarde demais. Sejam felizes, de coração.
— Um abraço daquele que já esteve no seu lugar e hoje te inveja.
Sentada na escadaria daquela velha igreja que costumávamos ficar, eu, entre mascadas de chiclete e sucções de nicotina, me peguei, novamente, pensando em você. O que não seria novidade alguma, caso eu estivesse naquele período de desespero, de submissão como nos primeiros dias após o abandono sem aviso prévio. Acontece que eu jurei, pra Deus e o mundo, que já havia passado e que suas lembranças nem me atormentavam mais. Eu jurei que não doía mais, nem um tiquinho sequer. E doeu. Doeu de um modo anormal, pior que qualquer facada no peito que alguém já ousou levar.
O tempo escurecia enquanto as árvores balançavam. Os hippies da feirinha que se localiza logo em frente à igreja já recolhiam seus artesanatos, prevendo a chuva que chegaria a qualquer momento. Eu permaneci intacta, sem nem me locomover para baixo da marquise. As gotas pesadas daquela chuva gelada começaram a cair sem piedade dos seres humanos desabrigados. Sem piedade de mim que já não tinha mais seu coração para fazer de morada.
Os minutos passavam vagarosamente – ao contrário das pessoas. Tanto as que saíam da igreja, quanto aquelas que corriam para encontrar o abrigo mais próximo. Em meio à pressa das pessoas, eu passei despercebida. O meu choro descontrolado não pareceu ser uma anormalidade naquele dia extremamente úmido. Os soluços em meio aos sons amedrontadores dos trovões eram imperceptíveis. E eu, do fundo do meu coração, não sabia se aquilo era bom o ruim.
Deixei-me invadir pela chuva que já era, na verdade, uma tempestade. A camiseta que eu vestia – que já foi sua, por sinal – estava completamente encharcada. Pesava sobre meu corpo frágil, mas nada que se comparasse ao peso da minha cabeça que implorava por pender. Meu subconsciente implorava pelo seu ombro para que ela repousasse tranquilamente. E você não estava lá. E você não esteve lá. Digo “lá” como quem diz “ao meu lado”, pois você nunca esteve, sinceramente, comigo.
Permaneci trêmula, numa tentativa falha de que a tempestade levasse junto dela a minha dor. Deixei com que a água que caía do céu me limpasse por fora, enquanto eu implorava para que meu interior também ficasse limpo – livre de você. Mas aquela dor absurda parecia não passar. A tempestade aumentava e as ruas já estavam alagadas, e nada de eu me livrar de você. Eu chorei tanto por você que achei que você fosse transbordar pelos meus olhos e, assim sendo, eu estaria livre, limpa. E nada. Eu chorei e você não se foi, não saiu de mim. Eu chorei e você nem voltou, não retornou pra mim. Entende o tamanho da contradição?
Eu implorei por incontáveis minutos que você surgisse em meio àquela chuva para me salvar ou, pelo menos, se preocupar com o possível resfriado que eu estava prestes a pegar. Porém, a verdade é que você não estava mais nem aí. Não estava mais nem ali. E, talvez, nunca mais estivesse.
Eu permaneci naquela chuva até que o tempo se acalmou. Conforme os minutos se passaram, eu também me acalmei. As pernas já não estavam mais trêmulas e as mãos já não apertavam mais o restante do corpo em tom de desespero. O tempo bonito voltou. Os hippies voltaram. As pressa diminuiu. O arco-íris até surgiu. A única coisa inalterada foi o vazio que você deixou em mim.
Então, amor, aguardo ansiosamente pelo meu arco-íris interior.
Sem morada
8 de fev. de 2015
Sentada na escadaria daquela velha igreja que costumávamos ficar, eu, entre mascadas de chiclete e sucções de nicotina, me peguei, novamente, pensando em você. O que não seria novidade alguma, caso eu estivesse naquele período de desespero, de submissão como nos primeiros dias após o abandono sem aviso prévio. Acontece que eu jurei, pra Deus e o mundo, que já havia passado e que suas lembranças nem me atormentavam mais. Eu jurei que não doía mais, nem um tiquinho sequer. E doeu. Doeu de um modo anormal, pior que qualquer facada no peito que alguém já ousou levar.
O tempo escurecia enquanto as árvores balançavam. Os hippies da feirinha que se localiza logo em frente à igreja já recolhiam seus artesanatos, prevendo a chuva que chegaria a qualquer momento. Eu permaneci intacta, sem nem me locomover para baixo da marquise. As gotas pesadas daquela chuva gelada começaram a cair sem piedade dos seres humanos desabrigados. Sem piedade de mim que já não tinha mais seu coração para fazer de morada.
Os minutos passavam vagarosamente – ao contrário das pessoas. Tanto as que saíam da igreja, quanto aquelas que corriam para encontrar o abrigo mais próximo. Em meio à pressa das pessoas, eu passei despercebida. O meu choro descontrolado não pareceu ser uma anormalidade naquele dia extremamente úmido. Os soluços em meio aos sons amedrontadores dos trovões eram imperceptíveis. E eu, do fundo do meu coração, não sabia se aquilo era bom o ruim.
Deixei-me invadir pela chuva que já era, na verdade, uma tempestade. A camiseta que eu vestia – que já foi sua, por sinal – estava completamente encharcada. Pesava sobre meu corpo frágil, mas nada que se comparasse ao peso da minha cabeça que implorava por pender. Meu subconsciente implorava pelo seu ombro para que ela repousasse tranquilamente. E você não estava lá. E você não esteve lá. Digo “lá” como quem diz “ao meu lado”, pois você nunca esteve, sinceramente, comigo.
Permaneci trêmula, numa tentativa falha de que a tempestade levasse junto dela a minha dor. Deixei com que a água que caía do céu me limpasse por fora, enquanto eu implorava para que meu interior também ficasse limpo – livre de você. Mas aquela dor absurda parecia não passar. A tempestade aumentava e as ruas já estavam alagadas, e nada de eu me livrar de você. Eu chorei tanto por você que achei que você fosse transbordar pelos meus olhos e, assim sendo, eu estaria livre, limpa. E nada. Eu chorei e você não se foi, não saiu de mim. Eu chorei e você nem voltou, não retornou pra mim. Entende o tamanho da contradição?
Eu implorei por incontáveis minutos que você surgisse em meio àquela chuva para me salvar ou, pelo menos, se preocupar com o possível resfriado que eu estava prestes a pegar. Porém, a verdade é que você não estava mais nem aí. Não estava mais nem ali. E, talvez, nunca mais estivesse.
Eu permaneci naquela chuva até que o tempo se acalmou. Conforme os minutos se passaram, eu também me acalmei. As pernas já não estavam mais trêmulas e as mãos já não apertavam mais o restante do corpo em tom de desespero. O tempo bonito voltou. Os hippies voltaram. As pressa diminuiu. O arco-íris até surgiu. A única coisa inalterada foi o vazio que você deixou em mim.
Então, amor, aguardo ansiosamente pelo meu arco-íris interior.
Eu fui sua. Eu fui sua mais do que já fui, em toda minha vida, qualquer outra coisa. Eu fui sua nas manhãs de domingo e aos sábados à noite – mesmo enquanto você insistia em se divertir com outras. Eu fui sua durante a terrível briga que teve com a sua mãe, durante o problema de saúde do seu pai e até mesmo enquanto você me contava a tentativa falha de beijar a garota mais linda da cidade. Eu insisti – por mais idiota que isto soe. Eu permaneci sendo sua. Inteiramente sua. Eu fiquei ao seu lado e não soltei a sua mão quando cancelaram o show que você iria fazer. Eu fiquei ao seu lado quando um prato quebrou-se na sua cozinha e estilhaços de vidro fizeram sua mão sangrar. E sabe o que você foi? Nada. Absolutamente nada pra mim. Você não conseguiu ser meu, mesmo que eu te provasse todos os dias que eu era a sua melhor opção.
Você insistia na sua rotina sem se importar com meus sentimentos. E, cara, olha o tamanho da burrada: Eu não desisti de você! Tem noção do quanto doía todas as vezes que você desligava o celular pra poder sair às sextas? Tem noção do quanto doía todas as vezes em que você me contava sobre as garotas que saía e tinha noites de aventura? Não. Você não tem noção alguma do que é amar alguém com cada célula do corpo, com cada órgão e cada centímetro de tecido corpóreo. E eu te amei assim. Absurda e exageradamente assim. Eu te amei com todas as minhas forças. Eu juro que meu plano era nunca desistir de você. Mas falhei. Eu sinto muito, mas não consigo mais insistir em algo tão sem futuro como esse ‘nós’ que nunca nem existiu, por mais que você negue.
E, sabe, me desculpe por não ter deixado explícita a imensidão do meu sentimento anteriormente. Eu tive medo. Cara, eu juro que morri de medo de você se assustar com tanto amor. Você não estava acostumado a receber amor de ninguém e, de repente, eu cheguei na sua vida desesperada para te fazer feliz. E como diria Clarice: “Eu queria tanto que você não fugisse de mim. Mas se fosse eu, eu fugia”. Você consegue perceber o abismo sem solução no qual me meti? Eu te amei tanto que tive medo de te sufocar. Eu queria tanto cuidar de você que, se invertêssemos os papéis, eu surtaria. Eu queria tanto dar todo o amor que te faltou a vida toda que, se eu realmente botasse em prática, você espanaria igualzinho uma torneira velha. Segundo a minha mãe, quando nós apertamos algo com muita força nas mãos, acaba vazando por entre os dedos. E eu não queria que você vazasse, foi só isso.
Mas não deu certo. Você fugiu antes mesmo de eu te contar que imprimi todo seu mapa astral. Você desistiu sem sequer saber que eu já imaginava a cor do meu buquê de casamento. Porque eu sou assim mesmo: toda exagerada, ansiosa, inquieta. Eu sou toda errada. Mas, do fundo do meu coração, pela primeira vez na vida eu achei que tivesse encontrado alguém tão errado e confuso quanto eu. Eu juro que por um segundo de insanidade eu tive certeza que éramos perfeitos um para o outro. Porque dentre todos os caras que já conheci – passando até mesmo pelo meu relacionamento mais duradouro – você foi o que mais mexeu na minha vida. Você invadiu meu espaço, bagunçou minha casa, virou-me de cabeça para baixo e sorriu sem jeito quando dei bronca. E sabe o que é pior? O pior foi que eu amei o jeito que ficou minha vida.
Adorei o novo ângulo pelo qual você me ensinou a ver as coisas. Eu te amei, Christopher. Eu te amei mais que a mim. Mais que aos tabus que sempre carreguei. Eu te amei todo errado, ralado pelo long ou engravatado pela mãe. Eu te amei vestido de Papai Noel ou completamente sem roupa, vulnerável a mim. Eu te amei da cabeça aos pés. Da unha feia do seu dedão aos seus cabelos que mais se pareciam com a juba de um leão. Eu amei suas camisetas de rock, seu doce favorito e o solo da sua guitarra. Eu amei sua tatuagem do pulso, sua cicatriz no joelho esquerdo e sua dobrinha na barriga. Eu te amei da pinta da cutícula até o lóbulo da orelha. Te amei dos cílios dos olhos ao dedo torto do seu pé direito. Eu te amei por inteiro e até do avesso. Só lamento por você não ter conseguido ser, realmente, inteiro pra mim.
E eu não posso botar toda a culpa em cima de você. Não posso exigir que você me ame em retribuição do amor desenfreado que te ofereço. Não posso pedir que não desista de algo que nem eu coloco fé. Nós somos o verdadeiro caos. Somos imãs iguais que se repelem, pedaços de um quebra-cabeça sem solução. Nós somos intensos e dramáticos. Somos exigentes e orgulhosos. Nós somos perfeitas metades iguais. E, talvez, justamente por isso, não conseguimos encontrar nosso encaixe perfeito. Mas, mesmo sabendo que as chances de ferrar com tudo eram imensas, eu arrisquei. Eu me entreguei e te enlacei no meu colo. Eu te expliquei durante duas horas, ou mais, todos os detalhes que me faziam amar você. Eu te expliquei o quanto eu havia me tornado dependente da sua felicidade pra ser feliz também. Te expliquei quais eram meus planos pra amenizarmos a provável catástrofe. Eu, toda controladora, praticamente mapeei os passos que teríamos que dar para que a bomba não explodisse em nossas mãos. E explodiu. Eu sinto muito, mas explodiu. Bem diante dos nossos olhos e não houve nada a ser feito. Eu não consegui planejar o que faríamos após as chamas. Você tirou o meu poder de planejamento.
Logo eu, que sempre tive um espartilho imaginário amarrado bem rente às costelas para me manter arqueada, independente e irônica. Logo eu que sempre me vangloriei da minha autossuficiência, me vi achando o seu todo ainda insuficiente. Eu queria mais de você. Eu queria mais de nós. Eu tive medo de que você soltasse meu espatilho de um modo que eu jamais conseguisse amarrá-lo, novamente, sozinha. Tive medo de você me invadir e me bagunçar. E foi exatamente isso que você fez, Chris. Sem dó nem piedade, você me encheu de felicidade momentânea para depois sugar até as certezas que eu tinha antes da sua chegada. Agora eu sou menos da metade sem você. Eu perdi mais do que ganhei.
Por fim, ainda assim, te afirmo: eu fui sua até perder as forças. Fui sua mesmo com toda essa confusão mental que você causa em mim. Fui sua mesmo sem que você fosse meu. Eu fui sua até o momento em que você não quis mais. E, assim como se doa um livro velho ao sebo, você pediu para que eu encontrasse alguém melhor que você; alguém que cuidasse de mim de um jeito que você nunca soube cuidar. Você confessou. Você fez algo que nunca havia feito: você confessou que estragou tudo. Confessou que te dei amor até transbordar e sair pelos poros. Te dei amor até você se assustar. E você preferiu brecar. Você teve medo do que poderia acontecer caso continuasse sendo cada vez mais amado – o que pra mim não faz sentido algum. Você brecou bruscamente e eu ainda segui por um tempo sem você, assim como manda a lei da inércia. Mas aqui é meu ponto de parada, não darei mais um passo por você.
Lamento não ter conseguido fazer com que me amasse na mesma intensidade na qual te amei. Eu fui sua e, mesmo negando, talvez eu ainda seja por um tempo. Vê se não demora, você sabe meu endereço e o café amargo que tanto gosta já está esfriando.
Sobre amor, espartilhos e café amargo
25 de jan. de 2015
Eu fui sua. Eu fui sua mais do que já fui, em toda minha vida, qualquer outra coisa. Eu fui sua nas manhãs de domingo e aos sábados à noite – mesmo enquanto você insistia em se divertir com outras. Eu fui sua durante a terrível briga que teve com a sua mãe, durante o problema de saúde do seu pai e até mesmo enquanto você me contava a tentativa falha de beijar a garota mais linda da cidade. Eu insisti – por mais idiota que isto soe. Eu permaneci sendo sua. Inteiramente sua. Eu fiquei ao seu lado e não soltei a sua mão quando cancelaram o show que você iria fazer. Eu fiquei ao seu lado quando um prato quebrou-se na sua cozinha e estilhaços de vidro fizeram sua mão sangrar. E sabe o que você foi? Nada. Absolutamente nada pra mim. Você não conseguiu ser meu, mesmo que eu te provasse todos os dias que eu era a sua melhor opção.
Você insistia na sua rotina sem se importar com meus sentimentos. E, cara, olha o tamanho da burrada: Eu não desisti de você! Tem noção do quanto doía todas as vezes que você desligava o celular pra poder sair às sextas? Tem noção do quanto doía todas as vezes em que você me contava sobre as garotas que saía e tinha noites de aventura? Não. Você não tem noção alguma do que é amar alguém com cada célula do corpo, com cada órgão e cada centímetro de tecido corpóreo. E eu te amei assim. Absurda e exageradamente assim. Eu te amei com todas as minhas forças. Eu juro que meu plano era nunca desistir de você. Mas falhei. Eu sinto muito, mas não consigo mais insistir em algo tão sem futuro como esse ‘nós’ que nunca nem existiu, por mais que você negue.
E, sabe, me desculpe por não ter deixado explícita a imensidão do meu sentimento anteriormente. Eu tive medo. Cara, eu juro que morri de medo de você se assustar com tanto amor. Você não estava acostumado a receber amor de ninguém e, de repente, eu cheguei na sua vida desesperada para te fazer feliz. E como diria Clarice: “Eu queria tanto que você não fugisse de mim. Mas se fosse eu, eu fugia”. Você consegue perceber o abismo sem solução no qual me meti? Eu te amei tanto que tive medo de te sufocar. Eu queria tanto cuidar de você que, se invertêssemos os papéis, eu surtaria. Eu queria tanto dar todo o amor que te faltou a vida toda que, se eu realmente botasse em prática, você espanaria igualzinho uma torneira velha. Segundo a minha mãe, quando nós apertamos algo com muita força nas mãos, acaba vazando por entre os dedos. E eu não queria que você vazasse, foi só isso.
Mas não deu certo. Você fugiu antes mesmo de eu te contar que imprimi todo seu mapa astral. Você desistiu sem sequer saber que eu já imaginava a cor do meu buquê de casamento. Porque eu sou assim mesmo: toda exagerada, ansiosa, inquieta. Eu sou toda errada. Mas, do fundo do meu coração, pela primeira vez na vida eu achei que tivesse encontrado alguém tão errado e confuso quanto eu. Eu juro que por um segundo de insanidade eu tive certeza que éramos perfeitos um para o outro. Porque dentre todos os caras que já conheci – passando até mesmo pelo meu relacionamento mais duradouro – você foi o que mais mexeu na minha vida. Você invadiu meu espaço, bagunçou minha casa, virou-me de cabeça para baixo e sorriu sem jeito quando dei bronca. E sabe o que é pior? O pior foi que eu amei o jeito que ficou minha vida.
Adorei o novo ângulo pelo qual você me ensinou a ver as coisas. Eu te amei, Christopher. Eu te amei mais que a mim. Mais que aos tabus que sempre carreguei. Eu te amei todo errado, ralado pelo long ou engravatado pela mãe. Eu te amei vestido de Papai Noel ou completamente sem roupa, vulnerável a mim. Eu te amei da cabeça aos pés. Da unha feia do seu dedão aos seus cabelos que mais se pareciam com a juba de um leão. Eu amei suas camisetas de rock, seu doce favorito e o solo da sua guitarra. Eu amei sua tatuagem do pulso, sua cicatriz no joelho esquerdo e sua dobrinha na barriga. Eu te amei da pinta da cutícula até o lóbulo da orelha. Te amei dos cílios dos olhos ao dedo torto do seu pé direito. Eu te amei por inteiro e até do avesso. Só lamento por você não ter conseguido ser, realmente, inteiro pra mim.
E eu não posso botar toda a culpa em cima de você. Não posso exigir que você me ame em retribuição do amor desenfreado que te ofereço. Não posso pedir que não desista de algo que nem eu coloco fé. Nós somos o verdadeiro caos. Somos imãs iguais que se repelem, pedaços de um quebra-cabeça sem solução. Nós somos intensos e dramáticos. Somos exigentes e orgulhosos. Nós somos perfeitas metades iguais. E, talvez, justamente por isso, não conseguimos encontrar nosso encaixe perfeito. Mas, mesmo sabendo que as chances de ferrar com tudo eram imensas, eu arrisquei. Eu me entreguei e te enlacei no meu colo. Eu te expliquei durante duas horas, ou mais, todos os detalhes que me faziam amar você. Eu te expliquei o quanto eu havia me tornado dependente da sua felicidade pra ser feliz também. Te expliquei quais eram meus planos pra amenizarmos a provável catástrofe. Eu, toda controladora, praticamente mapeei os passos que teríamos que dar para que a bomba não explodisse em nossas mãos. E explodiu. Eu sinto muito, mas explodiu. Bem diante dos nossos olhos e não houve nada a ser feito. Eu não consegui planejar o que faríamos após as chamas. Você tirou o meu poder de planejamento.
Logo eu, que sempre tive um espartilho imaginário amarrado bem rente às costelas para me manter arqueada, independente e irônica. Logo eu que sempre me vangloriei da minha autossuficiência, me vi achando o seu todo ainda insuficiente. Eu queria mais de você. Eu queria mais de nós. Eu tive medo de que você soltasse meu espatilho de um modo que eu jamais conseguisse amarrá-lo, novamente, sozinha. Tive medo de você me invadir e me bagunçar. E foi exatamente isso que você fez, Chris. Sem dó nem piedade, você me encheu de felicidade momentânea para depois sugar até as certezas que eu tinha antes da sua chegada. Agora eu sou menos da metade sem você. Eu perdi mais do que ganhei.
Por fim, ainda assim, te afirmo: eu fui sua até perder as forças. Fui sua mesmo com toda essa confusão mental que você causa em mim. Fui sua mesmo sem que você fosse meu. Eu fui sua até o momento em que você não quis mais. E, assim como se doa um livro velho ao sebo, você pediu para que eu encontrasse alguém melhor que você; alguém que cuidasse de mim de um jeito que você nunca soube cuidar. Você confessou. Você fez algo que nunca havia feito: você confessou que estragou tudo. Confessou que te dei amor até transbordar e sair pelos poros. Te dei amor até você se assustar. E você preferiu brecar. Você teve medo do que poderia acontecer caso continuasse sendo cada vez mais amado – o que pra mim não faz sentido algum. Você brecou bruscamente e eu ainda segui por um tempo sem você, assim como manda a lei da inércia. Mas aqui é meu ponto de parada, não darei mais um passo por você.
Lamento não ter conseguido fazer com que me amasse na mesma intensidade na qual te amei. Eu fui sua e, mesmo negando, talvez eu ainda seja por um tempo. Vê se não demora, você sabe meu endereço e o café amargo que tanto gosta já está esfriando.
Talvez hoje você tenha acordado sentindo falta dele. Ou falta daquela falta que você costumava fazer a ele. Eu sei que dói saber que ele já não se importa mais contigo, que não é mais seu nome que ele cita nas conversas, que não é mais seu beijo que ele anseia, que não é mais por você que ele sorri, e que não é mais seu o coração dele. Mas talvez nunca tenha sido, e também dói pensar assim.
Eu sei que você está confusa porque não sabe se ele chegou a gostar mesmo da sua companhia, da sua risada, da sua voz, de você. E você já não sabe se dói mais pensar que ele simplesmente deixou de te amar, ou se ele nunca chegou a te amar. Porque ser trocada dói. Caralho, como dói! Ser esquecida, abandonada, deixada numa prateleira empoeirada como um livro velho, dói pra valer. Mas você sorri. Você sorri porque é forte. Ou porque é insegura.
Você sorri por medo de que te perguntem o que está acontecendo, caso chore. Medo de que as pessoas não tenham tempo para ouvir seu quase melodrama mexicano que, por agora, parece ser o fim do seu mundo. Porém, não é. Vai perturbar, você vai pensar em vingança, vai querer encher a cara e conhecer novas bocas. Você vai fazer tudo isso e no final vai cair na cama, chorando em cima do travesseiro e daquela velha foto de vocês dois. Porque é ele quem te deixa boba, apaixonada, vidrada, iludida. É ele quem sempre esteve do seu lado, segurando sua mão, ouvindo seus dramas familiares, elogiando sua pinta perto da cutícula, enrolando a ponta do seu cabelo e mordendo sua panturrilha.
Agora ele já não está mais contigo e sua vida parece não ter mais sentido. Você já não sabe como é que vai dormir todas as noites sem aquele “boa noite, linda” rouco. Já não sabe como é que vai assistir filme sem aquela mão macia entrelaçada na sua, sem aqueles dedos alisando seu cabelo, sem aquela boca que só você sabia a tonalidade exata. Você já não sabe como é que vai sorrir sem ser por consequência daquele sorriso lateral que só ele sabia dar. Já não sabe como é que vai conseguir amar outra pessoa depois de tanta decepção. Porque você está com medo e acha que todos os caras vão ser filhos da puta como ele foi. Você acha que todos terão facilidade em te enganar, te trocar, te usar. E, como consequência da dor, você sente uma necessidade absurda de parecer fria e de não confiar em ninguém. Aí as pessoas acabam botando a culpa em você e dizem que ele te largou porque você não dava amor. Mas mal sabem elas que isso era o que você mais dava, até se cansar.
Ele te largou porque cansou de não poder retribuir tanto amor, isso sim. Porque você corria atrás, fazia planos, buscava meios, encontrava soluções, se descabelava, implorava e ele nada. Ele sempre nada. Sem demonstrar nada. Sem dizer nada. Sem, talvez, sentir nada. Ele sempre nada e você sempre tudo. Cheia de intensidade, você fazia de tudo, buscava por tudo, perdoava tudo, esquecia tudo, abria mão de tudo. Uma não-reciprocidade que dói a qualquer terceiro que ouça sua história. Uma não-reciprocidade que doeu em cada órgão do seu corpo e te fez mais forte. Ou mais forçada - como preferir.
Um quase melodrama mexicano
18 de jan. de 2015
Talvez hoje você tenha acordado sentindo falta dele. Ou falta daquela falta que você costumava fazer a ele. Eu sei que dói saber que ele já não se importa mais contigo, que não é mais seu nome que ele cita nas conversas, que não é mais seu beijo que ele anseia, que não é mais por você que ele sorri, e que não é mais seu o coração dele. Mas talvez nunca tenha sido, e também dói pensar assim.
Eu sei que você está confusa porque não sabe se ele chegou a gostar mesmo da sua companhia, da sua risada, da sua voz, de você. E você já não sabe se dói mais pensar que ele simplesmente deixou de te amar, ou se ele nunca chegou a te amar. Porque ser trocada dói. Caralho, como dói! Ser esquecida, abandonada, deixada numa prateleira empoeirada como um livro velho, dói pra valer. Mas você sorri. Você sorri porque é forte. Ou porque é insegura.
Você sorri por medo de que te perguntem o que está acontecendo, caso chore. Medo de que as pessoas não tenham tempo para ouvir seu quase melodrama mexicano que, por agora, parece ser o fim do seu mundo. Porém, não é. Vai perturbar, você vai pensar em vingança, vai querer encher a cara e conhecer novas bocas. Você vai fazer tudo isso e no final vai cair na cama, chorando em cima do travesseiro e daquela velha foto de vocês dois. Porque é ele quem te deixa boba, apaixonada, vidrada, iludida. É ele quem sempre esteve do seu lado, segurando sua mão, ouvindo seus dramas familiares, elogiando sua pinta perto da cutícula, enrolando a ponta do seu cabelo e mordendo sua panturrilha.
Agora ele já não está mais contigo e sua vida parece não ter mais sentido. Você já não sabe como é que vai dormir todas as noites sem aquele “boa noite, linda” rouco. Já não sabe como é que vai assistir filme sem aquela mão macia entrelaçada na sua, sem aqueles dedos alisando seu cabelo, sem aquela boca que só você sabia a tonalidade exata. Você já não sabe como é que vai sorrir sem ser por consequência daquele sorriso lateral que só ele sabia dar. Já não sabe como é que vai conseguir amar outra pessoa depois de tanta decepção. Porque você está com medo e acha que todos os caras vão ser filhos da puta como ele foi. Você acha que todos terão facilidade em te enganar, te trocar, te usar. E, como consequência da dor, você sente uma necessidade absurda de parecer fria e de não confiar em ninguém. Aí as pessoas acabam botando a culpa em você e dizem que ele te largou porque você não dava amor. Mas mal sabem elas que isso era o que você mais dava, até se cansar.
Ele te largou porque cansou de não poder retribuir tanto amor, isso sim. Porque você corria atrás, fazia planos, buscava meios, encontrava soluções, se descabelava, implorava e ele nada. Ele sempre nada. Sem demonstrar nada. Sem dizer nada. Sem, talvez, sentir nada. Ele sempre nada e você sempre tudo. Cheia de intensidade, você fazia de tudo, buscava por tudo, perdoava tudo, esquecia tudo, abria mão de tudo. Uma não-reciprocidade que dói a qualquer terceiro que ouça sua história. Uma não-reciprocidade que doeu em cada órgão do seu corpo e te fez mais forte. Ou mais forçada - como preferir.
Talvez eu tenha sido muita ingênua mesmo ao acreditar em
você quando todos me diziam para não o fazer. Ou talvez eu tenha sido só mais
uma influenciada pelos seus encantos. Independentemente de qual seja a razão,
agora é tarde demais para ficar procurando desculpas e justificativas.
Creio que no fundo eu sabia que isso provavelmente aconteceria,
mas optei por botar fé em que você seria diferente comigo, que eu era capaz de
te mudar. É isso que dá ler inúmeros livros e histórias clichês com finais
felizes, onde a mocinha sempre tornava o cara mal em alguém do bem. Obviamente
não deu certo. Eu devo ser uma pessoa muito inútil e incapaz ou os escritores
apenas gostam de nos decepcionar com o choque que levamos ao largar o mundo dos
textos e encararmos a realidade. Eu nunca poderia te mudar. Se uma pessoa algum
dia mudou de verdade, foi porque ela quis. Seus motivos até poderiam ter base
num sentimento, mas ninguém a fez ser outra pessoa. Agora eu até percebo o quão
ridículo isso soa.
É inegável que você me fazia bem só por estar comigo. Não me
importava se me agradava, ignorava ou até brigava comigo. O som da voz rouca e lenta
que saia de sua boca amenizava qualquer palavra dura e tornava mais doce cada
mimo. Só de ter seu olhar caindo sobre mim, não importando qual fosse sua
expressão, eu me sentia segura. Ah, quanta ironia! Era com você que eu corria
perigo, sempre foi, e você me fez crer o contrário. Mas como é que eu podia
desconfiar e te evitar se o mal, o seu mal, me fazia bem?
Todas as vezes em que eu penso que não passei de mais uma da
sua lista “já peguei”, eu me sinto suja. Era só isso que você queria, o tempo
todo. Eu me entreguei completamente à você, cedi perante as suas vontades por
mais que contrariassem as minhas e você não moveu um dedo por mim. Tudo isso
pra você me trocar no final.
Merecido. Desde toda a discussão e o tapa que levei de minha
melhor amiga, por chamá-la de invejosa após me alertar sobre você. Até quebrar
a cara ao ver você e a “única em quem eu posso confiar”, aquela que eu chamava
de amiga e que foi a única que me apoiou em estar com você, aos beijos na
praia, no meu local especial da praia. Ia ser tão difícil ter um pouco de
consideração e inteligência para não ir ao meu local preferido ao me trair? Ou
você só queria que eu pegasse vocês no flagra para que eu quebrasse a cara? Foi
tudo muito bem merecido mesmo, para ver se eu paro de ser trouxa.
Agora eu não tenho mais um namorado, uma melhor amiga e nem
uma única pessoa em quem eu possa confiar. Você conseguiu tirar de mim até a
minha honra e meu respeito próprio. Não sei dizer se estou brava ou
decepcionada... Acho que não sinto nada além da falta nesse momento e nem vá
sentir em muito tempo. Felizmente ou não, saiba que agora você leva consigo os
meus sentimentos. Todos aqueles que eu gastei contigo sem ter retorno. Tudo começara
num clichê e assim acabará pois, ao partir, você levou meu coração. Mas, apesar
de tudo, eu ainda sinto sua falta. Ainda espero que você volte, se arrependa e
mude minha ideologia de ninguém ser capaz de mudar um outro alguém. Ainda quero
sua voz lenta e rouca me amando ou odiando enquanto seus olhos me fitam, com a
expressão que desejares. Ainda te quero aqui, preenchendo novamente o vazio que
deixaste.

Clichês
14 de jan. de 2015
Talvez eu tenha sido muita ingênua mesmo ao acreditar em
você quando todos me diziam para não o fazer. Ou talvez eu tenha sido só mais
uma influenciada pelos seus encantos. Independentemente de qual seja a razão,
agora é tarde demais para ficar procurando desculpas e justificativas.
Creio que no fundo eu sabia que isso provavelmente aconteceria,
mas optei por botar fé em que você seria diferente comigo, que eu era capaz de
te mudar. É isso que dá ler inúmeros livros e histórias clichês com finais
felizes, onde a mocinha sempre tornava o cara mal em alguém do bem. Obviamente
não deu certo. Eu devo ser uma pessoa muito inútil e incapaz ou os escritores
apenas gostam de nos decepcionar com o choque que levamos ao largar o mundo dos
textos e encararmos a realidade. Eu nunca poderia te mudar. Se uma pessoa algum
dia mudou de verdade, foi porque ela quis. Seus motivos até poderiam ter base
num sentimento, mas ninguém a fez ser outra pessoa. Agora eu até percebo o quão
ridículo isso soa.
É inegável que você me fazia bem só por estar comigo. Não me
importava se me agradava, ignorava ou até brigava comigo. O som da voz rouca e lenta
que saia de sua boca amenizava qualquer palavra dura e tornava mais doce cada
mimo. Só de ter seu olhar caindo sobre mim, não importando qual fosse sua
expressão, eu me sentia segura. Ah, quanta ironia! Era com você que eu corria
perigo, sempre foi, e você me fez crer o contrário. Mas como é que eu podia
desconfiar e te evitar se o mal, o seu mal, me fazia bem?
Todas as vezes em que eu penso que não passei de mais uma da
sua lista “já peguei”, eu me sinto suja. Era só isso que você queria, o tempo
todo. Eu me entreguei completamente à você, cedi perante as suas vontades por
mais que contrariassem as minhas e você não moveu um dedo por mim. Tudo isso
pra você me trocar no final.
Merecido. Desde toda a discussão e o tapa que levei de minha
melhor amiga, por chamá-la de invejosa após me alertar sobre você. Até quebrar
a cara ao ver você e a “única em quem eu posso confiar”, aquela que eu chamava
de amiga e que foi a única que me apoiou em estar com você, aos beijos na
praia, no meu local especial da praia. Ia ser tão difícil ter um pouco de
consideração e inteligência para não ir ao meu local preferido ao me trair? Ou
você só queria que eu pegasse vocês no flagra para que eu quebrasse a cara? Foi
tudo muito bem merecido mesmo, para ver se eu paro de ser trouxa.
Agora eu não tenho mais um namorado, uma melhor amiga e nem
uma única pessoa em quem eu possa confiar. Você conseguiu tirar de mim até a
minha honra e meu respeito próprio. Não sei dizer se estou brava ou
decepcionada... Acho que não sinto nada além da falta nesse momento e nem vá
sentir em muito tempo. Felizmente ou não, saiba que agora você leva consigo os
meus sentimentos. Todos aqueles que eu gastei contigo sem ter retorno. Tudo começara
num clichê e assim acabará pois, ao partir, você levou meu coração. Mas, apesar
de tudo, eu ainda sinto sua falta. Ainda espero que você volte, se arrependa e
mude minha ideologia de ninguém ser capaz de mudar um outro alguém. Ainda quero
sua voz lenta e rouca me amando ou odiando enquanto seus olhos me fitam, com a
expressão que desejares. Ainda te quero aqui, preenchendo novamente o vazio que
deixaste.

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