Conto: Ensaios sobre ela.

26 de jan. de 2015

 Quando eu comecei a pensar em escrever essa história eu tentei de tudo: poesia, crônica, fanfic, até fábula. E ao final, em forma de conto, decidi espalhar delicadamente nossa história de amor, como você me pediu. Refiz umas mil vezes essa primeira parte, tentei parecer intelectual, engraçado, sabichão ou sagaz! E no final, tudo saia desconcertado e torto. Exatamente como minha vida depois do nosso fim. Desconcertada e torta.
Oito de julho. Férias da faculdade para mim. No auge dos meus vinte e três anos, eu só conseguia pensar em como eu queria fugir de mim mesmo por alguns minutos e voltar quando tudo estivesse resolvido. Quando meus pais já tivessem decidido se ficariam juntos ou não. Quando minhas notas na faculdade aumentassem. Quando eu conseguisse ser alguém notável nesse mundo. Nem precisava ser no mundo na verdade, se me notassem em casa, no trabalho e na faculdade já era de bom tamanho. Afinal, meu mundo se resumia nisso.
Não quero pagar de antissocial, porém nunca fui bom com amizades. Mas naquela época, tinha um cara do segundo ano que era bacana, nós conversávamos e trocávamos experiências. Eu chamava-o de conhecido, mas seu nome de verdade era Gregory. Dezenove anos na cara e tinha mais coisa para contar do que eu. Ele já tinha morado fora do país, sabia falar francês e não podia passar perto do prédio de arquitetura que as garotas caiam matando. Mas não quero me aprofundar na vida fantástica do playboyzinho. Quero falar dela. E para falar dela, preciso contar que, um dia, esse tal de Gregory me convidou para uma festa em sua casa. No dia oito de julho, pela manhã.
- Olha, eu não tenho uns cálculos para resolver… eu não sei. - essa era minha desculpa para quase tudo. E é uma desculpa bem aceita quando você é aluno do quarto ano de engenharia civil.
- Vá se foder, você está de férias! Quero você lá hoje, as nove, sem falta.
Suspirei um tanto impaciente, se ele insistisse mais um pouco eu acabaria com nossa “amizade”. Odeio insistências.
- Vou me esforçar para ir. - prometi.
- Se você faltar eu te mato, viado.
Ele me deu um soco no braço me obrigando a fazer o mesmo com ele, só que mais forte.
Festas eram terríveis para mim. Isso não significa que eu não saísse, sempre gostei de bares e de jogar sinuca. Isso me rendia algumas companhias de um dia só, e algumas garotas que duravam o mesmo tempo. E o que eu mais desejava naquele momento era evaporar o playboy e ir correndo para o bar mais próximo tomar um litro de cerveja.
Já era tarde quando eu resolvi me arrumar para ao menos dar um “meus parabéns” para o único cara que me suportava. Nem sabia o que vestir para essas festas, mas fiz o melhor que pude. “Pode ser que seja legal!” minha mente repetia. E eu nem imaginava o que me esperava lá. 




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