“Perca um pouco a cada dia. Aceite austero (…) A arte de perder não é nenhum mistério.”

      Em 2013, Bruno Barreto, em conjunto com a Globo Filmes, abordou de forma excepcional o homossexualismo ao produzir “Flores Raras”. Além de tratar da relação afetiva entre duas mulheres na década de 50, quando a sociedade não admitia a homossexualidade, o filme vai além e traz o amor como conflito e solução.
A solitária poetisa Elizabeth Bishop deixa os Estados Unidos para passar uma temporada no Brasil à procura de inspiração, descanso e fuga da realidade. Assim que chega ao Rio de Janeiro, sua amiga de faculdade, Mary busca-a acompanhada de sua companheira Lota. Mary é delicada e mal fala português, já Lota é brasileira e dona de uma personalidade forte. Apesar do estranhamento incial, a insegura Elizabeth acha o que faltava em si em Lota, e vice-versa, originando um relacionamento que desafia a sociedade e muda a vida de ambas.
Após a morte do pai aos oito meses e a internação da mãe aos cinco anos, Elizabeth cresce como uma mulher sem amor. A americana recorre à bebida alcoólica como seu ponto de fuga e, assim, tende a tornar-se cada vez mais dependente ao longo de sua vida. Apesar de poetisa, Bishop tem dificuldade de demonstrar o amor, uma vez que perdeu seus pais muito cedo, e só fala a Lota que a ama quando esta se encontra dormindo. Vemos, ao longo da trama, a dependência e submissão de Elizabeth dando lugar à uma personalidade semelhante à de sua companheira, não se sabe se motivada pelo sucesso literário ou se apenas resolveu deixar de sofrer.
Paralelamente ao conflito principal, o amor entre as duas mulheres, há a questão do Golpe Militar (1964), quando o então presidente João Goulart foi deposto e os militares assumiram o controle do país, fato que atingiu diretamente as personagens. O acontecimento tornou evidente a diferença ideológica entre norte americanos e brasileiros. Enquanto Lota comemora a intervenção militar, Bishop é totalmente contrária ao fato, uma vez que priva a liberdade da população. Para um estadunidense nacionalista, os brasileiros comemorarem o fim de sua liberdade é “fora de proporção”, como diz a própria poetisa.
Há aqueles que digam que o filme é confuso por ser rápido demais, principalmente quando Lota e Bishop se apaixonam, enquanto na cena anterior ainda não simpatizavam uma com a outra. Lota é impulsiva e inconsequente, por isso corre atrás do que quer sem levar em consideração o dia de amanhã, o que explica a aparente aceleração cronológica. A brasileira fica entre permanecer com Mary, na qual encontra segurança, ou embarcar na paixão quase que estritamente carnal por Elizabeth, tentando manter os dois relacionamentos simultaneamente durante a trama inteira. Tão incrível quanto a história, a atuação de Glória Pires, como Lota, e Miranda Otto, como Elizabeth, chama a atenção, principalmente no quesito linguístico, já que a transição inglês-português de ambas é quase que fluente.
O homossexualismo dos anos 50 e 60 era mal visto, enquanto hoje já é mais aceitado por uma parte considerável da população, mas isso não quer dizer que a sociedade em geral é menos intolerante. Pesquisas mostraram que em 2013 houve 313 homicídios de LGBTs no Brasil. Para uma sociedade que se diz tão evoluída, por que isso ainda acontece? O desrespeito do século passado acabou se transformando na violência e ódio gratuito do século XXI, assim que a sociedade reconheceu a existência da homoafetividade, as pessoas passaram a agir como sempre agem diante a algo novo, repudiaram-na. A aversão ao diferente é típica da sociedade medieval, da qual parece que não saímos ainda. . Enquanto a ideologia da sociedade contemporânea continuar como a de uma da Idade Média, nada vai mudar.
“Flores Raras”, além de tratar da história e cultura brasileira, ensina a lidar com perdas. Todas as personagens, assim como nós, perdem coisas e pessoas o tempo todo. Mas, como Bishop diz: “A arte de perder não é um desastre.”



Flores Raras num campo de lírios iguais

17 de mar. de 2015

“Perca um pouco a cada dia. Aceite austero (…) A arte de perder não é nenhum mistério.”

      Em 2013, Bruno Barreto, em conjunto com a Globo Filmes, abordou de forma excepcional o homossexualismo ao produzir “Flores Raras”. Além de tratar da relação afetiva entre duas mulheres na década de 50, quando a sociedade não admitia a homossexualidade, o filme vai além e traz o amor como conflito e solução.
A solitária poetisa Elizabeth Bishop deixa os Estados Unidos para passar uma temporada no Brasil à procura de inspiração, descanso e fuga da realidade. Assim que chega ao Rio de Janeiro, sua amiga de faculdade, Mary busca-a acompanhada de sua companheira Lota. Mary é delicada e mal fala português, já Lota é brasileira e dona de uma personalidade forte. Apesar do estranhamento incial, a insegura Elizabeth acha o que faltava em si em Lota, e vice-versa, originando um relacionamento que desafia a sociedade e muda a vida de ambas.
Após a morte do pai aos oito meses e a internação da mãe aos cinco anos, Elizabeth cresce como uma mulher sem amor. A americana recorre à bebida alcoólica como seu ponto de fuga e, assim, tende a tornar-se cada vez mais dependente ao longo de sua vida. Apesar de poetisa, Bishop tem dificuldade de demonstrar o amor, uma vez que perdeu seus pais muito cedo, e só fala a Lota que a ama quando esta se encontra dormindo. Vemos, ao longo da trama, a dependência e submissão de Elizabeth dando lugar à uma personalidade semelhante à de sua companheira, não se sabe se motivada pelo sucesso literário ou se apenas resolveu deixar de sofrer.
Paralelamente ao conflito principal, o amor entre as duas mulheres, há a questão do Golpe Militar (1964), quando o então presidente João Goulart foi deposto e os militares assumiram o controle do país, fato que atingiu diretamente as personagens. O acontecimento tornou evidente a diferença ideológica entre norte americanos e brasileiros. Enquanto Lota comemora a intervenção militar, Bishop é totalmente contrária ao fato, uma vez que priva a liberdade da população. Para um estadunidense nacionalista, os brasileiros comemorarem o fim de sua liberdade é “fora de proporção”, como diz a própria poetisa.
Há aqueles que digam que o filme é confuso por ser rápido demais, principalmente quando Lota e Bishop se apaixonam, enquanto na cena anterior ainda não simpatizavam uma com a outra. Lota é impulsiva e inconsequente, por isso corre atrás do que quer sem levar em consideração o dia de amanhã, o que explica a aparente aceleração cronológica. A brasileira fica entre permanecer com Mary, na qual encontra segurança, ou embarcar na paixão quase que estritamente carnal por Elizabeth, tentando manter os dois relacionamentos simultaneamente durante a trama inteira. Tão incrível quanto a história, a atuação de Glória Pires, como Lota, e Miranda Otto, como Elizabeth, chama a atenção, principalmente no quesito linguístico, já que a transição inglês-português de ambas é quase que fluente.
O homossexualismo dos anos 50 e 60 era mal visto, enquanto hoje já é mais aceitado por uma parte considerável da população, mas isso não quer dizer que a sociedade em geral é menos intolerante. Pesquisas mostraram que em 2013 houve 313 homicídios de LGBTs no Brasil. Para uma sociedade que se diz tão evoluída, por que isso ainda acontece? O desrespeito do século passado acabou se transformando na violência e ódio gratuito do século XXI, assim que a sociedade reconheceu a existência da homoafetividade, as pessoas passaram a agir como sempre agem diante a algo novo, repudiaram-na. A aversão ao diferente é típica da sociedade medieval, da qual parece que não saímos ainda. . Enquanto a ideologia da sociedade contemporânea continuar como a de uma da Idade Média, nada vai mudar.
“Flores Raras”, além de tratar da história e cultura brasileira, ensina a lidar com perdas. Todas as personagens, assim como nós, perdem coisas e pessoas o tempo todo. Mas, como Bishop diz: “A arte de perder não é um desastre.”



          Talvez eu não queira esquecê-lo. Porque tê-lo em pensamento é melhor que não tê-lo em lugar nenhum. E, caso eu tente me apaixonar por outro cara, tenho medo de conseguir. Porque ele tem se mantido tão distante, tem dado tanta abertura, tem me desejado tão longe, que chega a dar vontade de desistir. Mas eu não desisto. Porque eu gosto de amá-lo. Eu gosto dessa saudade idiota que eu sinto assim que desligo o telefone. Eu gosto daquele pensamento perdido no meio da chuva forte. Eu gosto de sonhar acordada com ele. E mesmo que eu não gostasse, não há como fugir. 
          No meio da novela surge aquela cena em que o cara pede perdão pra mocinha. E eu me lembro dele. Eu sempre me lembro dele em cenas do tipo. Mas aí me dá uma dor no peito porque eu sei que ele nunca me pedirá perdão. Porque eu sei que, pra ele, eu não faço a mínima ideia do que é sofrimento. Mal sabe ele que eu choro baixinho todas as noites. Mas ele acha que faço drama, charme, atuação. Ele sempre acha que estou exagerando. Ele não aceita o fato de eu amá-lo de um modo ridículo e sofrer com cada ligação mal finalizada. Ele não aceita o fato de eu ter o mundo nas mãos e apenas desejar que ele me considere seu mundo. Deve ser medo. 
          Ele deve ter medo de se entregar pra alguém como eu. Ele deve ter medo de pessoas que prezam a autossuficiência e a ironia. Mas eu já cansei de dizer que, por ele, eu me torno mais sociável e até mais amável. Já cansei de provar que para ele eu sou a mulher que nenhuma outra pessoa conhece. Eu sou única ao lado dele. Não me mostro para ninguém como me mostro para ele. Não tiro minha capa de arrogância para mais ninguém. Mas ele não quer mais me ver nua – sem capa, sem máscaras, sem mentiras. Ele se cansou de mim, assim como uma pré-adolescente se cansa de suas velhas bonecas. 
          Eu era quase dependente daquela voz rouca e daquele sorriso amarelado. Quase – digo – porque eu tentava fazer minha autossuficiência se sobressair. Eu tentava lutar contra todos os meus instintos que imploravam pelo seu corpo e pelo seu carinho 24 horas por dia. E ele me rendia. Ele me ganhava. Ele ganhava o jogo da independência. Não era legal – e ainda não é. Ele sempre conseguiu ser feliz sem mim. Nossas brigas nunca refletiam no seu final de semana agitado. Enquanto o meu sempre se resumia em John Mayer, pantufas antiderrapantes e sorvete napolitano. 
          Mas aí os dias úteis chegavam e era a minha falta que ele sentia. E, boba, eu tirava as pantufas, colocava um salto alto e corria para seus braços. Ele nunca deu valor. E ainda não dá. Por isso que tenho medo de me afastar demais e esquecê-lo. Não que seja fácil, afinal, já tentei dezenas de vezes. Todas em vão - que fique claro. Mas agora é diferente. Está doendo mais que das outras vezes. Ele não só se afastou, como também arranjou outra pequena dos cabelos ondulados e negros, parecidos com os meus. Ele arranjou outras bochechas para morder, outros lábios para beijar, outros pés para brincar, outra silhueta para deslizar as mãos e outra nuca para arrepiar. Ele se esqueceu de mim, me guardou numa caixinha e jogou a chave fora. 
          Ele me quer presa - eu sinto isso. Mas não me quer presa a ele. É como se eu não pudesse ser de outro alguém, mas também não pudesse ser dele. Só porque ele já se enjoou de mim, só porque ele já se cansou do meu ciúme bobo e das minhas insônias irritantes. Mas eu fugi da caixinha. Ou estou tentando fugir ainda, não sei. Estou conhecendo pessoas novas a fim de viver novos romances e lances e esquentas e qualquer merda que não envolva amor verdadeiro. Porque, querendo ou não, amor mesmo eu só sentirei por ele. Mesmo que trinta ou quarenta anos se passem. 



Sobre John Mayer, pantufas antiderrapantes e sorvete napolitano

15 de mar. de 2015

          Talvez eu não queira esquecê-lo. Porque tê-lo em pensamento é melhor que não tê-lo em lugar nenhum. E, caso eu tente me apaixonar por outro cara, tenho medo de conseguir. Porque ele tem se mantido tão distante, tem dado tanta abertura, tem me desejado tão longe, que chega a dar vontade de desistir. Mas eu não desisto. Porque eu gosto de amá-lo. Eu gosto dessa saudade idiota que eu sinto assim que desligo o telefone. Eu gosto daquele pensamento perdido no meio da chuva forte. Eu gosto de sonhar acordada com ele. E mesmo que eu não gostasse, não há como fugir. 
          No meio da novela surge aquela cena em que o cara pede perdão pra mocinha. E eu me lembro dele. Eu sempre me lembro dele em cenas do tipo. Mas aí me dá uma dor no peito porque eu sei que ele nunca me pedirá perdão. Porque eu sei que, pra ele, eu não faço a mínima ideia do que é sofrimento. Mal sabe ele que eu choro baixinho todas as noites. Mas ele acha que faço drama, charme, atuação. Ele sempre acha que estou exagerando. Ele não aceita o fato de eu amá-lo de um modo ridículo e sofrer com cada ligação mal finalizada. Ele não aceita o fato de eu ter o mundo nas mãos e apenas desejar que ele me considere seu mundo. Deve ser medo. 
          Ele deve ter medo de se entregar pra alguém como eu. Ele deve ter medo de pessoas que prezam a autossuficiência e a ironia. Mas eu já cansei de dizer que, por ele, eu me torno mais sociável e até mais amável. Já cansei de provar que para ele eu sou a mulher que nenhuma outra pessoa conhece. Eu sou única ao lado dele. Não me mostro para ninguém como me mostro para ele. Não tiro minha capa de arrogância para mais ninguém. Mas ele não quer mais me ver nua – sem capa, sem máscaras, sem mentiras. Ele se cansou de mim, assim como uma pré-adolescente se cansa de suas velhas bonecas. 
          Eu era quase dependente daquela voz rouca e daquele sorriso amarelado. Quase – digo – porque eu tentava fazer minha autossuficiência se sobressair. Eu tentava lutar contra todos os meus instintos que imploravam pelo seu corpo e pelo seu carinho 24 horas por dia. E ele me rendia. Ele me ganhava. Ele ganhava o jogo da independência. Não era legal – e ainda não é. Ele sempre conseguiu ser feliz sem mim. Nossas brigas nunca refletiam no seu final de semana agitado. Enquanto o meu sempre se resumia em John Mayer, pantufas antiderrapantes e sorvete napolitano. 
          Mas aí os dias úteis chegavam e era a minha falta que ele sentia. E, boba, eu tirava as pantufas, colocava um salto alto e corria para seus braços. Ele nunca deu valor. E ainda não dá. Por isso que tenho medo de me afastar demais e esquecê-lo. Não que seja fácil, afinal, já tentei dezenas de vezes. Todas em vão - que fique claro. Mas agora é diferente. Está doendo mais que das outras vezes. Ele não só se afastou, como também arranjou outra pequena dos cabelos ondulados e negros, parecidos com os meus. Ele arranjou outras bochechas para morder, outros lábios para beijar, outros pés para brincar, outra silhueta para deslizar as mãos e outra nuca para arrepiar. Ele se esqueceu de mim, me guardou numa caixinha e jogou a chave fora. 
          Ele me quer presa - eu sinto isso. Mas não me quer presa a ele. É como se eu não pudesse ser de outro alguém, mas também não pudesse ser dele. Só porque ele já se enjoou de mim, só porque ele já se cansou do meu ciúme bobo e das minhas insônias irritantes. Mas eu fugi da caixinha. Ou estou tentando fugir ainda, não sei. Estou conhecendo pessoas novas a fim de viver novos romances e lances e esquentas e qualquer merda que não envolva amor verdadeiro. Porque, querendo ou não, amor mesmo eu só sentirei por ele. Mesmo que trinta ou quarenta anos se passem. 



E no fim, a pior de todas as sensações é a de não caber em sí próprio, não conseguir abraçar sua alma e tornar-se um só ser.
O mais terrível dos momentos é quando não nos encontramos em nosso próprio interior e tentamos  nos encontrar nas esquinas de alguém, alguém que não passa de uma suja e escura viela.

 O silêncio mais dolorido é aquele que esconde milhões de gritos insuportáveis e uma dose de sussurros irremediáveis, Aqueles que são regados á arrependimentos e descontentamentos, aquele silêncio que já não possue mais paz, silêncio inútil e irrelevante, silêncio amargo.

 Por outro lado, nada é mais lindo do que as simples trocas de olhares, daquelas que em alguns instantes colocam-se horas de papos em dia, aquelas trocas de olhares onde as almas de comunicam e os corações dão gargalhadas, nada mais lindo do que saber que mesmo com os silêncios sem paz e as indiferenças consigo mesmo, temos alguém que se encaixem completamente nas soluções dos nossos problemas.

O pior das sensações

8 de mar. de 2015

E no fim, a pior de todas as sensações é a de não caber em sí próprio, não conseguir abraçar sua alma e tornar-se um só ser.
O mais terrível dos momentos é quando não nos encontramos em nosso próprio interior e tentamos  nos encontrar nas esquinas de alguém, alguém que não passa de uma suja e escura viela.

 O silêncio mais dolorido é aquele que esconde milhões de gritos insuportáveis e uma dose de sussurros irremediáveis, Aqueles que são regados á arrependimentos e descontentamentos, aquele silêncio que já não possue mais paz, silêncio inútil e irrelevante, silêncio amargo.

 Por outro lado, nada é mais lindo do que as simples trocas de olhares, daquelas que em alguns instantes colocam-se horas de papos em dia, aquelas trocas de olhares onde as almas de comunicam e os corações dão gargalhadas, nada mais lindo do que saber que mesmo com os silêncios sem paz e as indiferenças consigo mesmo, temos alguém que se encaixem completamente nas soluções dos nossos problemas.

Eu sempre aprendi que qualquer dor era passageira, que bastava um pouquinho de esforço para que tudo voltasse ao normal. Eu vi minha irmã sofrendo pelo seu vulgo amor aos quinze anos e minha mãe dizendo baixinho “calma, vai passar”. Depois eu vi minha irmã sofrendo por amor, novamente, aos vinte, e ela mesma afirmou: “Se já passou uma vez, não tem motivos pra não passar agora”. E com o decorrer do tempo, passou também. Não posso julgar a intensidade desses amores, mas o fato é que eles pararam de doer, eles deixaram de existir.
Conforme fui crescendo, acompanhei outros términos de terceiros e até fatalidades como a morte. E o único discurso decorado que todos tinham era: Tudo passa. Porém, em contramão, eu via em novelas e filmes que uma das pessoas fazia de tudo para que o relacionamento desse certo. E então, se tudo realmente passa, pra que insistir numa dor de amor? Pra que tentar fazer dar certo? - Eu sempre me perguntava isso, porque achava realmente que todas as dores de amor eram passageiras. Até que conheci você. Desde então, tudo mudou de figura. Eu não sei explicar muito bem o porquê da insistência, mas talvez, simplesmente, seja porque alguns amores nunca morrem.
Eu me lembro exatamente de como você chegou em minha vida. Era um sábado à noite, o frio era meu mais fiel aliado e eu não queria nada que não envolvesse ficar na cama, vendo os mesmos filmes de sempre, nas mesmas companhias de sempre e com a minha velha caneca de café. Mas alguma coisa me puxou até aquela festa. Alguma coisa fez com que eu pagasse pra ver o que aquele sábado tinha a me oferecer. Então eu fui. E ele me ofereceu você.
Encostado na parede com a bebida na mão, eu te vi sorrindo olhando em minha direção. No momento pareceu que eu estava imaginando coisas porque eu queria, desde aquele momento, mais que tudo no mundo, que você sorrisse pra mim e por mim. E foi exatamente isso que você fez. Você sorriu de um jeito leve que me fez sorrir também, acendeu um cigarro e colocou um dos pés na parede, tentando manter uma marra inexistente. E foi ali que eu me apaixonei. Desde aquele momento eu estava entregue a você, antes mesmo de você se aproximar, jogar a fumaça para o sentido da brisa e perguntar meu nome. Antes mesmo daquele beijo, duas semanas após a festa, eu já estava completamente entregue a você.
Não sei ao certo se foi o seu jeans justo às coxas, seu moletom com o dobro do seu tamanho, o seu cabelo perfeitamente desarrumado, o cheiro forte do seu perfume, a sua voz incrivelmente rouca ou o seu irritante hábito de fumar, mas algo fez com que eu quisesse cuidar de você. Para sempre. Algo despertou uma vontade antes nunca sentida. Algo incontrolável. Eu senti vontade de te levar pra casa e me apaixonar ainda mais por você, dia após dia. Eu senti vontade de te explicar o porquê do seu sorriso de canto me deixar tão sem ar, sem rumo. Eu senti vontade de te apresentar aos meus amigos e de dividir a minha história contigo. Eu senti vontade, desde aquele momento, de ter uma história contigo.
Passaram-se sete anos desde aquela festa e eu ainda sou apaixonada por você. Por mais que as pessoas já não percebam e que, realmente, a dor tenha diminuído, você ainda mora em mim. Não deixou seu lugar vago nenhum diazinho sequer nesses sete anos. Você inundou minha vida, me transbordou de felicidade durante quase quatro anos e, sem aviso prévio, partiu. Sem que eu pudesse preparar um café de despedida ou tramar bons argumentos para te fazer ficar. Após quase quatro anos sendo aquilo que nunca planejei, mas ocultamente sempre desejei, você tornou-se alguém irreconhecível. Fechou a porta com brutalidade alegando não aguentar mais. Alegando sufocar-se com tanto amor. E soltou, em meio ao choro – nervoso, porém não agoniado como o meu – apenas uma frase de efeito que ecoa em mim até hoje: “Eu te amo, mas não sou mais apaixonado por você.
Eu já tinha ouvido coisas terríveis em toda a minha vida, mas nada nunca havia me machucado tanto. Foi a coisa mais dolorosa e mais poética que já ouvi. Porque tudo em você era poético. Até o seu mascar de chiclete me inspirava a escrever. O seu jeito despretensioso de andar, sua forma de ter sempre um cigarro ao alcance das mãos e até a cara de deboche que fazia ao ser avisado por mim de que o sapato estava desamarrado. Tudo em você me inspirava. Tudo em você me prendia, me amarrava. Você era mais poesia que homem em si, mesmo sempre reclamando das minhas poesias escritas em papel de pão para o seu café da manhã. Você era mais poético que todas as paisagens que já me inspirei na vida. Mais poético que os dias de chuva e que as músicas tristes. Você era mais poético que as poesias que eu escrevia. 
Eu sinto falta de você. Eu sinto de nós e até do maldito cheiro de nicotina que eu tanto reclamava. Você bateu a porta naquela quarta-feira sem ao menos deixar com que seu cheiro se desprendesse da minha cama. Você desistiu de nós sem, sequer, me explicar se não tinha nada mesmo que eu pudesse fazer para te impedir de ir embora. Você arrumou suas coisas, pela primeira vez em quase quatro anos, sozinho. Você ficava tão perdido ao fazer a mala para visitar o seu avô no interior e sempre me pedia ajuda. Mas dessa vez você conseguiu fazer com que tudo coubesse sem a minha ajuda. Eu me lembro de como você me colocava sentada na mala, pedindo pra eu te ajudar a fechá-la. E depois me virava na cama e ali, em meio à luz do sol, transformava meu corpo no seu. Fazia com que nada mais importasse além da sua respiração ofegante em meu ouvido.
Talvez eu devesse ter demonstrado menos, ou então não devesse ter afagado seus cabelos negros até seu sono – porque ali, eu achava que você também precisava de mim o mesmo tanto que eu precisava de você. Talvez eu não devesse ter te contado que eu nunca tinha me envolvido daquele jeito com ninguém ou, vai ver, quase quatro anos ainda fosse pouco tempo pra eu ter te confessado que imaginava a nossa futura filha com seus olhos. Talvez eu tenha me precipitado, mas você já estava tão incluso na minha rotina. Porra, você já havia se tornado a minha rotina. A personificação perfeita dela. E eu achei que pudesse confiar em você para te contar tudo que sonhava ao lado do homem que mais amei na vida. Mas, por um deslize do destino, nós dois não nos amamos na mesma sintonia.
Como diria naquele filme que sempre assistíamos enquanto você secava minhas lágrimas por conta do final trágico que eu já havia até decorado: “Dizem que um dos dois sempre ama mais. Meu Deus, quem dera não fosse eu!” - e foi exatamente assim que aconteceu. Nós nos amamos em intensidades diferentes, de modos absurdamente distantes. Você amava meu cheiro de roupa limpa e o colo que eu despunha para que deitasse quando nada mais fazia sentido em sua vida. Eu amava quando você parecia não ser mais querido por nenhuma outra pessoa no mundo. Você me amava quando eu era a única luz no fim do seu túnel, quando o seu cigarro já não mais servia de refúgio. Eu te amava quando você abria a porta numa tentativa falha de não fazer barulho, amava quando você sorria sem jeito ao ser pego bebendo água na cozinha às 3h42 da manhã – como se a minha casa ainda não fosse a sua casa. Você me amava quando estávamos a sós, quando éramos apenas nós mesmos: sem capas ou preocupações. Já eu, te amava com o olhar tenso pela entrevista de emprego mal sucedida ou pela gargalhada de vitória ao conseguir expôr seus quadros para aquela famosa galeria da capital. Eu amava você tanto nos dias de sol, como nos de chuva. E, tolamente, eu ainda amo você.
Por isso, reafirmo que alguns amores, por mais que vários anos se passem, nunca morrem. Há mais de três anos que você partiu e a dor incômoda da perda sem motivo aparente ainda se faz presente. Na época todos disseram que passaria. Que era só um amor juvenil e que todo mundo esquece esse tipo de coisa. Mas acontece que não passou. A sua ausência ainda me atormenta. Chegar em casa e não encontrar seu tênis jogado em qualquer canto ainda abre um vazio em meu peito. Não sentir aquele cheiro de cigarro barato ainda me faz cair no choro. E olha que tentei. Por Deus, eu tentei de tudo. Da reconquista ao esquecimento. Eu inventei métodos e mirabolei planos, mas nada te trouxe pra dentro da minha casa ou te tirou de dentro do meu peito. Olha o tamanho da contradição: você nunca esteve tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Tão fora do meu alcance e tão dentro de mim. 
Então, eu te imploro: passe por aqui, nem que seja só pra uma visita. Passe e se arranque do meu peito, faça o trabalho árduo que ainda não consegui realizar. Ou, cê que sabe, eu prefiro que passe e tente ficar só mais alguns dias. Tente se acomodar novamente no afago das minhas mãos trêmulas e ansiosas pelo seu retorno, tente se aconchegar no meu peito e não desgrudar mais. Porque, como já cansei de explicar: pode ser que meu amor por você nunca morra.



Porque alguns amores nunca morrem


Eu sempre aprendi que qualquer dor era passageira, que bastava um pouquinho de esforço para que tudo voltasse ao normal. Eu vi minha irmã sofrendo pelo seu vulgo amor aos quinze anos e minha mãe dizendo baixinho “calma, vai passar”. Depois eu vi minha irmã sofrendo por amor, novamente, aos vinte, e ela mesma afirmou: “Se já passou uma vez, não tem motivos pra não passar agora”. E com o decorrer do tempo, passou também. Não posso julgar a intensidade desses amores, mas o fato é que eles pararam de doer, eles deixaram de existir.
Conforme fui crescendo, acompanhei outros términos de terceiros e até fatalidades como a morte. E o único discurso decorado que todos tinham era: Tudo passa. Porém, em contramão, eu via em novelas e filmes que uma das pessoas fazia de tudo para que o relacionamento desse certo. E então, se tudo realmente passa, pra que insistir numa dor de amor? Pra que tentar fazer dar certo? - Eu sempre me perguntava isso, porque achava realmente que todas as dores de amor eram passageiras. Até que conheci você. Desde então, tudo mudou de figura. Eu não sei explicar muito bem o porquê da insistência, mas talvez, simplesmente, seja porque alguns amores nunca morrem.
Eu me lembro exatamente de como você chegou em minha vida. Era um sábado à noite, o frio era meu mais fiel aliado e eu não queria nada que não envolvesse ficar na cama, vendo os mesmos filmes de sempre, nas mesmas companhias de sempre e com a minha velha caneca de café. Mas alguma coisa me puxou até aquela festa. Alguma coisa fez com que eu pagasse pra ver o que aquele sábado tinha a me oferecer. Então eu fui. E ele me ofereceu você.
Encostado na parede com a bebida na mão, eu te vi sorrindo olhando em minha direção. No momento pareceu que eu estava imaginando coisas porque eu queria, desde aquele momento, mais que tudo no mundo, que você sorrisse pra mim e por mim. E foi exatamente isso que você fez. Você sorriu de um jeito leve que me fez sorrir também, acendeu um cigarro e colocou um dos pés na parede, tentando manter uma marra inexistente. E foi ali que eu me apaixonei. Desde aquele momento eu estava entregue a você, antes mesmo de você se aproximar, jogar a fumaça para o sentido da brisa e perguntar meu nome. Antes mesmo daquele beijo, duas semanas após a festa, eu já estava completamente entregue a você.
Não sei ao certo se foi o seu jeans justo às coxas, seu moletom com o dobro do seu tamanho, o seu cabelo perfeitamente desarrumado, o cheiro forte do seu perfume, a sua voz incrivelmente rouca ou o seu irritante hábito de fumar, mas algo fez com que eu quisesse cuidar de você. Para sempre. Algo despertou uma vontade antes nunca sentida. Algo incontrolável. Eu senti vontade de te levar pra casa e me apaixonar ainda mais por você, dia após dia. Eu senti vontade de te explicar o porquê do seu sorriso de canto me deixar tão sem ar, sem rumo. Eu senti vontade de te apresentar aos meus amigos e de dividir a minha história contigo. Eu senti vontade, desde aquele momento, de ter uma história contigo.
Passaram-se sete anos desde aquela festa e eu ainda sou apaixonada por você. Por mais que as pessoas já não percebam e que, realmente, a dor tenha diminuído, você ainda mora em mim. Não deixou seu lugar vago nenhum diazinho sequer nesses sete anos. Você inundou minha vida, me transbordou de felicidade durante quase quatro anos e, sem aviso prévio, partiu. Sem que eu pudesse preparar um café de despedida ou tramar bons argumentos para te fazer ficar. Após quase quatro anos sendo aquilo que nunca planejei, mas ocultamente sempre desejei, você tornou-se alguém irreconhecível. Fechou a porta com brutalidade alegando não aguentar mais. Alegando sufocar-se com tanto amor. E soltou, em meio ao choro – nervoso, porém não agoniado como o meu – apenas uma frase de efeito que ecoa em mim até hoje: “Eu te amo, mas não sou mais apaixonado por você.
Eu já tinha ouvido coisas terríveis em toda a minha vida, mas nada nunca havia me machucado tanto. Foi a coisa mais dolorosa e mais poética que já ouvi. Porque tudo em você era poético. Até o seu mascar de chiclete me inspirava a escrever. O seu jeito despretensioso de andar, sua forma de ter sempre um cigarro ao alcance das mãos e até a cara de deboche que fazia ao ser avisado por mim de que o sapato estava desamarrado. Tudo em você me inspirava. Tudo em você me prendia, me amarrava. Você era mais poesia que homem em si, mesmo sempre reclamando das minhas poesias escritas em papel de pão para o seu café da manhã. Você era mais poético que todas as paisagens que já me inspirei na vida. Mais poético que os dias de chuva e que as músicas tristes. Você era mais poético que as poesias que eu escrevia. 
Eu sinto falta de você. Eu sinto de nós e até do maldito cheiro de nicotina que eu tanto reclamava. Você bateu a porta naquela quarta-feira sem ao menos deixar com que seu cheiro se desprendesse da minha cama. Você desistiu de nós sem, sequer, me explicar se não tinha nada mesmo que eu pudesse fazer para te impedir de ir embora. Você arrumou suas coisas, pela primeira vez em quase quatro anos, sozinho. Você ficava tão perdido ao fazer a mala para visitar o seu avô no interior e sempre me pedia ajuda. Mas dessa vez você conseguiu fazer com que tudo coubesse sem a minha ajuda. Eu me lembro de como você me colocava sentada na mala, pedindo pra eu te ajudar a fechá-la. E depois me virava na cama e ali, em meio à luz do sol, transformava meu corpo no seu. Fazia com que nada mais importasse além da sua respiração ofegante em meu ouvido.
Talvez eu devesse ter demonstrado menos, ou então não devesse ter afagado seus cabelos negros até seu sono – porque ali, eu achava que você também precisava de mim o mesmo tanto que eu precisava de você. Talvez eu não devesse ter te contado que eu nunca tinha me envolvido daquele jeito com ninguém ou, vai ver, quase quatro anos ainda fosse pouco tempo pra eu ter te confessado que imaginava a nossa futura filha com seus olhos. Talvez eu tenha me precipitado, mas você já estava tão incluso na minha rotina. Porra, você já havia se tornado a minha rotina. A personificação perfeita dela. E eu achei que pudesse confiar em você para te contar tudo que sonhava ao lado do homem que mais amei na vida. Mas, por um deslize do destino, nós dois não nos amamos na mesma sintonia.
Como diria naquele filme que sempre assistíamos enquanto você secava minhas lágrimas por conta do final trágico que eu já havia até decorado: “Dizem que um dos dois sempre ama mais. Meu Deus, quem dera não fosse eu!” - e foi exatamente assim que aconteceu. Nós nos amamos em intensidades diferentes, de modos absurdamente distantes. Você amava meu cheiro de roupa limpa e o colo que eu despunha para que deitasse quando nada mais fazia sentido em sua vida. Eu amava quando você parecia não ser mais querido por nenhuma outra pessoa no mundo. Você me amava quando eu era a única luz no fim do seu túnel, quando o seu cigarro já não mais servia de refúgio. Eu te amava quando você abria a porta numa tentativa falha de não fazer barulho, amava quando você sorria sem jeito ao ser pego bebendo água na cozinha às 3h42 da manhã – como se a minha casa ainda não fosse a sua casa. Você me amava quando estávamos a sós, quando éramos apenas nós mesmos: sem capas ou preocupações. Já eu, te amava com o olhar tenso pela entrevista de emprego mal sucedida ou pela gargalhada de vitória ao conseguir expôr seus quadros para aquela famosa galeria da capital. Eu amava você tanto nos dias de sol, como nos de chuva. E, tolamente, eu ainda amo você.
Por isso, reafirmo que alguns amores, por mais que vários anos se passem, nunca morrem. Há mais de três anos que você partiu e a dor incômoda da perda sem motivo aparente ainda se faz presente. Na época todos disseram que passaria. Que era só um amor juvenil e que todo mundo esquece esse tipo de coisa. Mas acontece que não passou. A sua ausência ainda me atormenta. Chegar em casa e não encontrar seu tênis jogado em qualquer canto ainda abre um vazio em meu peito. Não sentir aquele cheiro de cigarro barato ainda me faz cair no choro. E olha que tentei. Por Deus, eu tentei de tudo. Da reconquista ao esquecimento. Eu inventei métodos e mirabolei planos, mas nada te trouxe pra dentro da minha casa ou te tirou de dentro do meu peito. Olha o tamanho da contradição: você nunca esteve tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Tão fora do meu alcance e tão dentro de mim. 
Então, eu te imploro: passe por aqui, nem que seja só pra uma visita. Passe e se arranque do meu peito, faça o trabalho árduo que ainda não consegui realizar. Ou, cê que sabe, eu prefiro que passe e tente ficar só mais alguns dias. Tente se acomodar novamente no afago das minhas mãos trêmulas e ansiosas pelo seu retorno, tente se aconchegar no meu peito e não desgrudar mais. Porque, como já cansei de explicar: pode ser que meu amor por você nunca morra.




Foi você que sonhei
Encontrar de uma vez
E pode gritar para o alto.

- Amor, eu sou seu
E o seu coração é meu.

De uma melhor amiga
Encontrar a menos dividida,
Em uma simples mulher
O meu coração quer.

Por você…
Ser reflexo
Ser completo
Ser repleto
Ser concreto
Ser o que meu coração quer.

Foi você que sonhei
Encontrar mais uma vez
Depois de toda escassez
Foi você que encontrei.

E no final, você é minha mulher
Vencendo tudo que nos pare
E ser o que meu coração quer
Até que a morte nos separe.






Por você. (O diário de um poeta)

5 de mar. de 2015


Foi você que sonhei
Encontrar de uma vez
E pode gritar para o alto.

- Amor, eu sou seu
E o seu coração é meu.

De uma melhor amiga
Encontrar a menos dividida,
Em uma simples mulher
O meu coração quer.

Por você…
Ser reflexo
Ser completo
Ser repleto
Ser concreto
Ser o que meu coração quer.

Foi você que sonhei
Encontrar mais uma vez
Depois de toda escassez
Foi você que encontrei.

E no final, você é minha mulher
Vencendo tudo que nos pare
E ser o que meu coração quer
Até que a morte nos separe.






   Era 23 horas e meu corpo estava desgastado após tanto sofrimento. Por que alguém como eu sentiria tanto desprezo por si mesmo? Estava enganado. Quanto mais sofria, o desejo de vencer aumentava. Todas as vezes que algum amigo mentia sobre minha personalidade ou me apunhalava nas costas com planos para "machucar" o caráter. Estava impossível pensar que não me tornei o erro por tantas pessoas se afastando, maltratando-me e desorganizando toda minha paz.
   O erro até que poderia estar em mim, mas a amizade não está no ser que ignora suas preces em meio a escuridão ferrenha. O verdadeiro sentido dela pode estar na pessoa que menos imaginavas, ou seja, aquele amigo que sempre esteve presente em todos seus momentos, seja de tristeza ou alegria. A pessoa que pode estar tão tímida por encontrar em ti uma beleza absurda, está pronta para cuidar-te da melhor forma que a amizade foi criada.
   Existe amor? Sim. Existe carinho? Sim. Amigo que é tal, te sustenta como seu chão para que a vida o receba totalmente preparado. Em outras palavras, sem nossos amigos, não teremos chão para enfrentar os problemas da vida com, inevitavelmente, os nossos escudos, pisos e fortalezas. Não seguimos uma vida sozinho, muito menos sem amigos.



Minha eterna fortaleza.

3 de mar. de 2015

   Era 23 horas e meu corpo estava desgastado após tanto sofrimento. Por que alguém como eu sentiria tanto desprezo por si mesmo? Estava enganado. Quanto mais sofria, o desejo de vencer aumentava. Todas as vezes que algum amigo mentia sobre minha personalidade ou me apunhalava nas costas com planos para "machucar" o caráter. Estava impossível pensar que não me tornei o erro por tantas pessoas se afastando, maltratando-me e desorganizando toda minha paz.
   O erro até que poderia estar em mim, mas a amizade não está no ser que ignora suas preces em meio a escuridão ferrenha. O verdadeiro sentido dela pode estar na pessoa que menos imaginavas, ou seja, aquele amigo que sempre esteve presente em todos seus momentos, seja de tristeza ou alegria. A pessoa que pode estar tão tímida por encontrar em ti uma beleza absurda, está pronta para cuidar-te da melhor forma que a amizade foi criada.
   Existe amor? Sim. Existe carinho? Sim. Amigo que é tal, te sustenta como seu chão para que a vida o receba totalmente preparado. Em outras palavras, sem nossos amigos, não teremos chão para enfrentar os problemas da vida com, inevitavelmente, os nossos escudos, pisos e fortalezas. Não seguimos uma vida sozinho, muito menos sem amigos.



O cheiro dele, misturado as fotos da sala e o maço de cigarros favorito foi o que me matou. Era um dia de sol e calor lá fora, mas ele tinha ido e nada poderia ser feliz naquele dia. Então eu parei sentada observando nossas fotos nas primeiras festas, o dia em que eu vim morar aqui, do meu anel de noivado, do casamento, das viagens que a gente nunca fez. E o vento soprava o cheiro dele, e me fazia se embriagar, me deixava tonta e confusa…era o começo da minha morte. 
Mas não morri de overdose dele. Talvez eu tenha morrido por conta das lágrimas que eu derramei por ele, que eram tão quentes quanto lava e que ao invés de lavarem minha alma, pareciam afogá-la. Acho que eu morri afogada em todas as lágrimas e palavras que eu queria dizer quando ele estava aqui. Ou talvez eram todas as memórias me queimando, me matando de dentro para fora. Mas eu não sei direito. O que me matou, talvez, tenha sido a fumaça do cigarro do maço favorito dele. Talvez eu tenha estranhado fumar sozinha. Talvez meu pulmão tenha despedaçado bem rapidinho, escurecido, apodrecido como o resto da minha alma. Bem rapidinho. Não foi ele quem me matou. Ele pode ter aquele jeito meio durão e marrento, mas ele jamais faria algo tão cruel. Ele talvez tenha só me envenenado. Ou melhor, eu quis me envenenar dele. Eu quis me embriagar, cheirar, fumar, consumir, me queimar, me afogar, me engasgar, me rasgar e despedaçar nele. Sei que foi mais uma vez, consequência das minhas escolhas. Mas essa foi a última, não há mais nada aqui. A culpa é toda minha. Minha morte é fruto de um suicídio lento que começou no dia que eu o conheci. Venho me matando todos os dias, desde a primeira vez que admiti que precisava dele. Quando não o tive, morri. Eu morri de suicídio.

Suicídio.

2 de mar. de 2015

O cheiro dele, misturado as fotos da sala e o maço de cigarros favorito foi o que me matou. Era um dia de sol e calor lá fora, mas ele tinha ido e nada poderia ser feliz naquele dia. Então eu parei sentada observando nossas fotos nas primeiras festas, o dia em que eu vim morar aqui, do meu anel de noivado, do casamento, das viagens que a gente nunca fez. E o vento soprava o cheiro dele, e me fazia se embriagar, me deixava tonta e confusa…era o começo da minha morte. 
Mas não morri de overdose dele. Talvez eu tenha morrido por conta das lágrimas que eu derramei por ele, que eram tão quentes quanto lava e que ao invés de lavarem minha alma, pareciam afogá-la. Acho que eu morri afogada em todas as lágrimas e palavras que eu queria dizer quando ele estava aqui. Ou talvez eram todas as memórias me queimando, me matando de dentro para fora. Mas eu não sei direito. O que me matou, talvez, tenha sido a fumaça do cigarro do maço favorito dele. Talvez eu tenha estranhado fumar sozinha. Talvez meu pulmão tenha despedaçado bem rapidinho, escurecido, apodrecido como o resto da minha alma. Bem rapidinho. Não foi ele quem me matou. Ele pode ter aquele jeito meio durão e marrento, mas ele jamais faria algo tão cruel. Ele talvez tenha só me envenenado. Ou melhor, eu quis me envenenar dele. Eu quis me embriagar, cheirar, fumar, consumir, me queimar, me afogar, me engasgar, me rasgar e despedaçar nele. Sei que foi mais uma vez, consequência das minhas escolhas. Mas essa foi a última, não há mais nada aqui. A culpa é toda minha. Minha morte é fruto de um suicídio lento que começou no dia que eu o conheci. Venho me matando todos os dias, desde a primeira vez que admiti que precisava dele. Quando não o tive, morri. Eu morri de suicídio.
Abram alas para as minhas lágrimas
Deixem-a seguir em frente
Toda a alegria tem seu fim
E nenhuma dor dura eternamente.

Não querido, Não há problema algum em sofrer
Da varanda a fora as águas caem
Dentro de mim não consigo parar de chover.

Simplesmente olho pelo espelho Me vejo sem ti...
Ainda não consigo entender, o motivo que lhe fez partir.
Meus lábios agora sem cor, sem sorriso e nem sabor
Esmorecem ao lembrar dos teus...

Os quais não mais beijarei nem tampouco soube dizer adeus.

Abram alas para as minhas lágrimas

1 de mar. de 2015

Abram alas para as minhas lágrimas
Deixem-a seguir em frente
Toda a alegria tem seu fim
E nenhuma dor dura eternamente.

Não querido, Não há problema algum em sofrer
Da varanda a fora as águas caem
Dentro de mim não consigo parar de chover.

Simplesmente olho pelo espelho Me vejo sem ti...
Ainda não consigo entender, o motivo que lhe fez partir.
Meus lábios agora sem cor, sem sorriso e nem sabor
Esmorecem ao lembrar dos teus...

Os quais não mais beijarei nem tampouco soube dizer adeus.

          Amores acabam. Não sei dizer se são os grandes, os médios ou os medíocres amores, mas eles acabam. Não todos – e muito menos a maioria, assim espero. Mas, de repente, aquela pessoa que era o seu mundo torna-se apenas uma pessoa em seu mundo – isso se você der sorte. Na maioria dos casos, a pessoa que era o seu mundo deixa de habitar qualquer coisa que te rodeie, que te cerque. A pessoa que você costumava valorizar mais que a própria vida torna-se uma mera conhecida, e olhe lá.
          A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
          Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
          Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
          E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos. 
          Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele.  Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.






Quando tudo acaba

          Amores acabam. Não sei dizer se são os grandes, os médios ou os medíocres amores, mas eles acabam. Não todos – e muito menos a maioria, assim espero. Mas, de repente, aquela pessoa que era o seu mundo torna-se apenas uma pessoa em seu mundo – isso se você der sorte. Na maioria dos casos, a pessoa que era o seu mundo deixa de habitar qualquer coisa que te rodeie, que te cerque. A pessoa que você costumava valorizar mais que a própria vida torna-se uma mera conhecida, e olhe lá.
          A pessoa que dá o basta, que diz o “chega”, na maioria das vezes – eu arriscaria que sempre – sofre menos, ou nem sofre. Agora, quem perde o chão sem aviso prévio e é afogada por uma inundação de “não quero mais você”, “não dá mais”, “eu juro que tentei fazer dar certo” ou, o pior de todos, “o problema não é você, sou eu” essa sim se descabela. Essa pessoa perde todas as certezas que antes tinha. É como se a muralha construída com tanto carinho fosse friamente destruída por um indivíduo qualquer.
          Os amores acabam e os adultos adaptam-se cada vez mais com isso. Vivemos em mundo de idas e vindas, onde casais quase nunca duram. Onde o que deveria ser valorizado passa a ser banalizado. Vivemos em um mundo em que términos são absurdamente normais. Em que amar dois ou três no ano é considerado difícil – a maioria ama com a mesma facilidade que troca de roupa íntima. Vivemos em um mundo em que o esquecimento é algo fácil e simples. Basta uma bebida barata e uma pessoa na cama para que tudo se resolva – para um dos lados, para aquele que segue.
          Quem dá o basta, segue. Quem recebe o mesmo, fica intacto. Tentando, tolamente, descobrir o que fez de errado para que o outro partisse. Até que se dá conta de que não houve erro. E então bate a nostalgia. A vontade de voltar no tempo e aproveitar duzentas vezes mais aquele abraço que era o melhor lugar do mundo para se viver. Bate o arrependimento de não ter cedido mais, de não ter sido uma pessoa boa o suficiente para que o outro gostasse, se amarrasse e não partisse. E, por Deus, o que, de verdade, deveria ter sido feito para que o outro não partisse? Não há resposta. Porque quando não há vontade de ficar, simplesmente o outro vai embora. Quando não há medo de perder ou vontade de lutar, não tem porque o outro insistir.
          E então bate a saudade e o choro salga a boca. A lembrança daquele dia no parque se faz presente. As tardes em que ele te buscava no trabalho para passarem o final de semana juntos mais se parecem com cortes expostos. Você se lembra do primeiro beijo e do primeiro “eu te amo” todo inseguro que pronunciou. Lembra-se também da primeira vez que dividiram um copo d’água e você deu risada, pois, toda cheia de manias, você nunca havia se permitido tamanha intimidade com alguém. Você lembra da tarde chuvosa da sexta-feira em que, pela primeira vez, o corpo dele fez morada no seu. E os suores se misturaram, os corpos se uniram ao ponto de tornarem-se um só. E você foi dele assim como ele foi seu, sem que o barulho da chuva ou a movimentação dos carros interferisse. Você se lembra do primeiro pote de sorvete que tomaram juntos e da primeira vez que o apresentou à família. Ele, com a mão trêmula, morria de medo de seus tios não o aprovarem. E você ria. Você sorria. Você só ria pra ele e por ele, porque tudo que ele dissesse ou vestisse parecia ter saído de uma tela de cinema. Lembra-se do primeiro cinema e do primeiro toque mais ousado que ele deu à sua coxa. Você se lembra de como corou e sorriu ao vê-lo sorrir. Lembra-se das tardes aos sábados em que o edredom era o único aliado de vocês. Você se lembra da sensação deliciosa que era cruzar seus pés gelados aos dele, de como era virar para o lado e encontrá-lo sorrindo só por você estar ali - só por você ser dele. Vocês eram jovens. Vocês eram imaturos. 
          Você quer voltar no tempo, mas não adianta. Mesmo que voltasse, nada daria pra evitar a falta de amor da parte dele. E você grita por dentro quase ao ponto da garganta sangrar. Porque você o amou tanto e se sente inútil por, ainda assim, seu amor não ter sido grande o bastante para alimentar os dois. Porque, olha o tamanho da burrada, mesmo que não fosse amada de volta, você só queria que ele ficasse. Você só queria não ter que se despedir. Não ter que aceitar a partida tão dolorida e natural que ele impôs. Você só queria que aquele abraço - que costumava ser o seu lugar preferido no mundo todo - não deixasse de te abrigar. Você queria que ele não deixasse de te amar de uma hora para outra, que ele não se cansasse dos seus dramas assim como você nunca irá se cansar da marra dele.  Você queria que houvesse só um pouquinho - um cadinho que fosse - de amor da parte dele. Para, quem sabe assim, mesmo que pouquíssima, ainda houvesse esperança.






Latest Instagrams

© Solidarizou. Design by Fearne.