resenhas
“Perca um pouco a cada dia. Aceite austero (…) A arte de perder não é nenhum mistério.”
Em 2013, Bruno Barreto, em conjunto com a Globo Filmes, abordou de forma excepcional o homossexualismo ao produzir “Flores Raras”. Além de tratar da relação afetiva entre duas mulheres na década de 50, quando a sociedade não admitia a homossexualidade, o filme vai além e traz o amor como conflito e solução.
A solitária poetisa Elizabeth Bishop deixa os Estados Unidos para passar uma temporada no Brasil à procura de inspiração, descanso e fuga da realidade. Assim que chega ao Rio de Janeiro, sua amiga de faculdade, Mary busca-a acompanhada de sua companheira Lota. Mary é delicada e mal fala português, já Lota é brasileira e dona de uma personalidade forte. Apesar do estranhamento incial, a insegura Elizabeth acha o que faltava em si em Lota, e vice-versa, originando um relacionamento que desafia a sociedade e muda a vida de ambas.
Após a morte do pai aos oito meses e a internação da mãe aos cinco anos, Elizabeth cresce como uma mulher sem amor. A americana recorre à bebida alcoólica como seu ponto de fuga e, assim, tende a tornar-se cada vez mais dependente ao longo de sua vida. Apesar de poetisa, Bishop tem dificuldade de demonstrar o amor, uma vez que perdeu seus pais muito cedo, e só fala a Lota que a ama quando esta se encontra dormindo. Vemos, ao longo da trama, a dependência e submissão de Elizabeth dando lugar à uma personalidade semelhante à de sua companheira, não se sabe se motivada pelo sucesso literário ou se apenas resolveu deixar de sofrer.
Paralelamente ao conflito principal, o amor entre as duas mulheres, há a questão do Golpe Militar (1964), quando o então presidente João Goulart foi deposto e os militares assumiram o controle do país, fato que atingiu diretamente as personagens. O acontecimento tornou evidente a diferença ideológica entre norte americanos e brasileiros. Enquanto Lota comemora a intervenção militar, Bishop é totalmente contrária ao fato, uma vez que priva a liberdade da população. Para um estadunidense nacionalista, os brasileiros comemorarem o fim de sua liberdade é “fora de proporção”, como diz a própria poetisa.
Há aqueles que digam que o filme é confuso por ser rápido demais, principalmente quando Lota e Bishop se apaixonam, enquanto na cena anterior ainda não simpatizavam uma com a outra. Lota é impulsiva e inconsequente, por isso corre atrás do que quer sem levar em consideração o dia de amanhã, o que explica a aparente aceleração cronológica. A brasileira fica entre permanecer com Mary, na qual encontra segurança, ou embarcar na paixão quase que estritamente carnal por Elizabeth, tentando manter os dois relacionamentos simultaneamente durante a trama inteira. Tão incrível quanto a história, a atuação de Glória Pires, como Lota, e Miranda Otto, como Elizabeth, chama a atenção, principalmente no quesito linguístico, já que a transição inglês-português de ambas é quase que fluente.
O homossexualismo dos anos 50 e 60 era mal visto, enquanto hoje já é mais aceitado por uma parte considerável da população, mas isso não quer dizer que a sociedade em geral é menos intolerante. Pesquisas mostraram que em 2013 houve 313 homicídios de LGBTs no Brasil. Para uma sociedade que se diz tão evoluída, por que isso ainda acontece? O desrespeito do século passado acabou se transformando na violência e ódio gratuito do século XXI, assim que a sociedade reconheceu a existência da homoafetividade, as pessoas passaram a agir como sempre agem diante a algo novo, repudiaram-na. A aversão ao diferente é típica da sociedade medieval, da qual parece que não saímos ainda. . Enquanto a ideologia da sociedade contemporânea continuar como a de uma da Idade Média, nada vai mudar.
“Flores Raras”, além de tratar da história e cultura brasileira, ensina a lidar com perdas. Todas as personagens, assim como nós, perdem coisas e pessoas o tempo todo. Mas, como Bishop diz: “A arte de perder não é um desastre.”
Em 2013, Bruno Barreto, em conjunto com a Globo Filmes, abordou de forma excepcional o homossexualismo ao produzir “Flores Raras”. Além de tratar da relação afetiva entre duas mulheres na década de 50, quando a sociedade não admitia a homossexualidade, o filme vai além e traz o amor como conflito e solução.
A solitária poetisa Elizabeth Bishop deixa os Estados Unidos para passar uma temporada no Brasil à procura de inspiração, descanso e fuga da realidade. Assim que chega ao Rio de Janeiro, sua amiga de faculdade, Mary busca-a acompanhada de sua companheira Lota. Mary é delicada e mal fala português, já Lota é brasileira e dona de uma personalidade forte. Apesar do estranhamento incial, a insegura Elizabeth acha o que faltava em si em Lota, e vice-versa, originando um relacionamento que desafia a sociedade e muda a vida de ambas.
Após a morte do pai aos oito meses e a internação da mãe aos cinco anos, Elizabeth cresce como uma mulher sem amor. A americana recorre à bebida alcoólica como seu ponto de fuga e, assim, tende a tornar-se cada vez mais dependente ao longo de sua vida. Apesar de poetisa, Bishop tem dificuldade de demonstrar o amor, uma vez que perdeu seus pais muito cedo, e só fala a Lota que a ama quando esta se encontra dormindo. Vemos, ao longo da trama, a dependência e submissão de Elizabeth dando lugar à uma personalidade semelhante à de sua companheira, não se sabe se motivada pelo sucesso literário ou se apenas resolveu deixar de sofrer.
Paralelamente ao conflito principal, o amor entre as duas mulheres, há a questão do Golpe Militar (1964), quando o então presidente João Goulart foi deposto e os militares assumiram o controle do país, fato que atingiu diretamente as personagens. O acontecimento tornou evidente a diferença ideológica entre norte americanos e brasileiros. Enquanto Lota comemora a intervenção militar, Bishop é totalmente contrária ao fato, uma vez que priva a liberdade da população. Para um estadunidense nacionalista, os brasileiros comemorarem o fim de sua liberdade é “fora de proporção”, como diz a própria poetisa.
Há aqueles que digam que o filme é confuso por ser rápido demais, principalmente quando Lota e Bishop se apaixonam, enquanto na cena anterior ainda não simpatizavam uma com a outra. Lota é impulsiva e inconsequente, por isso corre atrás do que quer sem levar em consideração o dia de amanhã, o que explica a aparente aceleração cronológica. A brasileira fica entre permanecer com Mary, na qual encontra segurança, ou embarcar na paixão quase que estritamente carnal por Elizabeth, tentando manter os dois relacionamentos simultaneamente durante a trama inteira. Tão incrível quanto a história, a atuação de Glória Pires, como Lota, e Miranda Otto, como Elizabeth, chama a atenção, principalmente no quesito linguístico, já que a transição inglês-português de ambas é quase que fluente.
O homossexualismo dos anos 50 e 60 era mal visto, enquanto hoje já é mais aceitado por uma parte considerável da população, mas isso não quer dizer que a sociedade em geral é menos intolerante. Pesquisas mostraram que em 2013 houve 313 homicídios de LGBTs no Brasil. Para uma sociedade que se diz tão evoluída, por que isso ainda acontece? O desrespeito do século passado acabou se transformando na violência e ódio gratuito do século XXI, assim que a sociedade reconheceu a existência da homoafetividade, as pessoas passaram a agir como sempre agem diante a algo novo, repudiaram-na. A aversão ao diferente é típica da sociedade medieval, da qual parece que não saímos ainda. . Enquanto a ideologia da sociedade contemporânea continuar como a de uma da Idade Média, nada vai mudar.
“Flores Raras”, além de tratar da história e cultura brasileira, ensina a lidar com perdas. Todas as personagens, assim como nós, perdem coisas e pessoas o tempo todo. Mas, como Bishop diz: “A arte de perder não é um desastre.”
Flores Raras num campo de lírios iguais
17 de mar. de 2015
“Perca um pouco a cada dia. Aceite austero (…) A arte de perder não é nenhum mistério.”
Em 2013, Bruno Barreto, em conjunto com a Globo Filmes, abordou de forma excepcional o homossexualismo ao produzir “Flores Raras”. Além de tratar da relação afetiva entre duas mulheres na década de 50, quando a sociedade não admitia a homossexualidade, o filme vai além e traz o amor como conflito e solução.
A solitária poetisa Elizabeth Bishop deixa os Estados Unidos para passar uma temporada no Brasil à procura de inspiração, descanso e fuga da realidade. Assim que chega ao Rio de Janeiro, sua amiga de faculdade, Mary busca-a acompanhada de sua companheira Lota. Mary é delicada e mal fala português, já Lota é brasileira e dona de uma personalidade forte. Apesar do estranhamento incial, a insegura Elizabeth acha o que faltava em si em Lota, e vice-versa, originando um relacionamento que desafia a sociedade e muda a vida de ambas.
Após a morte do pai aos oito meses e a internação da mãe aos cinco anos, Elizabeth cresce como uma mulher sem amor. A americana recorre à bebida alcoólica como seu ponto de fuga e, assim, tende a tornar-se cada vez mais dependente ao longo de sua vida. Apesar de poetisa, Bishop tem dificuldade de demonstrar o amor, uma vez que perdeu seus pais muito cedo, e só fala a Lota que a ama quando esta se encontra dormindo. Vemos, ao longo da trama, a dependência e submissão de Elizabeth dando lugar à uma personalidade semelhante à de sua companheira, não se sabe se motivada pelo sucesso literário ou se apenas resolveu deixar de sofrer.
Paralelamente ao conflito principal, o amor entre as duas mulheres, há a questão do Golpe Militar (1964), quando o então presidente João Goulart foi deposto e os militares assumiram o controle do país, fato que atingiu diretamente as personagens. O acontecimento tornou evidente a diferença ideológica entre norte americanos e brasileiros. Enquanto Lota comemora a intervenção militar, Bishop é totalmente contrária ao fato, uma vez que priva a liberdade da população. Para um estadunidense nacionalista, os brasileiros comemorarem o fim de sua liberdade é “fora de proporção”, como diz a própria poetisa.
Há aqueles que digam que o filme é confuso por ser rápido demais, principalmente quando Lota e Bishop se apaixonam, enquanto na cena anterior ainda não simpatizavam uma com a outra. Lota é impulsiva e inconsequente, por isso corre atrás do que quer sem levar em consideração o dia de amanhã, o que explica a aparente aceleração cronológica. A brasileira fica entre permanecer com Mary, na qual encontra segurança, ou embarcar na paixão quase que estritamente carnal por Elizabeth, tentando manter os dois relacionamentos simultaneamente durante a trama inteira. Tão incrível quanto a história, a atuação de Glória Pires, como Lota, e Miranda Otto, como Elizabeth, chama a atenção, principalmente no quesito linguístico, já que a transição inglês-português de ambas é quase que fluente.
O homossexualismo dos anos 50 e 60 era mal visto, enquanto hoje já é mais aceitado por uma parte considerável da população, mas isso não quer dizer que a sociedade em geral é menos intolerante. Pesquisas mostraram que em 2013 houve 313 homicídios de LGBTs no Brasil. Para uma sociedade que se diz tão evoluída, por que isso ainda acontece? O desrespeito do século passado acabou se transformando na violência e ódio gratuito do século XXI, assim que a sociedade reconheceu a existência da homoafetividade, as pessoas passaram a agir como sempre agem diante a algo novo, repudiaram-na. A aversão ao diferente é típica da sociedade medieval, da qual parece que não saímos ainda. . Enquanto a ideologia da sociedade contemporânea continuar como a de uma da Idade Média, nada vai mudar.
“Flores Raras”, além de tratar da história e cultura brasileira, ensina a lidar com perdas. Todas as personagens, assim como nós, perdem coisas e pessoas o tempo todo. Mas, como Bishop diz: “A arte de perder não é um desastre.”
Em 2013, Bruno Barreto, em conjunto com a Globo Filmes, abordou de forma excepcional o homossexualismo ao produzir “Flores Raras”. Além de tratar da relação afetiva entre duas mulheres na década de 50, quando a sociedade não admitia a homossexualidade, o filme vai além e traz o amor como conflito e solução.
A solitária poetisa Elizabeth Bishop deixa os Estados Unidos para passar uma temporada no Brasil à procura de inspiração, descanso e fuga da realidade. Assim que chega ao Rio de Janeiro, sua amiga de faculdade, Mary busca-a acompanhada de sua companheira Lota. Mary é delicada e mal fala português, já Lota é brasileira e dona de uma personalidade forte. Apesar do estranhamento incial, a insegura Elizabeth acha o que faltava em si em Lota, e vice-versa, originando um relacionamento que desafia a sociedade e muda a vida de ambas.
Após a morte do pai aos oito meses e a internação da mãe aos cinco anos, Elizabeth cresce como uma mulher sem amor. A americana recorre à bebida alcoólica como seu ponto de fuga e, assim, tende a tornar-se cada vez mais dependente ao longo de sua vida. Apesar de poetisa, Bishop tem dificuldade de demonstrar o amor, uma vez que perdeu seus pais muito cedo, e só fala a Lota que a ama quando esta se encontra dormindo. Vemos, ao longo da trama, a dependência e submissão de Elizabeth dando lugar à uma personalidade semelhante à de sua companheira, não se sabe se motivada pelo sucesso literário ou se apenas resolveu deixar de sofrer.
Paralelamente ao conflito principal, o amor entre as duas mulheres, há a questão do Golpe Militar (1964), quando o então presidente João Goulart foi deposto e os militares assumiram o controle do país, fato que atingiu diretamente as personagens. O acontecimento tornou evidente a diferença ideológica entre norte americanos e brasileiros. Enquanto Lota comemora a intervenção militar, Bishop é totalmente contrária ao fato, uma vez que priva a liberdade da população. Para um estadunidense nacionalista, os brasileiros comemorarem o fim de sua liberdade é “fora de proporção”, como diz a própria poetisa.
Há aqueles que digam que o filme é confuso por ser rápido demais, principalmente quando Lota e Bishop se apaixonam, enquanto na cena anterior ainda não simpatizavam uma com a outra. Lota é impulsiva e inconsequente, por isso corre atrás do que quer sem levar em consideração o dia de amanhã, o que explica a aparente aceleração cronológica. A brasileira fica entre permanecer com Mary, na qual encontra segurança, ou embarcar na paixão quase que estritamente carnal por Elizabeth, tentando manter os dois relacionamentos simultaneamente durante a trama inteira. Tão incrível quanto a história, a atuação de Glória Pires, como Lota, e Miranda Otto, como Elizabeth, chama a atenção, principalmente no quesito linguístico, já que a transição inglês-português de ambas é quase que fluente.
O homossexualismo dos anos 50 e 60 era mal visto, enquanto hoje já é mais aceitado por uma parte considerável da população, mas isso não quer dizer que a sociedade em geral é menos intolerante. Pesquisas mostraram que em 2013 houve 313 homicídios de LGBTs no Brasil. Para uma sociedade que se diz tão evoluída, por que isso ainda acontece? O desrespeito do século passado acabou se transformando na violência e ódio gratuito do século XXI, assim que a sociedade reconheceu a existência da homoafetividade, as pessoas passaram a agir como sempre agem diante a algo novo, repudiaram-na. A aversão ao diferente é típica da sociedade medieval, da qual parece que não saímos ainda. . Enquanto a ideologia da sociedade contemporânea continuar como a de uma da Idade Média, nada vai mudar.
“Flores Raras”, além de tratar da história e cultura brasileira, ensina a lidar com perdas. Todas as personagens, assim como nós, perdem coisas e pessoas o tempo todo. Mas, como Bishop diz: “A arte de perder não é um desastre.”
Este livro é o quarto romance do escritor alagoano Graciliano Ramos. Foi publicado em 1938 pela editora José Olympio. Era uma obra que estava destinada a Geração de 30 ou segunda fase do modernismo no país.
A obra escrita estava diretamente relacionado aos acontecimentos da época. Seca no Nordeste, desigualdade social, fome e etc. Com isso, a família de Fabiano vive um grave problema econômico e não tenho o que comer tanto que precisam se mudar em busca de trabalho. No caminho da mudança, eles enfrentam a falta de comida como constante problema.
E um atrativo dessa obra é a grande qualidade de Graciliano Ramos. A forma de ver o Brasil totalmente regionalizado, utilizando a objetividade é o ponto máximo. Só que ele usa tanto disso que acaba causando uma comoção incrível ao leitor que está envolvido com a obra. Por exemplo, a morte da cadela Baleia.
Fica aí mais uma indicação de um grande escritor do nosso país!
Link abaixo com o livro completo.
http://colegioconexaoserradamesa.com.br/public/material/material_1ano_em_livro_vidassecas.pdf
Resenha: Vidas Secas - Graciliano Ramos.
5 de fev. de 2015
Este livro é o quarto romance do escritor alagoano Graciliano Ramos. Foi publicado em 1938 pela editora José Olympio. Era uma obra que estava destinada a Geração de 30 ou segunda fase do modernismo no país.
A obra escrita estava diretamente relacionado aos acontecimentos da época. Seca no Nordeste, desigualdade social, fome e etc. Com isso, a família de Fabiano vive um grave problema econômico e não tenho o que comer tanto que precisam se mudar em busca de trabalho. No caminho da mudança, eles enfrentam a falta de comida como constante problema.
E um atrativo dessa obra é a grande qualidade de Graciliano Ramos. A forma de ver o Brasil totalmente regionalizado, utilizando a objetividade é o ponto máximo. Só que ele usa tanto disso que acaba causando uma comoção incrível ao leitor que está envolvido com a obra. Por exemplo, a morte da cadela Baleia.
Fica aí mais uma indicação de um grande escritor do nosso país!
Link abaixo com o livro completo.
http://colegioconexaoserradamesa.com.br/public/material/material_1ano_em_livro_vidassecas.pdf
O livro Sentimento do Mundo é o terceiro trabalho poético da carreira de Carlos Drummond de Andrade. Possui 28 poemas que foram produzidos entre 1935 e 1940.
Essa obra é referente a primeira fase da carreira de Drummond, a fase gauche(lê-se gôxe). Ele trouxe o olhar do poeta sobre o mundo a sua volta, criticando o poder de destruição do homem, tentando para um lado mais crítico e totalmente político, engajado. Além disso, o livro foi escritor na época que período entre guerras. Anos do fim da primeira guerra mundial.
MENINO CHORANDO NA NOITE
Na noite lenta e morna,
morta noite sem ruído,
um menino chora.
O choro atrás da parede,
a luz atrás da vidraça
perdem-se na sombra dos passos abafados,
das vozes extenuadas,
e, no entanto,
se ouve até o rumor da gota de remédio
caindo na colher.
Um menino chora na noite,
atrás da parede, atrás da rua,
longe um menino chora,
em outra cidade talvez,
talvez em outro mundo.
E vejo a mão que levanta a colher,
enquanto a outra sustenta a cabeça
e vejo o fio oleoso
que escorre pelo queixo do menino,
escorre pela rua, escorre pela cidade,
um fio apenas.
E não há mais ninguém no mundo
A não esse menino chorando.
Um dos 28 poemas, Menino Chorando na Noite, representa a dor universal do mundo. Ser triste dói. Um poema considerado por possuir ternura. Uma qualidade bem predominante no livro é o isolamento social do que ocorre pelo sofrimento existente no mundo.
Resenha: Sentimento do Mundo - Carlos Drummond de Andrade.
3 de fev. de 2015
O livro Sentimento do Mundo é o terceiro trabalho poético da carreira de Carlos Drummond de Andrade. Possui 28 poemas que foram produzidos entre 1935 e 1940.
Essa obra é referente a primeira fase da carreira de Drummond, a fase gauche(lê-se gôxe). Ele trouxe o olhar do poeta sobre o mundo a sua volta, criticando o poder de destruição do homem, tentando para um lado mais crítico e totalmente político, engajado. Além disso, o livro foi escritor na época que período entre guerras. Anos do fim da primeira guerra mundial.
MENINO CHORANDO NA NOITE
Na noite lenta e morna,
morta noite sem ruído,
um menino chora.
O choro atrás da parede,
a luz atrás da vidraça
perdem-se na sombra dos passos abafados,
das vozes extenuadas,
e, no entanto,
se ouve até o rumor da gota de remédio
caindo na colher.
Um menino chora na noite,
atrás da parede, atrás da rua,
longe um menino chora,
em outra cidade talvez,
talvez em outro mundo.
E vejo a mão que levanta a colher,
enquanto a outra sustenta a cabeça
e vejo o fio oleoso
que escorre pelo queixo do menino,
escorre pela rua, escorre pela cidade,
um fio apenas.
E não há mais ninguém no mundo
A não esse menino chorando.
Um dos 28 poemas, Menino Chorando na Noite, representa a dor universal do mundo. Ser triste dói. Um poema considerado por possuir ternura. Uma qualidade bem predominante no livro é o isolamento social do que ocorre pelo sofrimento existente no mundo.
O marco da escola Realista no Brasil em 1881. Uma obra de Machado de Assis que não possui todos traços realistas por se passar de uma transição do Romantismo a essa época. Para entender melhor essa resenha, irei retomar uma explicação sobre a escola romântica.
Nessa época, mesmo dividida em 3 fases, a característica mais forte era a idealização da mulher como pessoa purificada e que não existia. Alguém perfeito. Por exemplo, no trecho abaixo, Álvares de Azevedo demonstra um eu lírico sofrendo muito pela mulher idealizada e inacessível. O desejo pela morte era muito forte na segunda fase do Romantismo.
Soneto(...)
"Morro, morro por ti! na minha aurora
A dor do coração, a dor mais forte,
A dor de um desengano me devora..."
"Morro, morro por ti! na minha aurora
A dor do coração, a dor mais forte,
A dor de um desengano me devora..."
Sabendo disso e, claro, do eu lírico como narrador onisciente no Romantismo, posso dar uma explicação sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas.
A obra é enquadrada no gênero literário sátira menipéia, no qual um morto se dirige aos vivos para criticar a humanidade. Brás Cubas é um homem rico e solteiro que, depois de morto, se dedica a tarefa de contar a sua história. Da sua infância, lembra o contato com Quincas Borba e o comportamento que fazia maltratar o escravo Prudêncio. E na juventude, lembra do seu envolvimento com a prostituta de luxo, Marcela.
E para mostrar uma quebra do Romantismo, a própria prostituta. A mulher era idealizada e perfeita na antiga escola mas no Realismo é totalmente diferente. A obra retrata bem isso. Uma mulher com desejo carnal, possuindo todos os defeitos que um humano normal contém.Tanto que a mesma falar ter amado por "quinze meses e onze contos de réis". No decorrer da história, Brás Cubas exerce sua carreira política e se envolve em ações beneficentes sem amor algum ao seu trabalho.
O narrador vê com muito desprezo o caráter das pessoas no decorrer da obra com trechos repletos de ironias. Críticas pesadas ao caráter do ser humano fazendo o próprio leitor ser vítima das ironias.
O
balanço final, tão triste quanto sua existência, arremata a
narrativa de forma pessimista: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma
criatura o legado da nossa miséria”.
Resenha: Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis
15 de jan. de 2015
O marco da escola Realista no Brasil em 1881. Uma obra de Machado de Assis que não possui todos traços realistas por se passar de uma transição do Romantismo a essa época. Para entender melhor essa resenha, irei retomar uma explicação sobre a escola romântica.
Nessa época, mesmo dividida em 3 fases, a característica mais forte era a idealização da mulher como pessoa purificada e que não existia. Alguém perfeito. Por exemplo, no trecho abaixo, Álvares de Azevedo demonstra um eu lírico sofrendo muito pela mulher idealizada e inacessível. O desejo pela morte era muito forte na segunda fase do Romantismo.
Soneto(...)
"Morro, morro por ti! na minha aurora
A dor do coração, a dor mais forte,
A dor de um desengano me devora..."
"Morro, morro por ti! na minha aurora
A dor do coração, a dor mais forte,
A dor de um desengano me devora..."
Sabendo disso e, claro, do eu lírico como narrador onisciente no Romantismo, posso dar uma explicação sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas.
A obra é enquadrada no gênero literário sátira menipéia, no qual um morto se dirige aos vivos para criticar a humanidade. Brás Cubas é um homem rico e solteiro que, depois de morto, se dedica a tarefa de contar a sua história. Da sua infância, lembra o contato com Quincas Borba e o comportamento que fazia maltratar o escravo Prudêncio. E na juventude, lembra do seu envolvimento com a prostituta de luxo, Marcela.
E para mostrar uma quebra do Romantismo, a própria prostituta. A mulher era idealizada e perfeita na antiga escola mas no Realismo é totalmente diferente. A obra retrata bem isso. Uma mulher com desejo carnal, possuindo todos os defeitos que um humano normal contém.Tanto que a mesma falar ter amado por "quinze meses e onze contos de réis". No decorrer da história, Brás Cubas exerce sua carreira política e se envolve em ações beneficentes sem amor algum ao seu trabalho.
O narrador vê com muito desprezo o caráter das pessoas no decorrer da obra com trechos repletos de ironias. Críticas pesadas ao caráter do ser humano fazendo o próprio leitor ser vítima das ironias.
O
balanço final, tão triste quanto sua existência, arremata a
narrativa de forma pessimista: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma
criatura o legado da nossa miséria”.
Morte e Vida Severina é um livro contando em poesia do poeta e escritor pernambucano João Cabral de Melo Neto. Obra de sucesso da terceira fase modernista. Época em que se valorizava o aprofundamento temático do que era proposto.
O próprio título mostra o quanto esse autor era destinado a sua época.
As histórias tradicionais costumam linear os fatos através da vida até a morte. João fez o contrário. Ele quebrou esse paradigma querendo propor descrever que a morte vem primeiro até chegar a vida. E por que "Vida Severina"? Semanticamente falando, isso se trata de uma locução adjetiva do qual faz o título se referir a todos os "severinos" que sobrevivem as condições difíceis.
E quem esses "severinos"? Ele conseguiu generalizar todos os retirantes que vão buscar uma vida melhor em um único personagem. Já relacionando com a principal característica da terceira fase moderna.
O próprio título mostra o quanto esse autor era destinado a sua época.
As histórias tradicionais costumam linear os fatos através da vida até a morte. João fez o contrário. Ele quebrou esse paradigma querendo propor descrever que a morte vem primeiro até chegar a vida. E por que "Vida Severina"? Semanticamente falando, isso se trata de uma locução adjetiva do qual faz o título se referir a todos os "severinos" que sobrevivem as condições difíceis.
E quem esses "severinos"? Ele conseguiu generalizar todos os retirantes que vão buscar uma vida melhor em um único personagem. Já relacionando com a principal característica da terceira fase moderna.
"Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba."
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba."
Por exemplo, devido as dificuldades em que o personagem retirante vive, decide tentar se identificar para o público através de acontecimentos da sua vida, segundo o trecho acima. Por que? É nítido observar que uma pessoa como essa sobrevive em condições precárias das quais não pode nem possuir um simples nome registrado no cartório.
"Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,"
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,"
Ao desenrolar da cena, consegue ser identificado uma das principais características de João Cabral de Melo neto. A metapoesia. Ao ler profundamente esse trecho, observa-se uma comparação com a próprio trabalho poético. A dificuldade em trabalhar e transmitir a mensagem da palavra.
Feito isso, a história se resume em contar a viagem de um retirante do Sertão para a Zona da Mata, certo? Errado! Inicialmente, algum leitor pode acabar se perguntando: O tema em si é a seca. Por que ele encontra fertilidade em Recife e a obra continua?! Aí que entra o aprofundamento temático da terceira fase modernista. Ele trata de retratar a dificuldade em que muitos retirantes enfrentam ao sair de sua casa em busca de trabalho. O descaso é tanto que uns chegam a falecer sem condições de viver.
Ah, detalhe! Por que o subtítulo do livro está titulado como "Um Auto de Natal Pernambucano?" Ao chegar na Zona da Mata pernambucana, Severino espera encontrar fartura e fertilidade. Com as dificuldades ocorrendo no local, uma cena em especial trata de explicar isso. O nascimento do menino com 3 sertanejas ao seu redor em comparação ao nascimento de Jesus Cristo e os reis magos é facilmente identificado. Mas não quer dizer que é religioso. É dito auto de natal pois lembra a cena porém representada pela esperança de uma vivência melhor na região.
Com tudo isso, fica minha indicação para a procura desse livro de gigante qualidade.
Resenha: Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto.
6 de jan. de 2015
Morte e Vida Severina é um livro contando em poesia do poeta e escritor pernambucano João Cabral de Melo Neto. Obra de sucesso da terceira fase modernista. Época em que se valorizava o aprofundamento temático do que era proposto.
O próprio título mostra o quanto esse autor era destinado a sua época.
As histórias tradicionais costumam linear os fatos através da vida até a morte. João fez o contrário. Ele quebrou esse paradigma querendo propor descrever que a morte vem primeiro até chegar a vida. E por que "Vida Severina"? Semanticamente falando, isso se trata de uma locução adjetiva do qual faz o título se referir a todos os "severinos" que sobrevivem as condições difíceis.
E quem esses "severinos"? Ele conseguiu generalizar todos os retirantes que vão buscar uma vida melhor em um único personagem. Já relacionando com a principal característica da terceira fase moderna.
O próprio título mostra o quanto esse autor era destinado a sua época.
As histórias tradicionais costumam linear os fatos através da vida até a morte. João fez o contrário. Ele quebrou esse paradigma querendo propor descrever que a morte vem primeiro até chegar a vida. E por que "Vida Severina"? Semanticamente falando, isso se trata de uma locução adjetiva do qual faz o título se referir a todos os "severinos" que sobrevivem as condições difíceis.
E quem esses "severinos"? Ele conseguiu generalizar todos os retirantes que vão buscar uma vida melhor em um único personagem. Já relacionando com a principal característica da terceira fase moderna.
"Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba."
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba."
Por exemplo, devido as dificuldades em que o personagem retirante vive, decide tentar se identificar para o público através de acontecimentos da sua vida, segundo o trecho acima. Por que? É nítido observar que uma pessoa como essa sobrevive em condições precárias das quais não pode nem possuir um simples nome registrado no cartório.
"Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,"
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,"
Ao desenrolar da cena, consegue ser identificado uma das principais características de João Cabral de Melo neto. A metapoesia. Ao ler profundamente esse trecho, observa-se uma comparação com a próprio trabalho poético. A dificuldade em trabalhar e transmitir a mensagem da palavra.
Feito isso, a história se resume em contar a viagem de um retirante do Sertão para a Zona da Mata, certo? Errado! Inicialmente, algum leitor pode acabar se perguntando: O tema em si é a seca. Por que ele encontra fertilidade em Recife e a obra continua?! Aí que entra o aprofundamento temático da terceira fase modernista. Ele trata de retratar a dificuldade em que muitos retirantes enfrentam ao sair de sua casa em busca de trabalho. O descaso é tanto que uns chegam a falecer sem condições de viver.
Ah, detalhe! Por que o subtítulo do livro está titulado como "Um Auto de Natal Pernambucano?" Ao chegar na Zona da Mata pernambucana, Severino espera encontrar fartura e fertilidade. Com as dificuldades ocorrendo no local, uma cena em especial trata de explicar isso. O nascimento do menino com 3 sertanejas ao seu redor em comparação ao nascimento de Jesus Cristo e os reis magos é facilmente identificado. Mas não quer dizer que é religioso. É dito auto de natal pois lembra a cena porém representada pela esperança de uma vivência melhor na região.
Com tudo isso, fica minha indicação para a procura desse livro de gigante qualidade.
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