Resenha: Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de Assis

15 de jan. de 2015

  O marco da escola Realista no Brasil em 1881. Uma obra de Machado de Assis que não possui todos traços realistas por se passar de uma transição do Romantismo a essa época. Para entender melhor essa resenha, irei retomar uma explicação sobre a escola romântica.



  Nessa época, mesmo dividida em 3 fases, a característica mais forte era a idealização da mulher como pessoa purificada e que não existia. Alguém perfeito. Por exemplo, no trecho abaixo, Álvares de Azevedo demonstra um eu lírico sofrendo muito pela mulher idealizada e inacessível. O desejo pela morte era muito forte na segunda fase do Romantismo.


Soneto(...)
"Morro, morro por ti! na minha aurora 
A dor do coração, a dor mais forte, 
A dor de um desengano me devora..."  

  Sabendo disso e, claro, do eu lírico como narrador onisciente no Romantismo, posso dar uma explicação sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas.



 
  A obra é enquadrada no gênero literário sátira menipéia, no qual um morto se dirige aos vivos para criticar a humanidade. Brás Cubas é um homem rico e solteiro que, depois de morto, se dedica a tarefa de contar a sua história. Da sua infância, lembra o contato com Quincas Borba e o comportamento que fazia maltratar o escravo Prudêncio. E na juventude, lembra do seu envolvimento com a prostituta de luxo, Marcela.



  E para mostrar uma quebra do Romantismo, a própria prostituta. A mulher era idealizada e perfeita na antiga escola mas no Realismo é totalmente diferente. A obra retrata bem isso. Uma mulher com desejo carnal, possuindo todos os defeitos que um humano normal contém.Tanto que a mesma falar ter amado por "quinze meses e onze contos de réis". No decorrer da história, Brás Cubas exerce sua carreira política e se envolve em ações beneficentes sem amor algum ao seu trabalho.




  O narrador vê com muito desprezo o caráter das pessoas no decorrer da obra com trechos repletos de ironias. Críticas pesadas ao caráter do ser humano fazendo o próprio leitor ser vítima das ironias.




O balanço final, tão triste quanto sua existência, arremata a narrativa de forma pessimista: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.

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