Ensaios sobre ela

2 de fev. de 2015



Ela. Lá estava ela. Vou ser sincero com vocês, no dia eu não a enxerguei com tanta magia como conto agora. No dia era só uma garota na pista de dança, como qualquer outra. Mas hoje, só consigo lembrar dos cabelos negros balançando em câmera lenta. Do corpo balançando em câmera lenta. A cintura, os quadris, as pernas, os braços. E só consigo me lembrar de como amo, ainda, cada parte dela. Um filme só nosso se passa pela minha cabeça, cheio de abraços, cheiros e beijos na ponta do nariz, como ela gostava. Porém como eu já alertei, no dia era só uma garota na pista de dança, que se aproximou da minha mesa acompanhada do meu amigo, o aniversariante e de mais duas moças:


- Eu sabia que você viria, vacilão! - abracei Greg entregando o presente que havia comprado. Nada muito especial. Fiquei meio sem reação vendo as três garotas sentando conosco, apesar de todas serem bonitas.


- Essa é a Diane. - indicou com a cabeça uma garota de cabelos dourados e compridos, roupa cheia de brilhos e e algumas sardas no rosto delicado. Ela me cumprimentou brevemente e virou uma tequila, e depois outra.


- Essa aqui é a sapatão mais gostosa desse pub, Luna.


- Eu sou bi! - ela gritou - Oi! - de cabelo azul, raspado de um lado e uma presilha. A roupa era mais coberta e menos chamativa. Mas simpatizei com ela, por algum motivo.


- E essa é minha prima favorita, Chloe. - e apontou para ela. Ela. Olhos claros, cabelos escuros. Era mais magra e mais baixinha que as outras garotas. E foi a única que sorriu para mim, ali na mesa. Não disse nada. Só sorriu me olhando, e empurrou para perto de mim o copo de vodka que estava tomando.


- Não, obrigado.


Ela encolheu e os ombros virou o que sobrou daquele copo. Acho que ficou com vergonha por eu não ter aceitado. Ou por não saber o que dizer.


- Não vai se apresentar pra elas? - ele sussurrou tentando fazer com o gesto não soasse afetivo demais.


- Sou Matthew. - eu demorei para me soltar. Sempre demoro.


Greg foi dançar com a prima e a loira e eu fiquei na mesa conversando com Luna.


Ela era interessante e estava na mesma universidade que nós, assim como Diane. Só Chloe ainda terminava a escola. E estava ali de maneira ilegal já que ela só tinha dezessete. Luna me interessou. Porque era mais velha, e tinha uma mente criativa e inquieta. Chloe me soou infantil, inconsequente e sem graça. Sei que ela ficaria chateada se soubesse disso.


Só trocamos palavras antes de ir embora:


- Já vai? - perguntou ela se apoiando na mesa.


- Vou sim. Já tá tarde.


- Hora de criança ir pra cama, hein Chloe. Seu pai depois vai nos matar. - Luna comentou, pegando as coisas dela.


- Ah não, ainda é cedo... eu queria dançar mais. - reclamou.


- Quer ir comigo ou ter que carregar seu primo bêbado para casa, mais tarde? - nisso Luna já tinha se levantado e colocado um casaco no ombro da morena, que olhou para trás vendo Gregory com a quinta garota da noite. Ela suspirou e pegou sua bolsa.


Saímos juntos, Luna puxando uns assuntos até chegarmos ao estacionamento onde ambas me beijaram a bochecha em despedida.


Às vezes eu me sinto culpado por não ter visto tudo que Chloe era naquele primeiro momento. Às vezes, acho que desde ali ela já planejava ser misteriosa e intrigante para me ter mais tarde da maneira mais profunda que alguém. Às vezes, acho que ela também não me notou e me achou sem graça. Nunca vou saber a resposta.

O que aconteceu dali em diante, sem a presença dela, pouco importa para essa história. Só voltei a encontrar minha garota duas semanas depois, quando minhas aulas já haviam voltado. Assim como toda aquela chatice da vida comum. Estudar, trabalhar, negar alguns convites para baladas, ir para o bar, depois voltar para casa. E foi voltando para casa que eu a encontrei novamente.




Postar um comentário

Latest Instagrams

© Solidarizou. Design by Fearne.